Os senadores tomaram seus assentos ao ver o rei entrar com sua comitiva. Como já havia se tornado costume, os presentes fizeram um minuto de silêncio em respeito às vítimas. Um número que crescia a cada reunião e tirava cada vez mais o ânimo dos membros do poder de Ravena.
Markus ouviu, com tristeza, os senadores relatarem as notícias de suas províncias. Ultimamente as notícias quase sempre eram as mesmas: pessoas mortas, residências destruídas, comércios sendo fechados, toques de recolher e o medo tomando o coração de todos. Ele já não sabia mais o que era se sentir entediado com as sessões do senado; agora só sabia sentir tristeza, impotência e desolação. Era como se ficasse sentado ali sem poder fazer nada enquanto o mundo desabava ao seu redor.
— Majestade, o grupo de investigação mandado retornou sem respostas. A pista era fria.
Markus olhou para o senador da bancada de Bloodmonger, da província dos vampiros, que era quem fazia o relatório. O vampiro parecia extremamente abatido, como se fizesse meses que não bebesse seu líquido precioso. O rei sabia que aqueles homens rejeitariam sua ideia, assim como rejeitaram várias outras. Ele tentava entender que estavam em um momento difícil e não era hora de improvisações. Só precisava fazê-los enxergar a possibilidade que tinham em mãos.
— Obrigado, senador — disse o rei, com um suspiro. — Senadores, precisamos de uma equipe de resposta, que seja eficiente.
Um burburinho se espalhou entre os senadores.
— Majestade, nenhuma das nossas equipes de resposta teve um retorno efetivo. Só nos deparamos com pistas frias e informações vagas — retorquiu um senador da bancada de Moonwatcher, a província das montanhas.
— Entendo, mas se tentássemos uma composição diferente?
— Composição diferente? — Bufou outro senador, este da província de Whitehart, as florestas do Sul. — Majestade, já fizemos diversas combinações e, pelas ninfas, algumas foram tão desastrosas que ainda abalam meu sono.
Burburinhos de concordância seguiram-se a fala dele.
— Bem, eu estava pensando em mandar pessoas mais descartáveis, como prisioneiros — começou Markus.
— Duvido que qualquer prisioneiro de Lantheon colaborará conosco. Ainda mais que foram nós que os colocamos lá — retrucou outro senador, de Woodenstake, as florestas do Norte.
Lantheon era a prisão de segurança baixa.
— O rei estava pensando em alguém de Silver Coast — disse Jeras, recebendo um olhar inexpressivo do rei.
O silêncio sepulcral caiu sobre o recinto.
— Que... Prisioneiro? — Perguntou o relator da sessão, um senador que também representava Whitehart.
— A quimera — respondeu Jeras.
O burburinho voltou com toda força, dessa vez se tornando vozes enfáticas e raivosas.
— Nunca! — Gritavam uns.
— Aberração! — Xingavam outros.
— Impossível! — Lamentavam-se outros ainda.
Markus suspirou pesadamente vendo aquela cena patética. Os homens que deviam cuidar da nação e zelar pelas criaturas estavam dando chiliques de mulherzinha. Jeras observava a cena com certo prazer, pois ele não queria a quimera livre outra vez. Ele ainda não era Ministro da Segurança e da Guerra na época de sua prisão, mas ouviu as histórias.
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As Crônicas de Ravena - A Ascensão da Quimera
FantasyRavena e as Províncias Mágicas enfrenta um inimigo aparentemente invencível: Rogath, um híbrido determinado a assumir o trono e garantir a supremacia de sua espécie. O rei, Markus, sente que está fracassando na tarefa de proteger seus súditos e conv...