Capítulo XVIII

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— O placar está três para Allyria, dois para Tevior, Atalya e eu empatados com cinco cada — disse Arthan, apagando um pequeno foco de incêndio com o sapato. — A situação está feia para você, cara.

Tevior, em sua forma lupina, bufou e cavou o chão, contrariado.

— Não fique chateado, Tev, você está usando força bruta contra magia — Allyria coçou o topo da cabeça do lobo, que respondeu com um ganido baixo.

— Precisa aprender a prever os ataques e desviar deles, Tevior. Senão você vai apanhar fácil — comentei, girando Bellator no pulso.

Ele bufou e me deu as costas, seguindo Allyria até o assento improvisado dela. Revirei os olhos.

Estávamos na beira de um lago, não muito distante do vilarejo. Estávamos treinando entre nós, tentando melhorar a fim de ter alguma chance contra Rogath. Às vezes Kelenius ou outro habitante aparecia para dar uma olhada, mas não ficavam muito tempo.

— Pronta? — Perguntou Arthan, esfregando as mãos.

— Vamos lá — murmurei, me pondo em guarda.

Arthan deu um passo à frente, a expressão determinada.

Limbo — disse ele, alto e claro.

— O que? — Grasnei.

Pisquei e Arthan surgiu atrás de mim, emergindo do limbo. Desviei para o lado, mas ele conseguiu fechar os dedos no meu braço. O rapaz, então, murmurou algo e eu senti meu braço perder a sensibilidade. Bellator caiu com um baque surdo no chão. Institivamente, minha outra mão se moveu em garra na direção do príncipe e ele foi lançado no ar a metros de distância. Meu braço dormente pendeu do lado meu corpo, provocando uma sensação engraçada.

Arthan se ergueu, um pouco cambaleante, esticou os braços a frente do corpo, as palmas das mãos viradas para mim. Lentamente ele foi afastando as mãos e uma espada foi surgindo. Quando ele terminou de conjurar, uma espada idêntica a Bellator se equilibrava em seu punho.

— Invejoso — grunhi e ele riu.

Girei a espada no meu punho e ela se tornou uma lança, a ponta formada por uma lâmina roxa, a mesma cor das minhas runas. Arthan ergueu a sobrancelha, mas continuou brandindo a cópia de Bellator.

Avancei em direção a ele. A lâmina da espada retiniu na minha direção, mas o movimento foi interrompido quando meu adversário viu a lança avançando sem obstáculos até a região abaixo da sua costela. Ele bloqueou o golpe. Girei a arma na mão e me abaixei. Levei meu braço, com a lança esticada horizontalmente, até a parte de trás do joelho do príncipe e a puxei para mim, derrubando-o.

Esperei calmamente que ele se levantasse. Senti um leve incômodo quando consegui mexer os dedos do braço insensível.

Arthan pôs-se de pé, bateu a sujeira da roupa e ficou em posição. Dessa vez eu ataquei primeiro. Meu pé bateu no chão com força e pequenos blocos de terra se ergueram abaixo dos pés do príncipe, desequilibrando-o. Girei meu corpo trezentos e sessenta graus, fazendo um movimento fluido com os braços. Uma coluna de água ergueu-se do lago e avançou feroz em direção ao príncipe. No entanto, Arthan foi mais rápido e assoprou através de um círculo feito com o dedo indicador e o polegar, fazendo a coluna de água se dissipar em névoa.

— Nada mal — elogiei.

Ele sorriu e esfregou as mãos. A corrente elétrica emanou do seu corpo para o chão e subiu pelas minhas pernas, travando meus músculos. Caí molemente, sentindo minhas pernas adormecerem.

— Ganhei — anunciou Arthan, presunçosamente.

Revirei os olhos, esticando minhas pernas para massageá-las. Allyria bateu palminhas e dei pulinhos, excitada. Tevior tinha um meio sorriso no rosto.

As Crônicas de Ravena - A Ascensão da QuimeraOnde histórias criam vida. Descubra agora