Capítulo Dez

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A salvação

Na vitrola tocava um disco de Elvis Presley, enquanto Lili estava totalmente concentrada na sua leitura. Um feito do qual sua mãe admirava na filha, ler e ouvir música ao mesmo tempo.Ela aproveitava que estava sozinha em casa, e não tinha ninguém para lhe atrapalhar. Sua mãe tinha ido a casa de sua comadre, Vitória a piscina do clube com suas amigas e seu pai foi jogar futebol com os rapazes da oficina na cidade vizinha. Aquele era o domingo perfeito para não se fazer nada, a não ser embarcar na fantasia do livro que lia. Pelo menos ali, Lili podia ter alguma aventura, viver uma grande paixão ,e tudo era bem diferente da sua vida pacata e sem graça.

Lili estava tão interessada no desfecho daquele capítulo, que praguejou mentalmente a pessoa que batia na porta da entrada com tanta violência. E esperava que não fosse nenhum vendedor de alguma cura milagrosa, ou ela ó faria engolir o próprio remédio. Abriu a porta pronta para despachar o infeliz, quando se deparou com Afonso, que entrou como um raio  em sua casa sem ao menos ser convidado.  E Lili viu seu humor ir embora naquele momento, tudo que ela menos esperava era vê-lo.

_ Lili preciso muito falar com seu pai! _ Afonso diz andando de um lado pro outro.E Lili percebeu que ele estava agindo um tanto estranho.

_ Meu pai está jogando futebol com os rapazes da oficina, ....como ele faz todos os domingos. _ Ela responde sem entender nada, já que Afonso sabia disso. Pois ele também participava do time,oque fez Lili questionar oque estava acontecendo com  Afonso, para estar agindo daquela maneira.

_ Eu me esqueci completamente que senhor Ernesto não estava em casa!....oque irei fazer agora! _Afonso comenta passando as mãos pelos seus cabelos um tanto transtornado.
Lili conhecia muito bem Afonso, e nunca tinha lhe visto assim tão desesperado como agora, e desconfiava que algo de muito grave havia acontecido.

_ O que está acontecendo Afonso?...eu nunca te vi assim antes? _ Lili questiona parando bem em frente do rapaz e o encarando.

_ Meu pai! ....ele está muito mal, e pode. ..morrer! _ Afonso diz num fio de voz, e num impulso desesperado abraça Lili como se ela fosse sua salvação.

Lili esqueceu toda mágoa que sentia por Afonso, retribui ó abraço e ficou em silêncio apenas afagando as costas do rapaz. Vê-lo assim fez o seu coração ficar apertado, queria muito poder fazer alguma coisa para amenizar sua dor. Afonso chorou toda a angústia que estava guardando dês do momento que viu seu pai desacordado. Tinha feito de tudo para não se desesperar na frente de sua irmã,mas não conseguiu se manter forte diante daquela situação.

_ Me desculpe Lili! _ Ele diz se desvencilhando dos braços da moça, e enxugando o rosto com a mangas do paletó.

_ Está tudo bem Afonso! ...agora me conte tudo que aconteceu, ...quem sabe eu não possa te ajudar de alguma maneira! . Afonso sabia que Lili provavelmente não poderia socorre-lo naquele momento, mas precisava conversar com alguém ou iria enlouquecer.
Relatou toda aquela noite fatídica que tinha passado para Lili. A garota ficou em silencio apenas escutando cada detalhe, sem conseguir imaginar oque faria sê estivesse no lugar de Afonso e Alice.

_ Por isso vim procurar senhor Ernesto....,se eu não pagar o hospital, eles não realizarão a cirurgia e cada minuto que passa, meu pai corre ainda mais risco !_ Afonso afirma com um olhar vazio, do qual Lili nunca tinha visto antes.
A garota admirava ainda mais Afonso, apesar de tudo que seu pai fez, ele ó amava muito e queira seu bem.

_ Espere um minuto Afonso!....tenho que pegar algo, já estarei de volta! _ Ela diz de repente se levantando do sofá é saindo em direção ao corredor, deixando Afonso confuso.

Lili estava decidida a fazer o que estava em mente, ela faria tudo que estivesse ao seu alcance para tirar aquele olhar triste do rosto de Afonso.Pegou uma pequena caixa que escondia entre suas roupas, lá ela guardava quase todo o dinheiro que ganhava trabalhando na oficina.Sonhava algum dia viajar para europa e ver a neve, um desejo que tinha dês de menina. Mas, agora ajudar Afonso era algo muito mais importante, algo que seu coração dizia para fazer.

_ Toma, ...não é muito ,mas irá ajudar você pagar boa parte dos gastos do hospital! _ Ela entrega à pequena caixa nas mãos do rapaz, que a segura sem entender nada.
Afonso abre a caixa, e quase não acredita na quantidade de dinheiro que tem lá dentro. Olha assustado para Lili esperando um explicação da garota.

_ Não se preocupe! ....eu não roubei meu pai! ....são minhas economias, venho guardando meu salário da oficina à bastante tempo! _ Lili dá de ombros.

_ Eu não posso aceitar seu dinheiro!

_ Pode, e deve!...seu pai precisa ser operado, e meu pai só voltará tarde. E provavelmente só conseguiria lhe emprestar o dinheiro amanhã,já que suas economias está depositado no banco!.

_ Você tem razão!....eu ficarei com o dinheiro, mas será como um empréstimo. Lhe pagarei cada centavo Lili! _ Afonso promete, não acreditando que aquela piralha estava fazendo aquilo por ele.

_ Tudo bem, ...se isso te deixa mas seguro! ._ Lili segura a mão de Afonso tentando lhe passar confiança.
O rapaz abraço mais uma vez garota a sua frente, ele sempre teve uma grande estima por Lili. Agora não sabia como agradece-lá, quando poderia imaginar que aquela piralha tagarela seria sua salvação.

_ Obrigado!...você foi minha salvação! _ Afonso diz ainda com o rosto bem próximo do de Lili. A garota apenas assenti, feliz por ter ajudado e tirado um pouco aquele ar de desespero do rosto de Afonso.

_ Preciso ir...,mas mandarei notícias! _ Afonso se levanta, mas antes de deixar à sala deposita um beijo demorado no rosto de Lili, e depois saiu ainda á encarando com aqueles olhos azulados.

Lili fica parada no mesmo lugar, tentando voltar em si ainda sentindo o calor dos lábios de Afonso em seu rosto. Sabia que aquele beijo era apenas de gratidão, mas mesmo assim seu coração disparava em seu peito. Aquele sentimento era mais forte do que tudo, algo que Lili não podia controlar, algo que fazia parte dela.

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