Capítulo Dois

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Uma vida difícil!

Fazia horas que Afonso percorria a cidade, já estava cansado daquilo. Havia trabalhado até tarde na oficina e tudo que ele queria era poder dormir. Mas, assim que abriu a porta de casa, se deparou com sua irmã em lágrimas. E já sabia o que tinha acontecido, seu pai tinha saído para mais uma de suas bebedeiras. Isso sempre acontecia, dês que sua mãe foi embora fugindo com outro homem.

Seu pai nunca se conformou, bebia feito um louco e depois chegava em casa e acabava descontando sua raiva nos filhos. E sempre quem apanhava era Afonso, que escondia a irmã debaixo da cama e apanhava em silêncio. Cansado de  passar por necessidades, resolveu arrumar um emprego. Já que seu pai havia sido mandado embora do seu serviço na ferrovia por causa da sua bebedeira. Graças a bondade de senhor Ernesto,conseguiu o serviço como ajudante na oficina. E agora depois de muito esforço era o gerente do lugar, e mandava nos outros funcionários quando senhor Ernesto não estava. Nunca mais apanhou do pai, pois o mesmo não se atrevia já que Afonso tinha crescido e era mais forte agora. Com seu emprego pode dar uma vida melhor a sua irmã Alice, que agora estudava para ser professora.

Seu pai continuava desempregado, já que ninguém queria um bêbedo como empregado. E com isso sempre acabava roubando o dinheiro que Afonso dava pra sua irmã para as despesas da casa. Afonso não odiava o pai apesar de tudo. Tinha pena dele, e queria arrumar um jeito de tirar seu pai do vício da bebida, e vê-lo ser aquele homem que  era antes, do qual  ele tanto se orgulhava.

_ Droga pai! ....não acredito que o senhor fez isso novamente! _ Afonso pragueja ao ver o pai caído no meio da calçada.

_ Me solta. ..seu filho de uma mãe! _ Seu pai esbraveja tentando se livrar do filho. Afonso não se incomodou com isso, já estava acostumado a ouvir as ofensas do pai.

_ Você é. ..igual àquela desgraçada... da sua mãe! _ Seu pai choraminga no barco de trás do carro,fazendo Afonso odiar ainda mais sua mãe.
Respirou fundo, e foi pra casa. O dia começava a amanhecer e logo teria que sair pra seu serviço, e não tinha dormido ainda . Com certeza hoje seria um daqueles dias .

******

Afonso entrava apressado oficina à dentro. Acabou dormindo demais e perdendo a hora, tudo graças à seu pai.

_ É por isso que eu quero ser gerente algum dia! ....e ter o privilégio de chegar no trabalho com o sol à pique! _ Beto um dos mecânicos diz, apenas para provocar Afonso.

_ Por que você não cala essa boca Beto, ou quer que  eu faça isso com meus músculos! _ Afonso revida passando um gravata no rapaz magricela. Já que os dois eram grandes amigos, e sempre estavam juntos em muitas noitadas,então era comum a brincadeira entre os dois. 

_ Hei ! ,as duas mocinhas podem parar com isso! ...temos muito trabalho pra fazer! _ Senhor Ernesto diz saindo debaixo de um carro, e acabando com a farra na sua oficina.

Mas, na verdade ele adorava aquele clima alegre que havia entre seus funcionários. Trabalhar com aqueles jovens era realmente agradável. Mas, ele tinha que manter a ordem, já que Lili também trabalhava ali o ajudando a administrar a oficina e cuidando da parte financeira. Sem ela a oficina já teria ido a falência.

_ Desculpa pelo atraso senhor Ernesto! _ Afonso diz mantendo seu olhar baixo.

_ Foi por causa do seu pai,outra vez? _ Senhor Ernesto pergunta já sabendo a resposta.

Afonso apenas assenti se sentindo envergonhado. Mesmo que senhor Ernesto soubesse toda à verdade sobre sua vida, ele ainda se sentia constrangido assim como no dia que senhor Ernesto descobriu tudo.
Ele mais uma vez havia apanhado do pai, e as marcas eram bem visível. Fazia apenas dois meses que estava trabalhando na oficina,e lembra que chorou como uma criança quando senhor Ernesto lhe obrigou a dizer a verdade. 

Teve o apoio do velho mecânico, que foi até sua casa e ameaçou seu pai dizendo que se ele voltasse a bater  no filho, iria se ver com ele. Depois desse dia seu pai  nunca mais lhe tocou um só dedo. Era por isso que Afonso tinha muito apreço por senhor Ernesto. Ele era como um pai para ele, muito mais que o seu.

_ Está tudo bem Afonso....agora vá trabalhar. A peça do carro do senhor Mauro chegou, vou pedir para Lili pegar pra você! _ Senhor Ernesto dá uns tapinhas nas costas de Afonso e vai até seu escritório.

Afonso realmente era muito grato por tudo que senhor Ernesto e sua família fez por ele. Com toda certeza, as coisas seriam bem diferente se ele não os tivesse conhecido.

_ Meu paizinho, é difícil se concentrar no serviço tendo essa beldade dessas aqui dentro! _ Beto comenta enquanto auxilia Afonso no concerto do carro.

_ Beto, eu já te disse que Vitória nunca vai te dar bola!

_ Quem disse que estou falando de Vitória? ...e Lili que me interessa! A cada dia ela fica mais linda! E aqueles lábios carnudos! Eu daria minha coleção inteira de moedas, apenas para provar daquela boca!

_ Seu pervertido! ...Lili ainda é uma menina! _ Afonso afirma indignado diante daquele comentário.

Afonso não gostava nada de como os rapazes da oficina  olhavam para Lili. E sabia que ela não percebia isso, porque era apenas uma menina inocente sem malícia. Não concordava com essa idéia maluca de senhor Ernesto, de deixar a filha trabalhar no meio de um monte de marmanjos.

_ Menina! ?Afonso! ....vê se acorda! Liliane é uma mulher,ela deixou de ser menina a muita tempo!.

_ Dês de quando uma garota de treze anos é uma mulher? _ Afonso indaga convicto daquilo.

_ Treze! ? Você só pode estar sonhando! ...mas podemos tirar isso a limpo! Lili está vindo aí, então vou perguntar sua idade! _ Beto afirma, fazendo Afonso rir. Conhecendo bem Lili, Beto iria se arrepender de fazer essa pergunta.

_ Lili querida! ...eu tenho uma dúvida é queria que você esclarecesse? ...quantos anos você tem mesmo! _ Beto sorri, enquanto Lili ó  encara sem entender ó porque daquela pergunta.

_ Beto ,não sei se você sabe. ...mas, é realmente indelicado perguntar a idade de uma mulher! _ Lili diz, fazendo Afonso soltar uma risada, oque deixou Beto irritado.

_ Bem Lili ,eu não quis te ofender. ..mas, Afonso jura que você tem apenas treze anos! _ Beto encara Afonso se sentindo vingado.

Lili não acredita no que acabou de ouvir. Sabia que Afonso lhe tratava como uma criança, e até mesmo continuava a lhe chamar de piralha. Um apelido que ela detestava,mas achar que ela ainda tinha treze anos, era demais.
_ Eu tenho vinte anos! ...seu idiota babaca! _ Lili esbraveja, jogando com força a peça do carro que estava segurando na barriga de Afonso.

Fazendo o pobre rapaz perder o fôlego e gemer de dor.
Lili sai da oficina cuspindo fogo, enquanto Beto não se aguenta de tanto rir. E Afonso jura a si mesmo,que ainda vai se vingar daquele seu amigo da onça. Mas, seu maior problema agora, era tentar fazer Lili lhe perdoar. Isso sim seria uma tarefa difícil! .

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