5: ártemis-sem-sobrenome

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Com a cabeça encostada na janela do ônibus, eu observava a paisagem e misturava meus pensamentos. Quanto mais pensava na Ninja, mais vontade de participar eu sentia. Porém, ao mesmo tempo em que tinha curiosidade de saber como as coisas funcionavam na organização, também sentia certo receio. As máscaras, os capuzes, as abordagens... Tudo aquilo havia me assustado e me deixado com um pé atrás. O pior de tudo é que, mesmo me sentindo ameaçada, não conseguia deixar de querer a Ninja. É como se eu fosse atraída por ela, como se tivéssemos... Conexão?

Repassei esse dilema durante todo o caminho. Chegando ao dormitório, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho relaxante e deitar. Não comi nada, não mexi no celular, não liguei a TV. Apenas fiquei deitada com as luzes apagadas e olhando para o quarto escuro, até finalmente cair no sono.

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Acordei às três e meia da manhã com uma dor de cabeça infernal e me levantei para procurar minha caixa de remédios. Enquanto procurava no banheiro, comecei a escutar alguns barulhos e fiquei um pouco assustada.

- Eita caralho - sussurrei para mim mesma. - Será que tem alguém tentando invadir aqui?

Continuei procurando o remédio, mas escutei um barulho de algo caindo na cozinha e fiquei preocupada. Primeiro porque meu celular estava carregando no quarto; segundo porque eu estava sozinha em Seul e, enquanto minha colega de quarto não voltasse da viagem, ninguém notaria se eu fosse assassinada.

BAM! Mais um barulho na cozinha, seguido por um "porra" bem baixinho, com uma voz feminina.

Peguei a tesoura de aparar sobrancelha e apaguei a luz do banheiro, indo devagar até a cozinha. Um corpo estava agachado em frente à pia, secando o chão com um pano e recolhendo cacos de vidro.

- Yura? - indaguei, enquanto relaxava um pouco os músculos.

- Eu te acordei, né? - perguntou a garota, se virando devagar e rindo.

- Não, mas me assustou pra caralho - respondi, largando a tesoura no chão e correndo para abraçar minha colega de quarto. - Isso é hora de chegar de viagem?

- Não - respondeu, rindo novamente - Mas eu tive que voltar hoje, senão meu namorado ia me fazer ficar lá mais uma semana e eu não posso ficar perdendo aula desse jeito.

- É, isso é verdade. Mas enfim, me conta tudo amanhã porque agora eu preciso muito de um analgésico e de uma longa noite de sono.

- Não vai me ajudar a limpar essa bagunça? - ela me olhou com aquela falsa expressão de tristeza que normalmente faz quando quer pedir algo.

- Não, você que resolva suas coisas. Chega no meio da madrugada fazendo bagunça e ainda quer ajuda? - e voltei rindo para o banheiro, enquanto ela me xingava em cinco línguas diferentes.

Encontrei um analgésico e tomei quarenta gotas, com esperança de que a dor passasse logo e eu conseguisse dormir por muito tempo.

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Acordei assustada, com Yura gritando no meu ouvido que eu deveria acordar porque já era meio dia. Por conta do susto, levantei apressada, caindo da cama e ficando um pouco tonta.

- Eu disse pra você acordar, não pra destruir o quarto, muito menos se machucar - disse ela, em tom humorado.

- E eu quero que você vá tomar no seu cu! - gritei, enquanto me levantava do chão, puxando as cobertas que caíram comigo. - Quantas vezes eu tenho que falar pra você não me acordar? Porra, Yura, o mundo pode estar acabando, mas me deixa dormir.

Ascensão e queda da NinjaOnde histórias criam vida. Descubra agora