15: a noite tá estrelada

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– Você tem que sugar um pouco. – expliquei. – Se você não puxar um pouco do ar, não vai fazer o cigarro acender.

– Ártemis, se eu sugar muito, vou engasgar. – Taehyung teimou pela terceira vez.

– Por isso que eu disse que é só um pouco. Suga de leve, Taehyung, não precisa ficar afobado. Vou te mostrar, pela quarta vez, e você vai fazer igual a mim. Certo?

– Talvez...

Bufei, claramente perdendo a paciência e peguei outro cigarro. Coloquei o cigarro na boca e peguei o isqueiro, acendendo a ponta e puxando o ar, fazendo com que ele fosse aceso. Soltei a fumaça para o alto e coloquei o isqueiro na ponta do cigarro de Taehyung.

– Agora puxa o ar. – ordenei. – Só que devagar, nada de euforia.

Ele finalmente puxou o ar, acendendo o cigarro. Bati palmas em comemoração e dei um tapinha em seu ombro.

– Agora solta a fumaça. – ensinei, mas ele soltou a fumaça em minha direção. – Era pra soltar a fumaça para o alto, não na minha cara, palhaço!

– Nem acredito que fumei meu primeiro cigarro! – Taehyung exclamou, rindo. – Obrigada pela paciência, Ártemis.

– Quem disse que você fumou? Você deu uma tragada de leve, mas o cigarro ainda tá inteiro. Mas se não quiser terminar, não tem problema.

– Não, tá tudo bem. Mas provavelmente vou demorar a noite toda pra terminar.

Avistei uma praça e segurei a mão de Taehyung, correndo em direção às poucas árvores e o arrastando comigo. Deitei no banco embaixo da árvore, mas logo senti as mãos de Taehyung levantando meu tronco para que ele pudesse se sentar.

– Se quiser, pode deitar. – ele apontou para as próprias pernas.

Deitei em suas pernas e ficamos um tempo em silêncio, apenas ouvindo o barulho do vento balançando as folhas e da fumaça que soltávamos esporadicamente.

Levantei das pernas de Taehyung e tirei minha blusa de moletom, observando ao redor e percebendo que estava tudo vazio. Olhei no celular e vi que já eram duas e meia da manhã.

– A noite tá estrelada. – Taehyung quebrou o silêncio.

Olhei para o céu, procurando alguma estrela, mas só pude encontrar nuvens.

– Não, não tá.

– Eu fiz uma piada com a sua camiseta. – ele respondeu, rindo alto e apontando na direção do meu busto.

Olhei para minha própria camiseta e, só então, entendi a piada. Ela tinha a pintura "A Noite Estrelada", de Van Gogh. Caí na gargalhada automaticamente.

– Que piada de tio! – confessei. – Caralho, Taehyung, que piada de velho!

– Eu aprendi com meu irmão. – ele respondeu, ainda rindo.

– Agora, falando sério, acho que vai chover. – avisei. – O céu tá muito nublado e eu vi uns lampejos, sem contar que esse vento forte é vento de chuva. Acho melhor irmos embora.

– Quer dar uma passada na Ninja? – ele perguntou. – A sede fica aqui perto e eu preciso checar uma coisa com o Mestre.

– Ok. – concordei. – Mas acho melhor nós irmos logo, antes que essa chuva despenque.

Como se para me irritar, um trovão anunciou o início da chuva, que caiu de repente, com pingos grossos e pesados.

Taehyung segurou minha mão e me puxou, fazendo com que nós dois corrêssemos na chuva. Nossos gritos e gargalhadas eram abafados pelo som da tempestade, que batia com força em nossos corpos.

Ascensão e queda da NinjaOnde histórias criam vida. Descubra agora