13: decidiu se vai ficar?

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Entrei no dormitório e fui recebida por Yura aos prantos. Ela se jogou em cima de mim, me dando um abraço apertado e derramando suas lágrimas no meu ombro.

- Hey, o que foi? - perguntei.

- Como assim "o que foi"? - ela soltou o abraço e me empurrou de leve. - Você desapareceu, Ártemis! Você disse que ia ao hospital e eu acreditei em você, mas você sumiu do mapa. Não consegui nem ligar pra você porque seu celular tava fora de área. Você tem noção de quão preocupada eu fiquei?

- Desculpa. - foi tudo que consegui dizer.

- Você mentiu pra mim? Sobre estar doente, quero dizer.

Andei em direção ao meu quarto, tentando desviar de sua pergunta, mas Yura me seguiu e ficou encostada no batente da porta, impedindo-me de fechá-la.

- Responde. - esbravejou.

Fiz uma varredura em meu cérebro, tentando usar alguma mentira que ainda não tivesse usado e, rapidamente, lembrei de algo que poderia ser útil.

- Você lembra que eu te contei de um garoto do Tinder? - comecei, mas não obtive resposta. - Acho que não contei. Enfim, quando você estava em Gwacheon, eu saí com ele. Ontem ele me chamou pra sair de novo e eu fui.

- E você precisava mentir pra mim? Precisava inventar que estava doente?

- Não... Yura, me desculpa, mas eu não queria que você pensasse que eu sou uma safada. Eu sei que, mesmo tendo sido criada nos EUA, você ainda é coreana e sei que vocês encaram isso... Como posso chamar? Relacionamentos? Enfim, vocês encaram isso de forma diferente. Não queria que você pensasse coisas ruins sobre mim.

Um longo silêncio se instalou no quarto e o olhar de Yura era pura tristeza. Não consegui sustentar seu olhar e encarei o chão, mordendo o interior do lábio inferior até sangrar. A vontade de chorar estava quase batendo na minha porta, quando Yura me abraçou apertado, enquanto eu enfiava meu rosto em seu cabelo.

- Eu jamais pensaria coisas ruins de você, bobinha. - ela disse, agora me encarando. - Eu nem ligo pra essas coisas, pra falar a verdade. Só não queria que você tivesse mentido pra mim. Não tem motivo pra isso, você sabe.

- Certo. Então você me desculpa?

- Lógico que sim, palhaça.

Suspirei e sorri, a abraçando imediatamente.

- Certo. - retomei. - Quer que eu te pague um café como recompensa?

- Não precisa. - Yura riu e soltou o abraço. - Na verdade, tenho que voltar pra faculdade. Minhas aulas da manhã foram suspensas, mas as da tarde ainda estão acontecendo.

- Eu deveria fazer o mesmo. - ri e me joguei na cama, demonstrando que não faria o que deveria. - Será que alguém vai notar se eu faltar dois dias seguidos?

- Provavelmente não porque você é invisível como ninjas.

Enquanto Yura ria da piadinha, eu fiquei séria por alguns segundos mas, antes que ela percebesse, dei um sorrisinho, tentando disfarçar. Qualquer comentário que me lembrasse a Ninja, principalmente os que vinham de pessoas que não faziam parte da organização, me deixavam um pouco tensa.

- Que delícia é ser invisível. - falei, tentando ao máximo expressar bom humor. - Amanhã eu vou pra aula, prometo, mas hoje tô muito cansada.

- Nossa, ele te comeu tão bem assim? - Yura perguntou e, automaticamente, se jogou ao meu lado, esperando que eu contasse os detalhes. - Me mostra foto dele, pelo amor. Qual o nome dele? Ele tem quantos anos?

Ascensão e queda da NinjaOnde histórias criam vida. Descubra agora