Ascensão e queda da Ninja

27: hoje é o dia do acerto de contas

Era uma da manhã, na madrugada entre sábado e domingo, e eu estava me arrumando para sair. Enquanto procurava um casaco quente, a campainha tocou. Olhei na tela e era Jungkook com mais duas pessoas, mas não pude distinguir porque estavam de costas.

– Oi – falei, abrindo a porta.

As outras duas pessoas se viraram e pude ver que eram Taehyung e Elástico.

– Não me chama de Elástico – ele disse enquanto me abraçava. – Pelo amor de Deus, me chama pelo meu nome, já que você já sabe.

Dei uma risada leve e dei passagem para que todos pudessem entrar. Coloquei água na chaleira para esquentar e deixei que todos se ajeitassem na sala.

– Vocês podem ficar de olho na chaleira? – perguntei. – Eu tô tentando achar um casaco há uns dez minutos.

– Pode deixar – tranquilizou Jungkook.

Voltei para o quarto e, para minha surpresa, Taehyung veio atrás de mim. Ele não disse nada. Eu também preferia o silêncio, mas quando ele começou a fuçar nas minhas roupas eu realmente fiquei incomodada.

– O que você tá fazendo? – perguntei com rispidez.

– Você queria achar um casaco – ele respondeu, jogando um casaco preto em minha direção. – Já achei.

– Taehyung... Você sabe que não podemos continuar com isso, né?

– Continuar com o que, Ártemis? Eu sei que fiz cagada repetidas vezes, mas será que não tem como me perdoar? Quer dizer, eu amo você e sei que você me ama... O amor não deveria perdoar?

– Eu já te perdoei tantas vezes, você sabe que não posso continuar te perdoando.

Ele deu um passo para frente, tentando se aproximar, mas eu dei um passo para trás e ele entendeu o recado.

– Então quer dizer que nós nunca vamos voltar? – ele perguntou, piscando repetidamente, como se fosse um preparo para as lágrimas.

– Não... Eu não sei... Olha, não adianta você querer exigir algo de mim agora porque eu não confio mais em você. Confiança é uma coisa dificílima de conseguir e você a quebrou repetidas vezes. O ideal seria que nós terminássemos de uma vez por todas.

– Uau, direta como sempre. – Dessa vez as lágrimas escorriam por seu rosto. Taehyung sentou na minha cama e soluçou algumas vezes. – Podemos pelo menos continuar sendo amigos?

– Talvez. Tudo vai depender das suas ações. Mas, de verdade, Taehyung, eu espero que você saiba que eu realmente te amo. Eu nunca menti pra você, sempre fui sincera. Nunca se esqueça que eu me entreguei pra você de corpo e alma, eu te amei muito. Ainda amo... Mas eu preciso me amar também. – Neste momento, lágrimas escorreram pelo meu rosto. – Não tem como eu me amar se continuar te colocando como prioridade todas as vezes, se continuar confiando em você todas as vezes, mesmo sabendo que você não é digno dessa confiança... Enfim, já falei demais, acho melhor acabarmos com isso mesmo.

– Então você tá mesmo terminando comigo?

Antes que eu pudesse responder, Jungkook bateu na porta e entrou no quarto, me entregando uma xícara de chá de hortelã. Eu sorri como agradecimento e saí. Sentei no sofá ao lado de Jimin e ele passou seu braço ao redor dos meus ombros.

– Precisa de um abraço? – ele perguntou com voz tranquilizadora.

Concordei com a cabeça e ele me deu um abraço apertado, afagou meu cabelo, respirou fundo e sussurrou em meu ouvido:

– Vai ficar tudo bem. Você fez certo, sabia? Você precisa ser sua prioridade, nunca outra pessoa. Isso que você acabou de fazer é motivo de orgulho.