22: essa missão do caralho

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Era dia 23 de dezembro, um dia antes de nossa missão. Quase tudo estava preparado, mas uma coisa ainda estava pendente: eu e Taehyung ainda não estávamos nos falando.

Às cinco da manhã, bati à porta de Taehyung. Ele abriu-a com lentidão e seus olhos estavam muito apertados, quase fechados.

– Precisamos conversar – anunciei enquanto entrava em seu apartamento e fechava a porta atrás de mim.

Taehyung ainda estava um pouco lento, era bem provável que eu o tivesse acordado. Ele ficou um tempo parado, me encarando com os olhos quase fechados, até que de repente arregalou os olhos e travou o maxilar. Como se tivesse acabado de se lembrar, ele virou as costas para mim e entrou no quarto. Eu o segui.

– Eu quero pedir desculpas – falei, a voz baixa. – Eu não queria que você se sentisse mal, só não estava preparada para um relacionamento. Taehyung, você vai me ouvir?

Ele sentou na beirada da cama e deu de ombros.

– Pode falar, Ártemis – sua voz estava mais rouca que o normal.

– Eu não tive experiências boas nos meus relacionamentos e fiquei com medo de estragar tudo com você, por isso não quis aceitar o título de namorada. – Fiz uma pausa e respirei fundo, para logo em seguida me sentar ao seu lado. – Eu gosto de você, Taehyung, gosto muito. Eu só não quero estragar tudo como sempre faço, então acabei entrando em pânico. Você também não me deu chance nenhuma de pensar, só saiu batendo o pé igual a uma criança mimada.

– Ah, agora eu sou uma criança mimada...

– Você entendeu o que eu quis dizer, Taehyung. A culpa do nosso afastamento não é só minha e você sabe.

Taehyung não disse nada, mas pude perceber que ele estava refletindo sobre o que eu disse. Seu olhar estava um pouco perdido e sua boca estava entreaberta, o que demonstrava que estava pensando.

Após alguns segundos desconfortáveis de silêncio, me levantei e fiquei encostada no batente da porta, observando Taehyung.

– Eu vou correr – avisei. – Quando já tiver pensado a respeito de tudo isso e quiser conversar, liga pra mim. Se quiser conversar antes das sete, estarei correndo na praça da rua de cima.

Saí do dormitório e segui meu caminho para a praça. Enquanto corria, pensava se havia feito a coisa certa ou se teria sido melhor deixar as coisas como estavam. Já estava correndo há quase duas horas quando, inesperadamente, Taehyung surgiu correndo ao meu lado.

– Já pensei – ele disse. – E eu te desculpo, mesmo você não tendo pedido desculpas. Mas espero que você possa me desculpar por ter agido como uma criança e não ter te dado chance de se explicar.

– Ok, também te desculpo – respondi, quase sem fôlego.

– Podemos tomar café juntos e conversar mais?

– Claro! – respondi, parando bruscamente.

Agachei para recuperar o fôlego. Alonguei minhas pernas e meus braços enquanto Taehyung ainda corria ao redor da praça. Parei no bebedouro e esperei até ele passar por mim para voltar a correr de seu lado.

– Preciso ir embora agora – falei ofegante. – Já me esforcei bastante hoje e ainda preciso terminar um trabalho da faculdade. Quer me encontrar às sete da noite no lugar de sempre?

– Quero – ele respondeu, começando a ofegar. – Te encontro lá.

– Te encontro lá! – falei enquanto me afastava para voltar para meu dormitório.

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– Eu nem consigo acreditar que consegui ficar todo esse tempo sem falar com você – Taehyung disse, rindo. – Quando eu pensava em mandar mensagem e pedir desculpas, sempre me segurava para não entrar em contato.

Ascensão e queda da NinjaOnde histórias criam vida. Descubra agora