Entrando ao estabelecimento, ela faz nossos milk-shakes e eu frito as batatas fritas. Montamos lanches enormes com tudo que encontramos lá dentro, inclusive batata frita, e durante isso ouvimos músicas e fazemos tudo dançando. Fico feliz por ter reencontrado a Kira, só ela para me fazer esquecer o que aconteceu a minutos atrás.
Depois de enchermos nossos estômagos de porcaria, mas uma porcaria boa, sentamos no chão um ao lado do outro e conversamos.
- Você não vai ser despedida por essa bagunça que fizemos? – pergunto, mordendo a ponta da batata frita.
- Não tem câmeras. – ela olha para o teto. – Mas é claro que eu vou ter que arrumar tudo isso depois.
- Eu te ajudo a arrumar. – ofereço.
- Não, não precisa. – ela balança a cabeça.
- Mas eu vou.
- Obrigada. – ela sorri.
- Você tem cara de certinha. – Digo.
- Ahmm... obrigada? – ela ri.
- Não, é sério. Tipo, por que você entraria em jogo como esse?
- É uma história complicada.
- Bom, eu gosto de histórias complicadas. – Encaro-a.
- Está bem. Nova York não foi a única vitima do Nerve. Eu era de Seattle, tudo estava bem até o Nerve chegar. Eu, meu namorado e nosso amigo entramos no jogo pensando que eram só desafios fáceis, mas com o passar do tempo os desafios estavam ficando cada vez mais radicais e perigosos. Meu amigo era muito teimoso e amava uma adrenalina. Ele foi desafiado a andar da ponta de um prédio, mas não era só isso, ele tinha que estar bebendo uma garrafa de whisky enquanto andava. Nós tentamos alertar ele do que ele estava prestes a fazer, mas ele não ouviu. Acompanhamos ele até o prédio e ficamos olhando-o completar o desafio, até que ele perdeu o equilíbrio e caiu de 25 andares. Eu presenciei aquilo e não pude fazer nada. – Sua voz sai cheia de emoção. – Declararam aquilo como um suicídio. Aquela cena me assombrou por muitos dias, me assombrou acordada, dormindo, o tempo todo. Eu não pude mais ficar calada. Eu ia até a delegacia e meu namorado tentou me impedir, mas eu terminei com ele e fui mesmo assim. Não acreditaram em mim. E eu fui sentenciada a jogar a final e se eu não ganhasse eu ia ser uma prisioneira até conseguir vencer e me libertar desse jogo de merda.
- Espera, prisioneira? – pergunto, confuso.
- Se você se torna um dedo duro, se torna um prisioneiro do jogo. Jogador, Observador e Prisioneiro. Então eu perdi, ainda sou uma prisioneira e se eu desistir os observadores vão atrás da minha família. Tive que deixa-los para vir para Nova York e continuar jogando. Minha família acha que eu os odeio, mas eu apenas estou protegendo-os.
Eu sabia que o Nerve era perigoso, mas eu não achava que seria tão perigoso assim. A ponto de matar uma pessoa.
- Oh, meu Deus. Eu... sinto muito, Kira.
- Tudo bem. Eu luto o tempo todo para conseguir subir no ranking e conseguir vencer a final, um dia talvez eu consiga voltar para a minha família.
- Você conseguirá. – Sorrio, passando confiança.
- Obrigado, Scott.
Ela se aproxima do meu rosto e segura o mesmo, me puxando de leve para mais perto dela. Nossos lábios se tocam e entreabrimos, dando início ao nosso beijo.
LYDIA MARTIN POV
Mais um plano concluído. A cara do Scott não querendo acreditar naquilo, apertando seus olhos para ver se era real e o rosto da Allison pálido como se estivesse morta a anos foram impagáveis. Sorrio de lado para o Isaac e ele sorri de volta, dando mais um gole do meu coquetel. O gosto fica ainda melhor quando se está comemorando uma vitória.
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Nerve • Scallison
Подростковая литератураBem-Vindo a Nerve, edição Nova York. Nerve é um jogo 24h. Igual a verdade ou desafio, só que sem a verdade. Observadores pagam para ver e jogadores ganham dinheiro e fama. Scott é um observador ou um jogador?