2. my name is Scott

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Chegando a loja de games, desço da minha bicicleta, abro a porta e entro. Esse lugar está lotado não só de games, mas de DVDs de filmes e séries em prateleiras. É incrível, o verdadeiro universo nerd.

- Hey, McCall! - Mason para de jogar com outro garoto, se levanta do sofá e me cumprimenta - Amor, esse é o Scott, ele é novo no meu colégio, nos conhecemos hoje fazendo dupla na aula de biologia.

- E aí, Scott. - o garoto também se levanta e me cumprimenta.

- Scott, esse é meu namorado, Corey.

- Oi, Corey. - sorrio e ele sorri de volta.

- Achei que tu não ia vir.

- Na verdade, Mason... Não me ache interesseiro, porque eu não sou.

- Claro que não. - ele ri.

- Eu preciso da sua ajuda.

- Eu ajudo com prazer, só me dizer o que tá rolando. - ele vai em direção ao balcão e eu o sigo.

- Preciso que você consiga uma entrada para o jogo Nerve.

- Nerve? Sério? Joga o jogo da garrafa que é melhor.

- Mason, eu preciso.

- Isso é por causa da garota que se esbarrou na entrada? Allison?

- Não!-É. Quero dizer, Talvez.

- Scott...

- Tá, sim. Por ela também. Vamos focar no dinheiro e na fama?

- Falando nela... - ele olha em direção a porta e eu sigo seu olhar, ouço o barulho do soninho da porta e vejo a Allison entrar junto com outra morena de cabelos curtos.

- E aí, Corey! - ela o cumprimenta e depois vem em nossa direção.

- Ei, Mason!

- Allison! Que bom te ver, novamente. - a garota de cabelos curtos fica atrás do balcão, ao lado de Mason. Provavelmente ela também trabalha com ele.

- Olha quem está aqui. Se não é o "o..a". - ela finalmente me nota. De novo com esse "o..a", eu mereço.

- Meu nome é Scott.

- Tanto faz.

- Algo de especial? - Mason pergunta.

- DVD da 7ª temporada de Game Of Thrones.

- Viciada. - ele ri.

- Só um pouco. - ela pisca.

- Segunda prateleira. - ele instruí e ela vai em direção a prateleira.

- Mas e você, "o..a". O que faz aqui? - ela me pergunta quando volta ao balcão, colocando o DVD encima do mesmo e me encarando mastigando seu chiclete.

- Eu tô só...

- Ele tá querendo entrar pro Nerve. - Mason me interrompe. Mason, seu boca aberta do caralho!

- Como observador?

- Como jogador. - ela engasga com seu chiclete (?)

- Você? Jogador? Essa eu quero ver. - ela ri da minha cara.

- Posso ser um ótimo jogador. - falo irritado.

- Oh, claro.

- Eu tentei convencê-lo de desistir mas ele não me ouve.

- Deixa ele Mason, quero ver ele amarelar.

- Se eu fosse você, desistiria. - a morena de cabelos curtos entra no meio da conversa.

- Eu vou me arriscar.

- Olha, o "o..a" não é tão bundão como eu imaginei que fosse. Gostei de ver. Passa o link pra ele, Mason.

- O-O que?

- Ele quer jogar, deixe-o jogar. - ela pega o DVD e sai da loja.

- Ela sempre foi assim? - pergunto quando ela sai.

- Como você ficaria se perdesse o pai que ama e ficasse só com uma mãe que só liga para trabalho e que pouco se importa para você? - Deus! Isso é terrível.

[...]

Voltando para casa com o sol se pondo. Passo ao lado de um prédio não tão grande e me deparo com a sombra de uma pessoa que estava encima do mesmo, reconheço o rosto da pessoa, era a Allison. O que ela está fazendo lá encima? Deve estar com problemas. Decido subir para ajudá-la. Mas como? Mmm... Pela escada de incêndio! Subo pela escada de incêndio até o topo e a vejo na beirada.

- Não! - grito, minha reação foi no automático.

- "o..a"? O que está fazendo aqui?

- Eu que pergunto, o que você está fazendo aqui? E o que pensa que está fazendo?

- Não te interessa, bundão. Suma daqui.

- Não, eu não vou sumir.

- Então assista. - ela ameaça a dar mais um passo.

- Eu sei o que está passando... Allison. - ela para e olha para trás.

- Eu sinto muito pelo seu pai. Eu sinto mesmo.

- O que? - ela me olha com um olhar furioso.

- Essa não é a melhor solução.

- Como soube?

- Eu te vi aqui encima.

- Não, idiota. Do meu pai! - ela sobe um pouco o tom da sua voz.

- Não importa, agora.

- Foi aquele idiota do Mason, não foi? Aquele boca aberta do caralho! - eu que o diga.

- Eu sinto muito.

- Sente? Você não faz ideia do que eu estou passando! Eu perdi meu pai a 6 meses, a única pessoa que me entendia e fazia os meus dias os melhores. Ele alegrava meus dias. Desde quando eu era pequena, sempre nos dávamos bem, até um desgraçado de um lobo selvagem atacar ele. Então, não venha dizer que sente muito ou que sabe pelo o que eu estou passando, porque você não sabe. - ela diz furiosamente vindo em minha direção, ficando cara a cara comigo.

- Meu pai foi embora quando eu era uma criança. Ele voltava sempre bêbado pra casa, brigava com minha mãe e eu acompanhava todas as brigas. Até que meu pai saiu de casa. Sem olhar para trás, sem pensar na esposa que estava passando por problemas financeiros, sem pensar no filho. Minha mãe teve que trabalhar muito e muita das vezes eu ficava com ela no hospital pois não tinha condições de pagar uma pessoa para cuidar de mim. Ver ela sofrendo e chegando cansada do trabalho todos os dias me doía tanto. Assim como ela, eu também sofri. Mas nós conseguimos passar por tudo isso, conseguimos sobreviver a isso porque somos fortes. Eu sei que você é forte. Se quiser conversar comigo, sobre qualquer coisa, pode contar comigo. Estarei sempre a sua disposição. - o seu olhar furioso se desmancha. Ela me encara com um olhar que eu não consigo identificar e descrever.

- E-Eu tenho que fazer isso. - ela caminha de costas até a beirada novamente e se joga antes que eu possa dizer alguma coisa. Oh, Deus! Ela fez.

Depois de alguns segundos de silêncio, ouço gritos de comemoração. Desentendido vou até a beirada e vejo pessoas com bebidas na mão envolta da Allison que estava encima de um... Lençol, talvez? Havia pessoas segurando aquele tecido. Provavelmente estavam segurando o tecido enorme esperando ela saltar para amortecer a queda. E mais uma vez, eu saio com cara de idiota.

Desço do prédio e passo um pouco distante deles, ouço a voz da Allison chamando e olho para trás.

- Ei! Espere. - ela corre em minha direção.

- Um desafio? - pergunto meio sem graça.

- Sim. Pensou que era outra coisa?

- Eu... Ah, deixa pra lá. - rio sem graça.

- Ei. Adorei o que disse lá encima. Obrigado. De verdade. - ela diz me encarando e sorrindo de lado.

- Não há de quê. - sorrio de lado.

- Nos vemos por aí, Scott. - ela vai andando em direção a seus amigos. Espere, um momento. Eu ouvi direito? Ela me chamou pelo meu nome?

Nerve • ScallisonOnde histórias criam vida. Descubra agora