Água sanitária.

56 10 0
                                    

Segunda-feira, ajudar na igreja, passar pano no chão.

Haviam trocado os pastores, pelo fato de meu pai ser Obreiro, e eu não ter ido na aula, ajudei meu pai a limpar a igreja pra quando os pastores chegarem "a igreja estar reluzente"

Minha prima Tamar estava junto, e quando ela aparecia, com toda certeza, isso seria uma bagunça organizada. Vassoura estava aqui, pano estava aqui, só faltava uma coisa.

Água sanitária. 

- Não posso acreditar que tu esqueceu o principal. Não é o Espírito Santo, mas é indispensável lembrar! - Quando ela começava com os dramas dela sobre o meu forte esquecimento das coisas, nem Deus poderia descer do céu e tocar no ombro dela e dizer "Filha, é só uma água sanitária!"

- Pelo amor do Bom Deus, Tamar, é só uma garrafa de água sanitária!

- Não é!

- É sim! Poxa é indispensável lembrar dela, Anna! Faz parte da limpeza!

Depois de muita discussão sobre eu esquecer de trazer a água sanitária desceu o novo Pastor com uma garrafa na mão.

Era a bendita água sanitária.

- Parem de gritar aqui na frente e peguem isso aqui! Parece as pessoas dando argumentos do por que a vida delas não muda!

Vou ser sincera, eu queria saber como é as pessoas dando argumentos do por que a vida delas não muda.

Depois de enfim terminar de limpar a igreja toda, eu fui pra casa arrumar algumas coisas por lá também.

Meu pai havia me pedido pra arrumar algumas caixas com as coisas da minha mãe. Eu entrei no quarto deles e vi aquela cama de casal bem arrumada, mas infelizmente não foi minha mãe que arrumou.

A saudade veio mais forte e eu chorei demais perto daquelas caixas.

Quando eu finalmente parei de chorar eu abri a primeira caixa. Eram nossas fotos de viagens junto com aquelas lembranças dos lugares. Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro. E algumas fotos minhas.

Eu era uma criança linda demais.

As outras caixas eram só coisas da minha mãe e do meu pai. Fotos deles de Obreiro, fotos de Batismos, fotos de Eventos, fotos e mais fotos. Eu abri o guarda roupa pra colocar algumas dessas caixas lá e eu vi o Uniforme da minha mãe. Obreira Júlia. Ela ficava linda naquele Uniforme.

Ouvi batidas na porta e logo pedi para que a pessoa entrasse. Era minha irmã, Ester.

- Mana, o que que você está fazendo? - Ester entrou e sentou ao meu lado apoiando a cabeça em meu braço.

- Estou apenas abrindo algumas coisas, fechando outras... essas coisas. - Olhei para minha irmã e sorri.

- Mana, no céu é legal? - Minha irmã me olhou com uma cara intrigada.

- Olha mana, eu nunca fui pra lá. Mas deve ser! - Eu a respondi com uma cara serena, passando tranquilidade para minha irmã.

- Ah... - Minha irmã virou a cabeça para o outro lado. - A tia falou que quando a gente tiver alguma pergunta a gente pergunta pra ela, vou perguntar pra ela! - Ester era uma criança esperta demais, eu ficava surpreendida com ela.

- Isso, mas antes eu vou te encher de cócegas! - Eu a joguei na cama e subi em cima dela fazendo cócegas até ela pedir pra que eu parasse.

Aliança Onde histórias criam vida. Descubra agora