Capítulo 1

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RACHEL

— Josh! — grito furiosamente.

Ando pelo corredor bufando até o quarto dele. Quando eu encontrá-lo irei dar uma boa surra nele.

— Josh, seu travesti dos infernos!

— Ele é gay, e não travesti. Por quê está gritando assim? — minha mãe pergunta.

— Onde ele está?

— No quintal com a Anne, ele usou seus produtos de novo? — ela pergunta.

— Usou sim. E ainda teve a cara de pau de deixar um recado dizendo: Sinto muito Rachel, seus cremes são melhores que os meus,usei só um pouco.

— Quanto ele usou?

— O pote todo — falo indo até o quintal.

Emcontro-o brincando com Anne. Ele me vê e põe minha filha na frente.

— A mamãe veio brincar conosco princesa — ele diz.

– Ela tá brava com você. Não brigue com ele mamãe, tio Josh é sensível — Anne diz.

— Por que sou sensível, Anne? — ele pergunta.

— Vovó disse que você é um homem sensível.

— Ele é mesmo — falo — Pode deixar a mamãe falar com o tio Josh um pouco?

Anne sai pulando e entra na casa. Movo meu olhar para Josh que tenta sair de fininho.

— Nem pensar — digo e o puxo pelo braço — Você me deve duzentos dólares pelo creme.

— Eu não tenho tanto dinheiro assim. Aquele creme vagabundo não valia nem trinta.

— Se era vagabundo porque usou o pote todo?

— Eu estava testando a mercadoria e não aprovei. Quando eu começar a trabalhar eu te pago — diz.

— É mais facíl um galinha nascer dentes do que você arranjar um emprego.

— Vai vendo. Mudando de assunto, o circo está na cidade.

— Hmm...

— Quer ir comigo hoje?

— Pode ser — falo — Se usar alguma coisa minha eu vou raspar seus cabelos.

— Estou morrendo de medo.

Mostro meu dedo e entro em casa.

Josh é como um irmão. Há dois meses atrás Josh resolveu assumir para minha tia, mãe dele, que era gay. O resultado foi desastroso, minha tia não aceitou que o único filho dela era gay e o expulsou da casa. Então ele veio morar conosco. Apesar de não mostrar o quanto ficou afetado pela rejeição, Josh é muito alegre. Nós discutimos muito por assuntos bobos, mas sempre resolvemos tudo.

Ajudo minha mãe a fazer o almoço. Esses últimos dois anos me fizeram bem, estar perto de Anne e minha mãe nos aproximou mais.

Com todas as divídas que meu pai fez pagas, um peso enorme saiu das minhas costas. Não receber mais ameças por atrasar os pagamentos, não ter que dançar e me submeter a dormir com homens nojentos, isso tudo ficou no passado.

Quando recebi a notícia que todas as divídas foram quitadas eu fiquei surpresa. Até pensei que foi Diana, mas eu sabia que tinha sido Yuri. Tive uma conversa com Diana e ela me disse ter comentado com Yuri. Hoje eu sou muito grata a ele.

Yuri foi uma parte da minha vida em Chicago que gostei muito. Nossas poucas noites juntos foram intensas e incríveis. Mas o destino não quis que ficassemos juntos. Eu agora sou feliz com a vida que tenho, e ele é com a vida dele.

Marcas do Passado #2 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora