Capítulo 8

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           YURI

  Joguei o copo contra a parede. Eu já estava cansando desses malditos. A Tríade estava pronta para atacar a qualquer momento. Ivan informou que também estavam recebendo ameaças. Mais um dos depósitos de munição foi roubado. Perdi quinze dos meus melhores homens.

  Passo as mãos no cabelo e suspiro forte. Eu precisava urgentemente de uma solução para aquele problema.

   Mas ainda tinha aquele maldito Alec. Ele não iria fazer nada de mal para Rachel e a família dela. O cara era esperto, sabe que estão atrás dele. Mas quando eu puser minhas mãos nele e o farei sofrer.

- Estão atacando o depósito de ecstasy - Ansel diz.

- Tríade?

- Eles mesmo. Cerca de quinze homens, fortemente armados.

- Mande dez homens para lá - ordeno - Prepare o carro. Vamos acabar com esses desgraçados.

§

   Entramos no depósito pela passagem subterrânea que fizemos há um mês atrás. Entrei com cinco e deixei os outros cinco do lado de fora, caso os malditos tentassem fugir. Preparei minha Glock e abri a portinha que nos levaria direto para dentro. Saímos todos e nos escondemos atrás de um  contêiner. Os malditos discutiam. Acenei para meus homens e mandamos balas neles. Os sons dos tiros me alimentavam, disparei contra eles até não restar uma bala no pente. Os quinze logo foram eliminados. Só um dos meus foi atingido na coxa.

- Algum sobrevivente? - pergunto.

- Nenhum-  Ben diz.

- Queime os corpos e limpe tudo. Quero segurança redobrada em todos os depósitos, boates. Alguma notícia sobre Alec?

- Nenhuma, o cretino ainda está sumido -  Ansel diz.

  Saio dali e vou diretamente para a boate. Preciso resolver algumas rixas que tem acontecido entre as mulheres.

§

  Depois que sai da boate fui para casa. Eu precisava ver minha ruiva e saber se ela estava bem. Eu me preocupava muito com ela, de um modo que não sei explicar. Trazê-la para cá foi minha melhor decisão. Esses últimos quatro dias estão sendo diferentes. A casa era silenciosa, Amber só vinha uma vez na semana , agora eu me acostumei com o som da risada de Anne, a presença de Rachel no outro lado da minha  cama. Rachel se fazia de forte, mas eu sabia que ela estava preocupada e temerosa. Estar com ela é Anne me deixava mais calmo.

   Anne estuda de manhã. Eu mesmo levo ela na escola que não é tão longe de casa.

   Entro na cozinha e vejo Amber fazendo bolo de chocolate, o favorito de Anne.

- Elas estão no quarto. Estão fazendo um concurso de maquiagem - Amber diz.

- Obrigado.

  Subo a escada e vou até o quarto de Anne. Encontro as duas passando maquiagem em frente ao espelho.

  Me encosto na porta e observo as duas. Anne tem o rosto repleto de blush e batom. Já Rachel tem os olhos em uma sombra azul escura.

- Tio Yuri, vem brincar com a gente -  Anne chama quando me vê na porta.

- Dispenso, não quero ficar parecendo um palhaço igual a sua mãe.

   Recebo um olhar fulminante da ruiva. Sorrio, coisa que estou fazendo muito ultimamente.

- Por favor, eu mesma passo em você -  a menina insiste.

  Não resisto ao seu olhar e acabo cedendo.

   Seis minutos depois me olho no espelho e dou uma risada alta. Anne e Rachel me acompanham.

  Minhas pálpebras estão com uma sombra rosa. Tem até algo que Rachel disse ser rímel. Minhas bochechas estão totalmente rosas e minha boca pintada de laranja. Meu cabelo até ganhou uma presilha de lacinho.

- Você está ridículo - Rachel diz.

- Agora falta o esmalte - Anne diz.

  Saio dali correndo. Entro no meu quarto e solto uma risada. Se Andrey me visse assim iria rir de mim o resto da vida.

- Posso tirar um foto? - Rachel pergunta.

- Nem pensar. Isso sai com sabão?

- Sai sim, mas você está tão lindo assim.

  Resmungando entro no banheiro. Jogo água no rosto e passo sabão no rosto. Depois de tudo tirado pego uma toalha e enxugo o rosto.

Rachel já está com o rosto limpo.

- Quem é Úrsula? 

   Minha pulsação acelera com a perguntar dela.

- Como assim? - pergunto.

- Você disse o nome dela enquanto dormia.

  Ok, mais cedo ou mais tarde ela iria saber dos pesadelos. Rachel não demonstrava estar com ciúmes, ela parecia curiosa.

- Ela foi minha primeira namorada. Eu tinha dezesseis anos na época. Úrsula era uma jovem bela e encantadora. Naquele tempo eu estava em treinamento quando conheci ela. Meu pai viu que ela estava afetando minha concentração nos treinos.

   Me sento na cama e Rachel se senta ao meu lado. Ela segura minha mão.

- Eu amava muito Úrsula. Estudamos juntos, a irmã dela nos apresentou. As coisas foram acontecendo e logo estávamos juntos. Foram os melhores cinco meses da minha vida.  Até que meu pai descobriu que o motivo pelo qual eu estava nas nuvens durante os treinamentos era Úrsula.

" Um dia eu recebi uma ligação. Era Soraya, irmã de Úrsula.  Meu pai tinha pegado as duas. Ele me mandou ir até a casa onde ela morava com os pais. Encontrei os corpos dos pais delas na sala. Cada um com um buraco na cabeça. Meu pai tinha uma arma apontada na cabeça de Úrsula e outro homem segurava Soraya. Eu ja sabia o que iria acontecer"

   Rachel limpa as lágrimas e me abraça.

- Ele disse que eu estava me tornando fraco - falo - Os gritos de Soraya me pedindo para não deixar aquilo acontecer me acompanham até hoje . Eu pedi para ele não fazer aquilo, mas ele disse que eu estava entrando no mundo da máfia e não deveria ter uma fraqueza, então ele atirou nela. O corpo de Úrsula caiu no chão e corri até ela,o sangue, o corpo mole, os gritos, tudo foi como um borrão. Foi ali que perdi meu primeiro amor. Meu pai não matou Soraya. Ela vive até hoje me lembrando que eu não salvei a irmã dela.

- O que aconteceu depois?

- No enterro de Úrsula e os pais, eu fui. Soraya me expulsou dizendo que eu era o culpado. Aquelas palavras estão até hoje na minha cabeça. Sei que fui o culpado.

- E seu pai? - ela pergunta.

   Rio feliz.

- Ele teve um acidente de carro no dia seguinte ao velório. Ninguém soube explicar como um carro de última geração explodiu no meio da cidade.

- Foi você?

- Com a ajuda de Andrey eu consegui dar um fim na vida do meu pai. Aquele dia eu não senti nada quando recebemos a notícia da morte dele. Eu senti que tinha vingado Úrsula. Minha mãe morreu duas semana depois, não suportou a perda do marido. Então eu evitei relacionamentos, ter uma mulher no meu tipo de vida seria com ela ter um alvo nas costas.

- O que mudou?

- Nada - digo - Até uma certa ruiva entrar na minha vida obscura.

   Rachel sorri e me beija.

- Você mudou minha vida de uma maneira incrivelmente boa. Não quero viver sem você, não posso. Vou te proteger, não vou deixar ninguém te tirar de mim.

- Eu te amo - ela diz e meu coração bate mais rápido - Não precisa dizer agora, só diga quando estiver pronto.

  Então eu a beijo. Ainda não estou pronto pra dizer essas três palavras, mas o que sinto pela ruiva é intenso.

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Marcas do Passado #2 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora