Capítulo 15

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RACHEL

- Ela já vai acordar.

- Talvez eu tenha batido muito forte.

- Já faz quatro dias que ela está aqui.

- Informações da criança?

- Temos que ter cautela, as coisas estão ficando intensas.

  Eu recebia aquelas notícias em intervalos que eu ficava lúcida, eu acordava mas logo em seguida a escuridão me dominava. Talvez meu corpo não quisesse acordar por causa das consequências que eu teria de enfrentar. Eu não sabia o que aconteceu depois do que houve no escritório. As imagens do corpo ensanguentado de Yuri me atormentava.

  Mas já estava na hora de acordar. Enfrentar tudo, saber o que seria do meu futuro.

   Lentamente abri os olhos. Eu estava em um quarto. Observei o lugar. As paredes em tons bege, pouca mobília, cortinas blackout.

  A porta foi aberta e me sentei na cama.

- Finalmente acordou meu amor - Alec diz.

   Ele caminha até onde estou e deixa algumas peças de roupa na cama.

- Tome um banho e vista-se. Volto em breve para te buscar.

  Alec se aproxima e tenta me beijar, mas cuspo no rosto dele.

   Ele limpa minha saliva e balança a cabeça.

- Dez minutos.

   Quando ele sai do quarto eu respiro aliviada. Me levanto e vou até a janela. Trancada. Procuro algo para poder usar caso ele volte, mas não acho nada que sirva. O cômodo está totalmente livre de coisas que posso usar contra ele.

  Abro uma porta e vejo que é o banheiro. Nada.

   Sem opções sento-me no chão e choro. Meu Deus! O que vou fazer? Minha ansiedade é enorme. Não saber se minha filha e os outros estão bem corrói meu coração. Yuri. Não sei se ele sobreviveu, e isso deixa meu coração em pedaços. Quando minha vida entra nos trilhos tudo desmorona.

  Tiro minhas roupas e entro debaixo do chuveiro. Rapidamente me limpo. Nem quero pensar se Alec ou alguém entre no quarto.

  Visto as roupas que ele trouxe. Uma blusa branca e uma calça jeans escura.

  A porta e aberta e Alec aparece.

- Boa menina. Me acompanhe.

  Sem discutir sigo ele. Passamos por um corredor e entramos em uma sala de jantar. A mesa está posta.

- Coma e conversaremos - ele diz.

- Onde minha mãe e Josh estão? - pergunto.

- Foram devolvidos para Phoenix. Inteiros. Eu disse que todos estariam seguros quando você voltasse para mim.

- Minha filha?

- Nossa filha - ele corrige - Ainda estou procurando por ela.

  Fico feliz pelas duas notícias. Yuri deve estar protegendo ela. Só espero que me tirem logo daqui.

- Onde estou?

- No meu apartamento em Los Angeles. Onde viveremos com nossa filha. Agora sente e coma.

  Só me sento porque minha barriga deu sinal de fome. Como um pão e tomo um pouco de suco de laranja.

   Um homem aparece e diz algo no ouvido de Alec.  O sorriso que ele dá me faz ter calafrios.

  Alec se levanta e puxa meu braço me fazendo ficar em pé. Seu aperto dói. Ele me arrasta por um corredor e me leva até uma sala. A TV está ligada em um jornal.

- O que vai fazer? - pergunto.

- Assista o noticiário.

  Fico olhando as notícias serem passadas.  Mortes, furacões, roubos. Coisas comuns do jornal.

- Ontem a noite um importante empresário do ramo de tecnologia morreu - a repórter diz.

   Uma foto de Yuri aparece na tela e meu coração encolhe.

- O famoso Yuri Grisham foi assassinado por bandidos. Ele estava no jardim de sua casa quando ladrões entraram e atiraram nele. Yuri foi levado às pressas para um hospital local. Depois de três dias na UTI ele teve uma parada cardíaca e veio a óbito. Tivemos informações que o corpo foi enterrado hoje de manhã por amigos do empresário. Yuri Grisham deixa uma carreira prestigiada e amigos para trás. Mas notícias depois do intervalo.

  A tela apaga. Meu rosto fica molhado pelas lágrimas que caíram. Meu corpo treme. Não pode ser verdade. Não pode. Não pode. Não pode.

  Alec me toca, mas me afasto e dou um tapa em seu rosto. Minha mão arde, mas não me importo.

- Seu monstro! Desgraçado! - grito.

Pulo nele e empurrou e bato em seu peito repetidas vezes.

- Cretino. Eu te odeio. Por que? Eu amo ele. Seu desgraçado.

Recebo um tapa no rosto. Minha cabeça vira pelo impacto. Alec me pega pelo cabelo e me arrasta pelo apartamento até o quarto onde eu estava.

- Nunca mais diga que ama aquele homem - ele diz.

- Eu amo ele. Amo muito.

  Recebo outro tapa. O gosto metálico se faz presente na minha boca.

- Amo o Yuri. Eu amo ele. Odeio você - falo.

  Alec com um puxão rasga minha blusa.

  Escondo meus seios. Tento correr,mas ele puxa meu cabelo e me joga no chão. Minha cabeça lateja intensamente.

  Alec tira o cinto da calça e eu fico apavorada.

Tento me levantar mas ele me empurra no chão de novo e bate minha cabeça quatro vezes no chão. Minha visão fica turva.

- Olha o que você me faz fazer - ele diz.

  Sinto ele tirar minha calça, mas não tenho forças para fazer nada.

  Quando ele me penetra eu grito. Alec tampa minha boca com uma mão e a outra segura meus pulsos.

A dor é horrível. Eu só quero que isso termine. As lágrimas caem. Eu até tento sair, mas não adianta.

  Só depois que ele goza e que ele me liberta.

  Alec me deixa no chão e sai do quarto. Me enrolo em posição fetal e choro.

Não sei quanto tempo se passou. Minutos, talvez horas. Só sei que fiquei um bom tempo deitada naquele chão.

  Reuni forças e levantei.

   Minha intimidade doía muito. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro.

  Eu me sentia suja. Fui violada. Esfreguei todo o meu o corpo, até minha pele ficar vermelha. Mas eu ainda me sentia suja.

Cai no chão e chorei. Yuri se foi. Eu sabia que ele usava um sobrenome falso na mídia. Mas EU não esperava aquela notícia. O que será que aconteceu com minha filha e Diana.

  Voltei a esfregar minha pele até sangrar. Eu só queria morrer naquele momento.

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Marcas do Passado #2 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora