Brigas e mais brigas.

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Jogo a chave na mesa ao lado da porta de entrada e tiro os sapatos, ainda meio incomodada com esse negócio de não poder entrar em casa de sapatos. Coisa chata! Não entendo a finalidade, dá muito mais trabalho deixar o sapato na porta do que no seu próprio quarto!

- Você sabe que não é bem assim - ouço a voz da minha mãe vindo da cozinha. Acho que eles não notaram que eu cheguei.

- Eu ainda não entendo o porquê de você querer que ela volte - meu pai reclama. Aí, essa doeu! Eu sei que eu vivo reclamando de voltar, mas eu nunca pensei que meu pai fosse contra isso também. Eles insistiram para eu voltar! - Ela estava bem nos Estados Unidos com a minha irmã!

- Porque ela é nossa filha! - minha mãe praticamente grita, me assustando um pouco. Chego mais perto da cozinha e vejo ela com as mãos apoiadas na pia. - Ela é nossa filha, Erick - sua voz sai praticamente como um sussurro.

- E você acha que eu não sei? - meu pai pergunta, quase gritando. Fecho os olhos, eu odiava quando eles tinham essas brigas! - De quem foi a ideia de manda-lá embora? Quem quis afastar a minha filha quando tudo estava ruim demais para alguém suportar uma criança?

- Ela também é minha filha! - revida, gritando. Por que eles estão brigando? Por que não podem simplesmente deixar para lá? - Você sabe o porquê de eu tê-la mandado para lá! Você não sabe pelo que eu passei, não sabe o quanto foi difícil para mim...

- Ele também era o meu filho! - meu pai grita, alto o bastante para toda a vizinhança ouvir, mas eu sinto a tristeza em sua voz ao invés da raiva. - Ele também era meu filho, Soo Young! - ele abaixa o seu tom de voz deixando a casa cair no silêncio. Ouço minha mãe soltar um soluço um tempo depois e respiro fundo, tentando controlar as lágrimas que ameaçam cair.

- Cheguei! - grito de volta a porta de entrada, secando uma lágrima rebelde que caiu pelo meu rosto. Vou até a cozinha e vejo minha mãe tentar secar o seu rosto, sorrindo para mim logo depois. Meu pai me olha e sorri também, mas eu vejo as lágrimas em seus olhos. - Oi pai! - depósito um beijo em sua bochecha e outro na bochecha da minha mãe, pegando-os de surpresa.

- Estou fazendo o jantar, vá se trocar - assinto e sorrio, subindo logo em seguida.

Fecho a porta atrás de mim e sento no chão, sentindo as lágrimas molharem todo o meu rosto. Quando é que isso vai parar? Quando é que a dor vai embora? Por que eu não posso simplesmente viver em paz como as meninas da minha idade? Suspiro sabendo que a minha vida está longe de ter paz e me levanto, decidida a esquecer isso, pelo menos por hoje...

Tiro as roupas e deixo a água cair pelo o meu corpo, levando toda a tristeza e frustração pelo ralo. Coloco uma roupa qualquer, eu ainda tenho que desfazer as malas!, e prendo o meu cabelo sentindo alguns fios se auto-desprenderem por causa do comprimento. Abro a porta e desço as escadas, voltando a escutar mais gritos.

- Se ela ouviu... - minha mãe fala, ameaçando meu pai. Me aproximo.

- Ela não ouviu! - meu pai grita de volta, a interrompendo. Eles estão discutindo sobre mim de novo!

- Eu espero mesmo, Erick, nós não precisamos passar por mais uma perda! - ouço minha mãe mexer em alguns pratos enquanto eles brigam.

- Pare de falar como se ela não estivesse aqui, como se ela também estivesse doente! - uma cadeira é arrastada e eu corro até a entrada, colocando o meu tênis enquanto saio da casa. Corro o mais rápido que posso e o mais longe que consigo.

Por que eles não podem simplesmente parar? Por que me colocam no meio de todas as discussões quando o motivo obviamente não sou eu? Foi por isso que ela quis que eu voltasse, para dar um motivo para eles discutirem? Para eles não brigarem simplesmente por brigar? Ou para eles não falarem o real motivo das discussões?

Vizinhos - Min YoonGi Onde histórias criam vida. Descubra agora