13 de julho de 2029

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        Pov Manuela

Era manhã de sábado e já estávamos todos na casa da Alasca. Ela ganhou alta lá pelas sete da manhã e eu resolvi vir para cá e não deixa-la sozinha.

Estava um clima pesado no ar, Alasca estava sentada na janela do quarto a mais de meia hora e não dizia uma palavra se quer. Eu estava sentada na cama passando as notas para o sistema da escola para finalmente dar-me férias.

Alasca saiu da janela, abriu a ultima gaveta da mesinha ao lado da cama e tirou uma caixa amarela.

Se sentou no chão e abriu a mesma, retirando algumas coisas que eu não sabia o que era.

- Finge que você não está vendo isso ou se quiser pode ir, eu vou ficar bem – Ela me olhou com olheiras de quem não havia dormido, um semblante triste e um meio sorriso.

- Por que eu sairia? – Perguntei porque eu realmente estava tentando entender o que eram algumas daquelas coisas mesmo que eu já tivesse entendido.

- Não sei, é só que sei lá, acho que você não ficara muito feliz ou confortável ao me ver fumando maconha. – Eu não fiquei surpresa mas confesso que algo fisgou no meu peito

- Ta tudo bem, vou ficar aqui – Dito isso ela se voltou para a caixa amarela novamente, ignorando minha presença.

Ela pegou algo que julguei ser seda e abriu um recipiente que esmagou o ar com o seu cheiro forte e por um segundo eu cogitei sair daquele quarto.

Alasca fez o seu cigarro e caminhou até a janela novamente. Eu queria tirar aquilo de sua mão e abraça-la, pedir para não fazer aquilo, mas tudo que fiz foi sair do quarto fechando a porta atrás de mim.

Pov Alasca

Eu me sentia mal e pesada, eu precisava me acalmar e dormir um pouco, sabia exatamente o que fazer para que isso acontecesse.

Fazia anos que eu não tocava nessa caixa, eu já até tinha cogitado joga-la fora, mas não fiz.

A muitos anos atrás descobri que maconha era melhor que muito calmante receitado pelos inúmeros psicólogos que eu frequentei. Eu realmente ficava mais calma, eu realmente conseguia dormir e era muito melhor do que aquelas comprimidos que me davam a sensação de está me matando aos poucos.

Confesso, me sentia fraca e mal por está enrolando um baseado depois de tanto tempo, eu não queria, mas não por ser maconha, mas porque era um sinal de maus tempos, um sinal que eu não estava bem e já já as horas sentadas em um consultório voltariam.

Escutei a Manuela fechando a porta, quis correr e pedir pra ela ficar ali, me sentia mal, extremamente mal mas nada eu podia fazer.

Acendi aquele cigarro de maconha e já na primeira tragada senti meu peito se aliviar e as lagrimas correrem meu rosto até q caíssem sob o meu colo.

Era absurdo vê tudo caindo e não poder fazer nada, olhar para frente e já não saber o que vai acontecer, sentir o peso das coisas muito maiores do que elas realmente são. Eu sei, era só um emprego, mas era o emprego que eu fiquei anos para conquistar, era o meu único mérito do esforço de anos e como sempre, fracassei.

Soltei a fumaça e já podia sentir o meu corpo um pouco mais leve. Sabia que aquilo não era a solução para os meus problemas mas era a única solução que eu tinha agora.

Já na metade do baseado meus pensamentos vagam entre coisas totalmente aleatórias e eu poderia jurar que estava sorrindo, mas era apenas o efeito de toda aquela droga.

O baseado acabou, não havia mais fumaça adentrando meus pulmões, deitei e ali ficaria por quanto tempo fosse necessário.

Pov Manuela

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