24 de dezembro de 2029

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O tempo realmente muda as coisas, mas principalmente o tempo muda a gente. Nossa forma de pensar, de ver as coisas, resignifica tudo a nossa volta e do nada as certezas são duvidas e as dúvidas não são tão assustadoras assim. Com o tempo a gente a prende que não existe certezas além da que um dia todos nós vamos morrer, o que também é a unica coisa que a gente não pode evitar na vida, a morte, de resto tudo tem jeito.
Quando Manuela viu em 5s que todo seu mundo poderia ser diferente com um fato que ela não cogitava, se quer temia, afinal ninguém pensa que crianças morrem, não é a lei natural das coisas. Ela percebeu que tolice era esperar o tempo resolver certas coisas tão simples, coisas essas que ela poderia resolver em um ato impulsivo, em um ato de 5s e ela não seria mais a mesma. Era bobeira fugir, era bobeira deixar ir quando em 5s poderia perder para todo sempre, sem volta. A morte era algo a se temer pois ela não conseguiria mudar. Mas a vida, ah! Essa sim ela poderia fazer o que quisesse e dessa vez, ela escolheu amar e para toda sua felicidade Alasca escolheu amar também.

POV Alasca

- Mamãeeeeeeeee - escutei um berro vindo do corredor

- Mas o que foi agora em? - perguntei para o pequeno que vinha correndo em minha direção

- Eu não gosto de brincar sozinho, eu não sei mais brincar sozinho - disse com os olhos cheios d'água

- Eu brinco com você filho, um minuto.

- Ta bem mamãe, vou te esperar lá fora

Sabe é difícil se desacostumar, mudar de rotina, ver tudo de ferente de uma hora pra outra e foi exatamente o que aconteceu depois uma longa manhã.

(Flashback on)

17 de Outubro de 2029

Era início da primavera e finalmente tudo parecia bem. As crianças corriam no quintal da minha casa, Manu cozinhava um almoço para a comemoração pelo fim da quimioterapia do Gustavo e eu tocava violão pra ela. Nada podia abalar essa mais nova família, a não ser as sombras do passado.

- Acho que agr que tudo passou, o câncer foi embora, a gente tem que ter aquela conversa - Disse Manu com um semblante preocupado.

- Amanhã, ta bem? - Respondi dando de ombros

- Você disse isso ontem Alasca - Revirei os olhos - Depois do almoço e ponto.

Tava tudo tão bem, a gente só podia continuar vivendo aquela vidinha mansa, Manu se mudava pra minha casa e eu dava aulas de música e sei lá fazia qualquer outra coisa mas não, sempre tinha que haver uma maldita conversa.

- - -

- Então o que temos que conversar - disse rispida

- Sobra a Bahia, a escola de música, sobre ir ou sobre ficar ... não sei - Falou calma

- Eu não quero mais nada Manu, eu ja tenho tudo tendo vocês aqui - Disse com um embargo na voz

- Não Alasca. Você não tem. - Pegou minhas mãos e olhou nos meus olhos - Você não tem um emprego, voce não tem um propósito... você só tem eu e as crianças.

- E não é suficiente? - disse abaixando a cabeça, eu sabia que não

- Não Alasca.

- Eu pensei em algo, mas não sei se você aceitaria, se você largaria, se você veiria comigo.

Então em 1s toda a nossa história passou na minha cabeça e se ela dicesse não?

- Diga, sou toda ouvidos - Ela levantou minha cabeça e me olhou nos olhos.

Eu levantei, peguei um caderno de anotaçoes e comecei a minha proporta.

Além do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora