17h

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Pov Alasca

Sentada na minha pedra, mas ao invés de olhar o horizonte só conseguia olhar o celular, já se passaram 10 minutos das cinco da tarde e ela ainda não estava aqui. Okay, são só 10 mim e se tratando da Manu a margem de atraso é no mínimo de 30 mim mas porra era algo importante, eu chegaria até adiantada.

17:15






17:20






17:30




17:40

Eu vou embora não dá mais para esperar, é nosso fim.

17:45

Mensagem on

- Desculpa estou no hospital com o meu filho, to tentando ligar mas só dá fora de área. Me perdoa (17:10)

- Você já está me odiando a essa hora e provavelmente nem está vendo essas mensagens mas por favor se tiver vendo não faça isso. (17:30)

- Amor, eu te amo. Fica bem (17:45)

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Li as mensagens e senti um alívio no peito, e ao mesmo tempo um aperto. O que será que aconteceu com o pequeno? Meu coração estava apertado.

(Mensagem on)

- Só vi suas mensagens agora. Em que hospital vocês estão? Precisa de alguma coisa?

- Amor, eu te amo. Te cuida.

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Entrei no carro e só sabia por esperar a resposta daquela mensagem. Eu estava preocupada é como se Gustavo também já fosse meu filho também. Meu filho, repeti para mim mesma e sorri. Seríamos uma linda família.

Meu celular vibrou, Manu disse onde estava e que não havia levado roupas e estava sem comer. Então me prontifiquei a levar tudo assim que buscasse Caio na natação, prometendo não demorar.

No caminho era difícil me concentrar na direção, o trânsito estava meio parado e eu só queria chegar no hospital o mais rápido possível, mas pelo que era possível ver, não teria como, então só respirava fundo e tentava me manter tranquila.

Caio já entrou no carro bem sonolento, tanto que nem reparou na minha cara de preocupada, e ele era do tipo que reparava em tudo. Fomos para nossa casa e falei pra ele tomar banho enquanto pegava umas coisas porque o Gu estava dodoi, e íamos ajudar ele. O mesmo não fez muitas perguntas e apenas fez o que eu mandei.

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Cheguei no hospital com um Caio dormindo nos braços e uma mala pequena de carrinho, levei tudo que poderia ser preciso. Fui até a recepção e fui informada que ela estava na sala de espera porque Gustavo passava por uma cirurgia e logo meus olhos se encheram de água, mas eu tinha que ser forte, por nós.

A sala de espera estava praticamente vazia e fria. Manuela andava de um lado para o outro, o que fez meu coração apertar novamente. Ela tinha um semblante cansado e preocupado. Só queria poder cuidar. Pra sempre.

- Oie - falei baixo me aproximando, ganhando rapidamente um olhar de alívio. - Vai ficar tudo bem - A abracei com o braço livre e a mesma não disse nada, apenas chorou.

- Obrigada por estar aqui. - Ela disse após um longo silêncio.

- Não precisa agradecer - Disse beijando-lhe a testa e indo colocar Caio deitado na junção de cadeiras que quase formou uma cama. - Trouxe um chocolate, um sanduíche natural e um matte - Ela deu um leve sorriso e isso aliviou o aperto no meu coração.

- Eu estou sem fome, mas aceito o chocolate - Ri, tão previsível essa mulher. - Gustavo está em uma cirurgia - Disse após a primeira mordida. - Eu estou com medo - Seus olhos encheram de água.

- O que ele tem? - Perguntei a abraçando.

- Ele sentiu dores fortes durante a tarde, eu achei que fosse só uma dorzinha de barriga e dei um remédio - As lágrimas escorriam pelo seu rosto - Mas não adiantou, então vim parar aqui e descobrimos que tinha um tumor no seu estômago e que ele era maligno. - Respirou fundo e eu apertei ela mais forte contra o meu peito - Então teria que ser operado as pressas, não valia tentar uma quimioterapia antes, porque era arriscado esperar. - Ela olhou no fundo dos meus olhos - Eu não quero perder meu filho.

- Calma, você não vai. - Passei o máximo de confiança possível pelo olhar

- Assim eu espero.

E ficamos ali, naquele silêncio perturbador. Por fora eu parecia calma. Mas por dentro eu estava completamente destruída. Destruída por não saber como estava e como iria ficar o Gu, destruída por ver a Manu tão frágil e destruída principalmente por não poder fazer nada, além de estar ali.

Pov Manu

Uma porta se abriu e de lá um enfermeiro, então meu coração disparou e segurei a mão de Alasca o mais forte possível.

- Senhora, Manuela? Mãe do Gustavo - Disse alto o enfermeiro

- Eu mesmas - Me coloquei de pé a sua a frente o observando atentamente.

- O seu filho já saiu da cirurgia, ocorreu tudo bem, o tumor foi retirado e agora ela vai ficar em observação pra monitorarmos como o organismo dele reagirá a retirada do tumor. - Falou calmo

- E eu posso ve-lo? - Perguntei apressada

- Pode sim, mas ele ainda está sedado, não irá responder.

- Minha mulher pode entrar comigo também e nosso filho?

- Senhora, me desculpa, mas se o nome dela não consta nos documentos do menino não posso autorizar a entrada.

- Calma amor, tudo bem. - Escutei a Alasca falando ao pé do meu ouvido.

- Então me leve até ele - Disse ríspida

Eram corredores e mais corredores, todos iguais, parecia que nunca iríamos chegar.

- Aqui - O enfermeiro abriu uma das portas - Vou tentar ver se consigo que sua esposa entre também, me desculpe, são normas.

Nada disse, apenas entrei e olhei meu pequeno. Tão frágil e ao mesmo tempo tão forte. Dormia e parecia um anjo, meu anjo. Apenas consegui me sentar ao seu lado, agradecer pela vida dele e acariciar seus cabelos.

- Ei, me deixaram entrar - Disse Alasca já no meio do quarto para que eu notasse sua presença. - Já que ele está no quarto podemos ficar aqui, ja que eu sou sua esposa ne? - Ela disse me zuando e eu ri - Ai, o sorriso mais lindo do mundo. Agora vai ficar tudo bem.

- Obrigada! - disse me aproximando e retirando seu cabelo do rosto - Eu não gostaria de está passando por isso sozinha - Olhei nos seus olhos que estavam marejados.

- Você nunca terá que passar por nada sozinha se depender de mim. É só me ligar - Ela deu um leve sorriso e meu coração disparou.

- Eu quero não precisar te ligar - Olhei no fundo dos seus olhos - Eu quero que você já esteja do meu lado, em todos os momentos. Hoje eu senti que o tempo pode nos tomar aquilo que mais amamos em segundos, não podemos mais desperdiça-lo, amanhã pode ser tarde pro nosso nós, porque podemos não está aqui. - As lágrimas escorriam pelos seus olhos - Eu não quero ir pra Bahia mas sei lá a gente pode ir para outro lugar juntas, fazer outros planos ou ficar por aqui. Eu não quero ficar tão longe da minha família e nem de você, porque eu quero que você faça parte da minha família. - Eu disse tão rápido num gesto tão desesperador que nem pensei que a resposta poderia ser "não".

- Quando esse furacão passar, o Gu já estiver bem, a gente pensa, a gente vê. Mas enquanto isso eu vou estar aqui, eu vou ficar aqui - Ela me dei um breve selinho - Eu também q quero que você seja a minha família. Nós vamos dar um jeito nisso - E sorriu

Já era tarde e Alasca me convenceu a irmos na sua casa comer e tomar banho e depois voltar. Gustavo só acordaria no outro dia, então aceitei.

Ela prometeu ficar do meu lado. Eu prometi nunca mais soltar a sua mão.

Além do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora