8 de Setembro de 2029

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Pov Alasca

Era uma sexta pós feriado com clima de preguiça e Caio dormia ao meu lado naquela enorme cama de casal. Lembro quando ela parecia pequena, quando a preguiça era em conjunto e a bagunça se iniciava logo pela manhã. Lembro ainda do som das risadas e das cutucadas na madrugada, proque ela queria mudar de posição. De certa forma já me sentia quase casada, já eramos quase uma família e como sempre "nós" ficamos no quase e nunca fomos.

Me pergunto sempre o que sempre faltou para "ser" e talvez a resposta sejam várias respostas. Em 2013 éramos medrosas e ainda nem sabiamos o que estava acontecendo ali, em 2015 a comunicação falhava e o achar que não gosta tanto assim nos atrapalhou, já em 2016 até 2018 faltou bem pouco, mas eu não suportei, ela não cedeu e ninguém quis se arriscar. A verdade é que resumidamente nós nunca corremos o risco por nós, a verdade é que sempre fomos egoístas demais para arriscar tudo.

E hoje? O que falta no hoje? Não sei, mas acho que de novo o eu pensando só em mim e o ela pensando apenas nela está nos separando. Quando se quer ficar junto, está disposto a ter um relacionamento, todos tem que ceder ali, ninguém foi perfeitamente feito para o outro e muito menos pensa igual. Eu quero morar na Bahia, Manuela prefere Niterói mas a anos atrás ela não podia nem ouvir falar nessa cidade. Se ela veio atrás de mim? Acho que nunca vou saber, Manuela é orgulhosa demais pra admitir e eu pessimista demais para acreditar, mas a questão que envolve tudo isso é: Quando vamos ser maduras o suficiente para realmente conversar sobre tudo? Decidir finalmente o que será de nós? Eu não quero passar mais dez anos esperando até que Manu chegue de surpresa na Bahia falando que quer estar perto novamente, eu não quero mais esperar, eu já cansei de esperar. Ou a gente tenta ou será o adeus mais doloroso já dito em toda a minha vida.

Então eu apenas peguei o celular e fiz o que eu sempre fiz de melhor, um grande textao. Que me mataria de ansiedade até que finalmente algo fosse dito por Manuela.

" Oie, acho que depois de desligar o telefone na sua cara não existe como começar qualquer conversa de forma agradável, e antes de tudo quero pedir que me desculpe, MAS PORRA VOCÊ TEM QUE PARAR DE SUMIR E APARECER DO NADA! Okay, ja me recompus.
Sabe, tipo eu queria fazer um daqueles meus textos enormes no qual você nunca responde ou só diz algo como "tarde de mais" mas dessa vez vai ser diferente, porwue eu to cansada, você está cansada e antes que o nosso nós se canse preciso fazer algo. Eu to cansada de passar a vida te esperando, cansada de esperar por TUDO e cansada principalmente de fugir. Seja do que eu sinto por você, seja de mim, seja de você ou de qualquer merda que envolva nós duas juntas. Se ainda quiser tentar ao menos conversar para não terminarmos mal, me encontre hoje às 17h na praia de Itacoatiara, no lugar de sempre.
Beijos, sua morena"

Bloquiei o celular e jurei não olhar mais para o mesmo o resto do dia, porque eu sabia, ela não iria responder e talvez também não vá ao "encontro intimado" mas tudo bem, eu quero tentar, e nunca me arrepender de não ter tentado, como nos velhos tempos, como eu dizia a mim mesma em 2016, quando tudo era turvo e os sentimentos eram confusos.

Pov Manuela

Acordei com o meu pequeno fazendo carinho no meu rosto e sorri, sempre me questionei se meu filho seria carinhoso pelo meu jeitão de demonstrar diferente mas pelo visto ele é bem mais "demonstrativo" do que eu. Ri da minha própria conclusão.

- Bom dia filho! - disse sonolenta fazendo carinho no rosto dele

- Bom dia mama, to com fome - Ri, é muito meu filho mesmo, rei da fome.

- Já vou preparar o café comilão! - Disse fazendo cócegas

- Ta bem mama, ta bem - Disse no meio das gargalhadas. Como é possível amar tanto um serzinho assim.

Me levantei antes que Gustavo começasse a comer os rebocos da parede e fui preparar nossa café da manhã. O dia começou leve, até eu me lembrar que a esses horas Alasca ja teria levantado, feito cafe para as crianças e eu ainda estaria dormindo, sorri fraco e depois o peito quase que chegou a doer de saudade. Queria tentar conversar, queria ao menos poder dizer tchau mas após o último acontecimento a melhor coisa que eu poderia fazer era me manter distante, novamente.

Era doloroso, a dor que nós nos causávamos, não era por querer, muito pelo contrário, era por querer tão bem que as vezes isso acontecia. Ela não podia me tirar daqui, assim como anos atrás não podia me tirar da nossa cidade natal, eu não poderia prende-la aqui, assim como não a prendi eu nossa cidade natal. Tudo muito complexo e tudo muito incompleto mesmo quando parecia está seguindo meu sonho, minha vida, minhas vontades, sempre ficava um "se" me rodeando, a gente merecia ficar junta, nosso amor merecia mais entrega e menos medo mas eu sou racional demais e Alasca pensa demais no futuro.

Após o café meu pequeno foi brincar com sua pista de carrinhos feita de almofadas e eu peguei meu celular, infelizmente tinha que encarar aquele grupo de professores no WhatsApp, afinal tínhamos que resolver sobre a festa junina deste ano mas ao desbloquear a tela uma surpresa: o nome Alasca com um coração amarelo do lado era minha única notificação, porém já não sabia de era algo positivo ou não.

Li a mensagem. Reli a mensagem. Li mais uma vez e não sabia o que dizer ou o que fazer. Eu precisava de um segundo de coragem, como em 2016, andar até aquela praia e falar com aquela mulher, nem que fosse a última vez. Meu coração saltava do peito, a ansiedade me deu "bom dia" e ainda eram 11h da manhã, o dia seria longo.

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Oi gente, queria dizer que ta chegando no fim essa saga de Manu e Alasca, queria saber o que vocês estão esperando desse final?

Atualizo o mais breve possível, prometo.

Atualizo o mais breve possível, prometo

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