Prazer, Manuela

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8 de março de 2029

Pov – Manuela

Primeiro dia numa cidade nova, éramos apenas eu e meu filho, aluguei uma casa pequena em um bairro afastado da cidade e perto da praia. A casa tinha um aspecto acolhedor, havia uma pequena sala logo na entrada, logo depois uma cozinha americana, um corredor, dois quartos e um banheiro, uma lavanderia depois da cozinha com uma pequena porta para o quintal de trás onde o Caio brincaria muito. Não conhecia ninguém por ali e estava me sentindo um tanto quanto deslocada, ainda que neste primeiro momento tivesse minha família comigo.

Essa coisa toda de mudança me lembra minha antiga cidade e as minhas mudanças de casas, eu odiava ficar de um lado pro outro, mas tudo bem parece que agora, eu que vivo indo de um canto para o outro.

Deixei muitas coisas para trás, não só família e amigos, porque eles, visitaria de vez enquanto e também os convidaria para vir ate aqui, mas as historias e lembranças que sempre tive medo de deixar pra trás.

(Flashback on)

19 de Julho de 2016

Acordei como sempre com um texto enorme para eu ler no wpp, sorri antes mesmo de começar a ler, eu nunca sabia o que dizer porque não sabia expressar o que eu sentia.

O pior é que não posso continuar com isso tudo eu não posso simplesmente me deixar levar, ela é um futuro incerto, louco, cheio de obstáculos. Não posso me dar ao luxo de passar por toda uma novela novamente quando existe uma pessoa capaz de me amar mesmo depois de tudo, mesmo depois de todas as dificuldades e conflitos, uma pessoa que eu também amo e não posso nunca deixar para trás.

(Flashback off)

- Mama! Mama! – Escutei o pequeno gritando puxando a minha calça para baixo para tentar chamar minha atenção tirando-me do transe.

-- Desculpa filho, o que houve? – Disse me abaixando a sua altura

- Mama to um tempão tentando te chamar! Por que não me houve? – Ele disse cruzando os braços fazendo um bico do tamanho do mundo. As vezes ele era tão parecido comigo que eu desconfiava de ele não ter saído de dentro de mim.

- Desculpa filho. A mama estava muito concentrada arrumando estas caixas – Menti descaradamente, mas ele era muito pequeno para entender – Mas fala o que você queria – disse puxando seus bracinhos pra ele parar de fazer cara de emburrado, mas não adianta ele é teimoso igual à mãe – Vai, vamos! Não seja um bebezinho – Disse fazendo cócegas

- Eu não sou um bebezinho – Ele disse descruzando os braços

- Ta parecendo um – Disse debochando da cara dele e enchendo de cócegas

- Para! Para! Eu não sou um bebezinho – Disse rindo e se contraindo nos meus braços, com a respiração ofegante quase sem fôlego nenhum. Bateu uma pena, mas eu tinha que arrumar um jeito de fazê-lo falar.

- Então fala o que você queria! Se não eu não vou parar! – Disse em meio às gargalhadas por conta das caretas do meu filho

- Ta! Eu falo! Eu falo! – Então eu fui parando um pouco e coloquei-o no chão – Mas eu preciso respirar, mama! – disse ainda com pausas na fala então eu parei totalmente com as cócegas e ele pareceu recuperar o fôlego – O tio falou que vai à praia e disse que só posso ir com ele se você deixar

- Pode sim filho, mas diga para ele voltar antes de meio dia, tudo bem? – Como ainda era manhã, o sol ainda não estava forte e a praia era ali bem perto eu resolvi deixar – ló ir com o Ricardo, era até melhor, porque a casa estava uma confusão e uma criança por ali não seria uma boa ideia.

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