Capítulo Trinta e Sete

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Inácio

Enquanto lavava a louça, pensando em um jeito para conversar com Anaya e explicar o fato de eu ser pai da sua melhor amiga, a conversa com Erick me volta a memória.

— Então, vai querer minha ajuda ou não? — Pergunta com um sorriso nos lábios.

— Desculpe? O que o senhor disse? — Digo, ainda perplexo com suas palavras.

— Eu cometi muitos erros com a Laura, Inácio. No momento que ela mais precisou de mim, eu fui fraco e não a apoiei como deveria. Sugeri... sugeri que ela abortasse minha neta, tudo para que ela voltasse a ter a vida que eu sempre quis para ela. Pensei que já tinha atingido minha cota de erros com minha família, mas aquele foi mais um erro estupido. Laura me perdoou e nunca me privou do contato com minha neta. Ela merece ser feliz e eu acredito que a felicidade dela está com você, mesmo que você não a mereça, como eu não mereci a mãe dela. Laura já te contou nossa história? — Assinto e ele passa as mãos pelo rosto.

— Se Lara não tivesse me perdoado, tenho certeza que no futuro ela teria encontrado um cara muito melhor, mas a conexão que experimentamos, acho que não existe nada igual. Lara é o amor da minha vida e eu morreria no lugar dela se fosse preciso, e os frutos do nosso amor, são os melhores presentes da minha vida. Quero que minha filha tenha uma família feliz, como a que ela cresceu. Ela sempre sonhou com isso, e tenho certeza que ela sonha isso com você.

— Por que acha isso, Erick? — Não consigo deixar de perguntar.

— Porque ela nunca esteve com ninguém nesses cinco anos. E não foi por causa da Luz, sempre demos suporte a ela, cuidando da menina, quando ela precisava. Laura apenas não quis ter alguém em sua vida. Creio que você seja o motivo.

— Será que existe a mínima possibilidade dela ainda me amar, mesmo depois de tudo? — Ele dá de ombros.

— Se eu obtive perdão, talvez você também possa obter. Mas você precisará provar para ela que está disposto a tudo para ficar com ela. Você está disposto a lutar pela sua família?

— É o que eu mais quero no mundo. Minhas filhas merecem a família que Laura e eu podemos dar a elas.

— Então estarei aqui para te apoiar. Vou passar uns dias na casa dos meus pais e manteremos contato — Erick estende a mão e eu a aperto.

— Obrigado, Erick, realmente não esperava por isso — Ele apenas sorri.

— Não vou me desculpar pelo soco, você mereceu por engravidar minha garotinha — Levo a mão ao local que ainda está dolorido.

— Acho que faria o mesmo por Luz e Anaya — Ele sorri.

— Tenho certeza que sim. Vou indo, ainda tenho que passar na minha filha. Ela nos convidou para jantar.

— Só me responde uma coisa — Ele para de caminhar até a porta e me olha —, você realmente teria deixado ela abortar? — Ele nega.

— Falei no momento de desespero, sentia que tudo estava ruindo. O irmão dela havia indo embora e eu sentia que a estava perdendo também. Não pensei no bebê, pensei apenas nela. No dia seguinte eu já estava arrependido — Ele confessa, parecendo bastante triste.

— Até breve, Erick.

— Até, Inácio.

— O que o senhor tem, papai? Está com essa cara esquisita tem um tempão — Ela diz, deixando o lápis de cor que usava para pintar em cima da mesa.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora