Capítulo Trinta e Seis

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Inácio

Estava concentrado em prender o cabelo da Anaya, quando a mesma sorri para mim pelo reflexo do espelho.

— Eu gosto muito da mamãe da Luz — Encaro seus olhinhos brilhantes pelo espelho.

— É? — Ela assente.

— Eu disse a ela que queria ter um cabelo igual o dela, lisinho, mas ela me disse que meu cabelo é lindo assim — Sorrio para ela.

— Eu vivo te dizendo isso. Seu cabelo é incrível — Termino o penteado que já havia me habituado a fazer e ela sorri satisfeita com o resultado.

— Se você se casasse com a Tia Laura, ela seria minha mamãe e a Luz minha irmã? — Anaya me fita com expectativa e não sei o que responder para ela.

— Está querendo me casar? — Brinco, tentando amenizar o clima.

— Sim, o senhor está velho e encalhado. Se fosse você, convidava ela para jantar, antes que ela aceite o convite do Príncipe Doutor.

— Quem? — Ela me olha.

— O Doutor bonzinho que deu pirulito para a gente. Ele convidou a Tia Laura para jantar. Eu queria jantar com ele, porque ele é muito bonito, parece um Príncipe — Ela confessa sorrindo.

Um ciúme que eu não tinha o direito de ter, corre por minhas veias. Então o médico estava convidando ela para sair. Será que ela está interessada?

Preciso conversar com ela o mais rápido possível.

***

Anaya foi com Laura para a casa dos avós dela e isso me deu um tempo para pensar em tudo que iriamos conversar. Voltei a trabalhar no jardim que estava uma bagunça. Eu gostava de mexer com terra e só descobri isso na Nigéria, onde ajudava com as plantações.

Me enterrei tanto no trabalho, que quando a campainha tocou me dei conta de que horas já haviam se passado. Liberei sua entrada e vi seu olhar percorrer todo meu corpo, que estava sujo e suado. Droga, eu estava péssimo!

— Acabei perdendo a noção do tempo. Será que dá tempo de eu tomar um banho rápido? — Digo, um pouco envergonhado pelo meu estado.

— Sem problemas — Ela diz, um tanto apática.

— Sente-se, fique à vontade, eu já volto.

Subo as escadas apressado e tiro a roupa ainda no corredor que leva aos quartos.

Ligo o chuveiro e deixo a água fria cair sobre mim. Esfrego o sabonete por todo o corpo, para tirar aquela terra, que parecia entranhada em meus poros. Lavo o cabelo e puxo a toalha, deixando ela enrolada na cintura.

Saio do box, deixando gotas de água pelo chão e vou até meu guarda roupa. Pego uma calça de moletom e visto. Passo desodorante, perfume e escovo os dentes. Por último coloco uma regata preta e passo os dedos entre os fios, para deixá-los mais organizados.

— Você poderia ter feito a barba — Digo a mim mesmo, enquanto me olho no espelho.

Desço as escadas e Laura está sentada no sofá. Sorri para o telefone.

— Qual o motivo do sorriso? — Pergunto, assustando ela.

— Meu irmão finalmente vai se casar — Ela diz, me surpreendendo.

— Qual deles? — Me vejo perguntando.

— Não foi para falar da minha família que vim até aqui, Inácio — Laura, toma uma postura mais séria.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora