Capítulo Vinte e Seis

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Laura

Almocei correndo e voltei para o trabalho. Eu só tinha mais dois doguinhos marcados para a parte da tarde e estaria livre.

— Boa tarde, Laura — O insistente do Lucas me chamou.

Fingi uma simpatia que não tinha por ele e sorri.

— Como vai? — Pergunto sem a menor vontade de saber.

— O de sempre, ganhando muito dinheiro. Acabei de vender duas mil cabeças de boi — Sério que ele acha que isso chama a atenção de uma mulher? Uma interesseira, talvez.

— Fico feliz por seu negócio estar prosperando — Sorrio.

— Obrigado, que tal saímos para comemorar? — Ele não perdia a chance de me convidar para sair.

— Agradeço o convite, mas estou muito ocupada — Dessa vez não sorrio.

— Serão só alguns drinks, Laura, não seja malvada. Prometo que não vou me aproveitar de você — Ele pisca e meu estômago se revira de nojo.

— Realmente eu não posso — Vejo a minha última cliente marcada para hoje entrando e agradeço mentalmente.

— Boa tarde, Laura, trouxe a jujuba para você dar um trato nela — Pego a cadelinha no colo e olho para Lucas.

— Tenho que dar atenção a essa pequenina aqui — Ele assente.

— Tudo bem, mas um dia você ainda vai aceitar meu convite — Diz sorrindo e tenho vontade de vomitar.

Nem faço questão de responder.

— Ele não se cansa? — Lívia, dona da Jujuba me olha rindo.

— Parece que não — Suspiro.

Cuido da jujuba com todo amor e carinho e entrego ela a Lívia novamente.

— Como você é sortuda, um homem daqueles não se muda para minha rua.

— Como assim? — Pergunto confusa.

— Você não sabe? As mulheres da cidade não falam de outra coisa. Parece que se mudou na semana passada e alugou o antigo casarão do Moacir que fica do lado da sua casa. Eu vi o cara no mercado e ele é um pedaço de mal caminho.

O casarão estava vazio a anos e nunca ninguém se interessou em alugar, e isso era bom pra mim, pelo quesito privacidade, já que a minha casa e o casarão eram as últimas casas da rua.

— Juro que não sabia, na verdade tenho ficado aqui praticamente o dia inteiro, assim fica difícil saber de alguma coisa — Sorrio e ela assente.

— Depois que esbarrar com ele me dê seu veredito — Assinto.

— Pode deixar.

***

Quando passei na casa da minha vó para buscar a Luz, o pai da Anaya já tinha passado por lá para buscá-la.

Minha vó ficou meia hora enaltecendo a beleza e educação do cara e eu comecei a ficar curiosa sobre ele.

Naquele dia jantaríamos em casa, já que eu tinha saído um pouco mais cedo da loja.

Assim que entrei na minha rua, vi o mesmo carro que tinha visto saindo da minha vó, parado em frente ao casarão do senhor Moacir. Então o tal gostosão era o pai da Anaya? Imaginei um Negro alto e forte, de dentes claríssimos e olhos bonitos como os da filha.

Retirei Luz da cadeirinha e entramos. Enquanto ela assistia desenho, eu preparava o jantar.

— Amanhã eu posso ir brincar na casa da Anaya, mamãe? — Pergunta com seus olhos cheios de expectativa.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora