Capítulo Dezessete

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Inácio

Eu não esperava que ela fosse aparecer, mas ela veio. Laura entrou na sala, mas não fez questão de me olhar. Estava bastante abatida, mas não deixava de estar bonita.

Dei minha aula como de costume, mas ela apenas fez as anotações e depois a vi conversando com um de meus alunos, que era todo sorriso para ela.

Quando dispensei todos, ambos continuaram. Eu deveria sair, mas não consegui, me obriguei a ficar lá, avaliando suas expressões. Laura sorria para ele, enquanto tirava a foto da sua matéria.

Você poderia ter pedido a mim, Laura. Penso bobamente.

Quando ele sai, ela me nota e começa a andar para a porta. Consigo pará-la, mas nossa conversa é muito tensa. Ela não está mais receptiva e isso me deixa incomodado.

Eu sei que deveria estar feliz, mas não estava.

Eu não queria me envolver ou me relacionar com ninguém e consegui levar isso por muitos anos, mas foi só por os olhos sobre ela naquela biblioteca, que um sentimento que eu pensei não existir mais em mim, se manifestou.

Por muito tempo eu não me importei ou ansiei por um toque de carinho, porque minhas lembranças me bastavam, mas a cada dia, elas estavam se esvaindo.

Eu gostava de estar com ela. Laura era carinhosa, gentil e espirituosa, mas também era uma menina.

Puxei o ar com força e me preparei para a próxima aula.

*

Vi o exato momento em que ela foi para o estacionamento e liguei o botão do foda-se.

— Laura — A chamei, antes que ela entrasse no carro.

Ela virou e parecia cansada, muito cansada.

— Você está bem? — Ela assentiu.

— Você não me parece bem — Me aproximei e toquei sua testa.

Ela estava ardendo em febre.

— Eu tô bem — Disse com a voz baixa.

— Não, você não está. Vem comigo — Segurei sua mão e a levei para meu carro.

Laura se sentou no carona e eu no do motorista. Coloquei o cinto nela e a observei, ela estava de olhos fechados.

— Tem alguém na sua casa? — Ela nega, ainda com os olhos fechados.

— Então vou te levar para a minha — Graças a Deus, ela não contesta.

Ela dorme durante o percurso e a febre ainda não abaixou. Essa garota nem deveria ter ido a aula hoje.

A ajudei a sair do carro e fomos para o meu apartamento. Assim que abri a porta e ela entrou comigo, Samuel me olhou com uma expressão debochada, mas logo ele viu que ela não estava bem.

— O que aconteceu? — Perguntou, se levantando.

— Laura está com febre e não tem ninguém na casa dela, então ela vai dar um tempo aqui. Será que você pode fazer aquela sopa? — Ele assente e vai para a cozinha.

— Eu posso ir pra casa, Inácio — Resmunga, mas ignoro, levando ela para meu quarto.

Deixo sua bolsa no canto e levo ela para o banheiro. Um banho faria bem.

— Eu consigo tomar banho sozinha — Diz, fechando a porta na minha cara.

Me sento na cama e escuto o barulho do chuveiro. Separo um casaco meu e assim que ela sai enrolada na toalha, entrego a ela. Ela se despe na minha frente e coloca o casaco.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora