Querido Professor

Capítulo vinte - Bônus

Isabela

Posso sentir seus olhos em mim, no exato momento em que todos gritam: Surpresa!

Estou no fundo da sala com uma taça de vinho branco. Gabe fala alguma coisa que eu não escuto, porque meu foco está totalmente nele.

Passeio pela festa detestando estar ali em cada segundo, mas mantenho o sorriso perfeitamente ensaiado nos lábios.

Enquanto converso com Laura no escritório, tenho a péssima visão de Pedro na piscina com uma ruiva falsificada. Quase falo demais e deixo Laura cismada, se essa aí começar a cavar meu passado, não irá sobrar pedra sobre pedra.

Laura some dizendo que irá pegar sua mochila e eu esbarro com o casalzinho na saída da casa.

— Isabella — Pedro me cumprimenta a contragosto.

Coloco o mais falso dos sorrisos no rosto e encaro os dois.

— Pedro, feliz aniversário, querido — O envolvo em meus braços e sussurro em seu ouvido — Que desprazer te encontrar aqui fora.

— Obrigada, Prima, já vai? — Pergunta sorrindo como se eu não tivesse dito nada.

— Sim, tenho um encontro, sabe como é — Pisco para ele — Não vai me apresentar sua amiga? — A garota nos olhava como se fossemos atração de circo.

— Claro, essa é a Samila — Ele estende a mão e faço toda a questão de apertar.

— Fico tão feliz por meu primo encontrar alguém que entenda o problema dele — A menina me olha sem entender.

— Que problema? — Pergunta assustada.

— Você não contou a ela sobre sua doença venérea, Pedro? — Pergunto colocando a mão no peito, fingindo que estou chocada.

— Que doença? — Pergunta a menina assustada — Quer saber, nem precisa me contar, estou fora — A garota sai praticamente correndo pelo portão.

— Feliz? — Pergunta com um sorriso debochado.

— Muito e você? — Ele nega e seus olhos estão furiosos.

— Dessa vez eu não vou deixar barato, Isabella, terá volta — Ele agarra meus braços e me puxa para perto dele — Não se esqueça que eu conheço todas as suas fraquezas — Sua boca sobe pelo meu pescoço me fazendo suspirar — E que a gente aprendeu a jogar esse jogo juntos aos dezessete anos.

Ele me empurra devagar, me deixando completamente desorientada com a perda do contato.

— E você está se esquecendo que eu sempre fui melhor nesse jogo do que você? — Sorrio com escárnio.

— É? Mas não foi você que se apaixonou? — Meu sorriso morre.

— Um erro que não irei cometer nunca mais, pode apostar — Ajeito minha bolsa e saio rebolando, deixando ele a bela visão da minha bunda.

***

A conversa que Laura puxou no carro sobre seu irmão me deixou em pânico. Será que ela viu alguma coisa? Não, ninguém sabe disso. Só ele e eu. É o nosso segredo e irá morrer conosco.

Assim que cheguei em casa, mandei uma mensagem para Samuel, confirmando sua vinda para cá e ele disse que logo estaria aqui.

Laura está no banheiro quando a campainha toca. Abro, esperando ver Samuel, mas acabo dando de cara com Pedro.

— O que você está fazendo aqui? — Pergunto baixo.

— Vim atrás da noite que você me roubou — Ele diz e coloco a mão na boca dele.