Capítulo Quarenta e Seis

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Isabella

Quando saio do banheiro, não encontro mais Laura no quarto. Sorrio. Tomara que o que eu disse a ajude de alguma forma, porque eu não suporto mais ver minha amiga jogando a vida dela pela janela.

Me sento na cama e pego meu celular, entro na pasta secreta e digito a senha. Encaro várias fotos minhas com o Pedro, na adolescência, infância e algumas na vida adulta em reuniões familiares. Sempre pensei que seriamos o tipo de casal que faz montagem com fotos desde pirralhos, para dizer que o amor nasceu ainda na infância.

Não sei quando nasceu, ou porque nasceu, só sei que por mais que eu ignore tudo isso e viva minha vida, sendo feliz com o caminho que eu escolhi, não consigo deixar esse sentimento para trás.

Suas palavras ditas mais cedo, ainda me fazem sentir péssima. Sei que ele não tem uma boa imagem de mim, mas quando ele deixa isso muito obvio, me machuca. Me machuca demais.

Suspiro e bloqueio a tela do celular.

Dei um tempo para ele decidir e é isso que eu farei. Seguirei minha vida normalmente.

Bom, nem tão normalmente assim, já que eu tenho que mudar simplesmente tudo. Começando pelo lugar que eu vivo, aquilo não é um bom lugar para uma criança. Contar aos meus pais também está me tirando o sono. É ruim de todo o jeito.

Bocejando, coloco o celular na mesinha ao lado da cama e fecho os olhos. Só acordo com duas pimentinhas pulando na minha cama.

— Acorda, Madrinha — Liz passa meu cabelo na ponta do meu nariz, quase me fazendo espirrar.

— É, acorda Madrinha da Luz — Anaya repete me fazendo sorrir.

— Acordei, felizes? — Elas assentem risonhas.

— Cadê a sua mãe? — Pergunto, enquanto empurro a coberta para o lado e me levando.

— Tá lá na cama do papai, ela ficou com medo e pediu a ele para dormir lá.

— Com certeza a cobra dele fez ela dormir sem medo algum — Elas me olham espantadas.

— Nosso papai tem uma cobra, Anaya? — Luz pergunta e ela nega aparentemente com medo.

— Eu nunca vi, acho que não tem — Começo a rir sozinha.

— Porque as bonitas aí não vão trocar de roupa enquanto eu também faço isso? Temos que tomar café da manhã, porque eu vou embora logo depois do almoço — Elas correm gritando um "Tá bom"

Pego um short jeans na mochila e tento vestir.

Tento fechar, mas não fecha. Maldição!

— Não você bebê, estou me referindo a estar ficando gorda e nada estar querendo caber em mim, e eu jurando que era os x-bacons que eu andava comendo.

Pego um vestido que não precisa passar e visto. Prendo o cabelo em um rabo de cavalo e desço, encontrando as meninas na sala vendo desenho.

Ando até a cozinha e nem sinal da Laura. Coloco o café para passar na cafeteira e volto a sala e me sento no sofá ao lado das garotas.

— O que estão assistindo?

Elas começam a explicar sobre o desenho e tudo mais. São tantas informações que só quero sair daqui o mais rápido possível.

— Vou adiantar o café enquanto sua mãe não desce — Elas nem sequer me respondem. Estão hipnotizadas pelo desenho.

Quando entro na cozinha, dou de cara com a Laura.

Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora