Capitulo 4

1.3K 62 7
                                    

Começo a acreditar que fui uma pessoa muito má na minha outra vida para estar a levar com este excesso de consequências. Elaine. Foi a pessoa com quem eu colidi e que me agarrava os cabelos. Não podia ter tido mais sorte.Ouvem a minha ironia a gritar? O destino é mesmo um filho da puta! Com tanta gente na escola tive logo de ir contra a namorada do meu ex-namorado? É, parece que até o mundo está contra mim.

– Os cornos são assim tão pesados que não consegues levantar a cabeça para ver por onde andas? – Perguntou ainda com uma das suas mãos enrolada nos meus fios de cabelo.

– E eu a pensar que tinham exportado as vacas todas para a Índia. – Fiz uma expressão de espanto.

– Se fosse esse o caso, já lá estavas, queridinha.

– Continuas a mesma puta sem escrúpulos...– Disse com desdém, olhando-a da cabeça aos pés.

– Há quem não ache isso, sabes?

– Se não o acha, é igual a ti. – Sorri falsamente. – Encaixa na perfeição contigo.

– Em tempos não achavas isso, visto que a pessoa que me ama até ao fim do mundo é o teu ex-namorado. – Foi baixando o tom de voz, até sussurrar "ex-namorado" e no final fez um expressão de espanto, levando os seus dedos esticados à boca aberta. – E foi comigo que ele te encornou. Ups!

– Dá-me dois segundos. – Abri a minha mala e tirei uma caixa de pastilhas que tinha comprado no inicio da semana. Tirei uma e coloquei-a na boca mastigando com alguma avidez. – Deixa-me só acabar de mascar a pastilha. – Guardei a caixa de volta na mala e fiquei a encara-la enquanto mascava a pastilha.

– Para quê? – Olhou para mim confusa, sem entender o que eu estava a fazer.

– Para ficares com o resto também. – Dito isto, cuspi-lhe a pastilha para a cara que ficou colada em alguns fios de cabelos loiros. Ri quando ouvi o seu grito histérico.

– Filha da puta! – Berrou e senti a minha cara a virar por completo fazendo os meus cabelos voar. Foi isso mesmo? Ela tinha acabado de me bater? Sentia o lado esquerdo da minha cara a formigar com um leve ardor. Tirei os cabelos da minha cara e recompus-me a olhar mortalmente para ela.

Nunca pensei na hipótese de me vingar por tudo o que ela me fez, por me ter roubado o namorado. Nem a ela, nem a ele por ter feito a minha vida num inferno. Sempre passei por ser uma rapariga calma, fraca, serena, que tomava sempre as atitudes devidas e que nunca se metia confusões. Aprendi a engolir tudo aquilo que me diziam, sem nunca me defender ou criticar qualquer pessoa. Isso foi porque nunca me testaram. Mas é com muita honra que anuncio que Elaine acabou de o fazer.

– Tolero todos os nomes, mas filha da puta não... A minha mãe era tudo, menos isso. – Murmurei olhando-a com ódio. Ignorando os meus pulsos feridos e com toda a força que tinha, empurrei-a e ela caiu ao chão. Eu estava podre de raiva. Sentei-me em cima dela e comecei a dar-lhe socos. Podiam não ser socos perfeitos, pois nunca na vida eu tinha dado um saco a alguém, mas ela gemia de dor e era isso que me interessava, era isso que me dava prazer em continuar a minha vingança.

Desde o inicio de tudo, que queria fazer isto. Queria vingar-me de todos aqueles que me fizeram mal. E parece que está na hora de o fazer.

Os meus punhos não paravam, era de um lado e de outro. Sentia uma dor tremenda nos pulsos, a minha pulsação estava demasiado acelerada, mas não parava, nada me fazia parar agora. Enquanto com um punho lhe dava murros, a outra mão puxava os cabelos fazendo-a gritar ainda mais alto. A nossa sorte era que as salas mais próximas ficavam no outro corredor e ninguém nos ouvia. Ela tentava sair debaixo de mim e debater-se para que não levasse com os meus socos, agora bem mais fortalecidos, na cara, mas não servia de nada. Comecei a ouvir passos e parei. Concentrei-me no som de solas de borracha a andar naquele chão de azulejos, até que senti um forte murro na minha cara. Voltei as atenções para aquele pedaço de aborto que estava preso por a minha cintura, com mais raiva do que tinha. Enrolei uma madeixa do seu cabelo na minha mão, puxando-a com uma força considerável. Inclinei-me para a frente, para conseguir movimentar bem as pernas e dei-lhe uma joelhada na barriga, dando um pontapé entre o meio das suas pernas logo em seguida. Sei que ali não é dos pontos mais fracos da mulher, tal como o homem, mas dói!

UncoverOnde histórias criam vida. Descubra agora