Capitulo 28

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A Chuva já havia parado, mais ainda caiam alguns chuviscos que chocavam fortemente contra a minha face, obrigando-me a fechar os olhos por o embate da água contra a minha pele. Corríamos o máximo que podíamos, quer dizer, eu não dava o meu máximo. Tinha de acompanhar a Nicole que ainda sentia algumas dores nas ancas e nas pernas. Eles tinham acabado com ela. Quando nos aproximámos, parámos de correr e andámos sorrateiramente até à parte de trás de casa. Estávamos encostadas à parede de madeira velha, por baixo de uma janela que era demasiado alta, o que nos impedia de ver o que acontecia no seu interior. Tentei colocar-me em bicos de pé, mas não conseguia sequer chegar com a mão. Precisava de algo muito alto.

– Esta Janela vai dar a que parte da casa? – Perguntei num tom de voz baixo, quase inaudível. Não podíamos correr o risco de sermos apanhadas.

– Do que eu me lembro, acho que é a da sala. – Esticou o pescoço na esperança de conseguir ver. – É aí que eles devem estar. – Voltei a analisar a janela e procurei uma forma de puder ver o que se passava lá dentro.

Avistei dois tijolos encostados à parede da casa, um pouco mais à frente. Fui buscá-los e vagarosamente, com o cuidado para não os fazer chochar um contra o outro, encaixei-os no chão, mesmo por baixo da janela. Subi para cima deles, mas continuava sem conseguir ver. Puta que pariu, porque raio é que fizeram umas janelas tão altas? Precisava de algo ainda mais alto. Bufei, olhando novamente para a natureza à nossa volta, tentando encontrar mais alguma coisa que me desse altura. Vi Nicole, de pernas flectidas, a limpar os saltos. Subitamente, uma ideia veio-me à cabeça.

– Ainda tens muitas dores? – Perguntei como uma criança, saíndo de cima dos tijolos, aproximando-me dela. Ela olhou para mim e ergueu o corpo.

– Não, agora já não me dói tanto. Porquê?

– Então dá para eu subir às tuas cavalitas? – Perguntei receosa mordendo a ponta do meu lábio.

– Quê? – Olhou para mim de olhos arregalados. – Eu não tenho assim tanta força e com o teu peso certamente que as dores vão voltar, tirando o facto de que, eu estou de vestido e de saltos altos!

– É que... Eu queria ver o que se estava a passar, e não há nada aqui que me possa fazer mais alta, só tu... – Fiz um beicinho propositado.

– Mas é que...

– Não está aqui ninguém que vá ver o teu rabo se o teu vestido subir e para a situação que é, acho que devias pelo menos esforçar-te um pouquinho. Eu entendo que as tuas dores sejam horríveis, mas eu prometo que é por pouco tempo. – Tentei convencê-la. – Por favor. – Pedi.

– Eu não vou conseguir aguentar por muito tempo, por isso sê rápida. – Assenti mandando-lhe um sorriso e ela voltou a baixar-se. Encaixei-me cuidadosamente nas suas costas e ela agarrou as minhas pernas com alguma força. Enquanto se tentava levantar gemia de dores e dizia alguns palavrões baixinho que não consegui entender ao certo quais eram.

– Porra Nicole, porque é que és tão baixa? – Reclamei após ela ter ficado em pé e eu continuar sem conseguir ver nada. – Continuo sem conseguir ver nada. – Esticava o meu pescoço várias vezes, mas mesmo assim, não conseguia. – Sobe para cima dos tijolos. – Apontei, relembrando-me deles.

– Estou de saltos e aquilo está tudo molhado! – Revirei os olhos. Quem é que a mandou vir de saltos? – Vamos acabar por cair as duas!

– Com cuidado, não caímos. Agora sobre para cima dos tijolos, antes que eu te tire os saltos e os parta em pedacinhos. – Pedi já farta de a ouvir a reclamar sobre os saltos. Estava curiosa para saber o que se estava a passar!

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