Capitulo 43 - Último

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Estava chocado. Pasmado. Aterrorizado. Nunca pensei que ele pudesse ter a audácia de vir à prisão falar comigo. Depois de lhe perguntar o que é que ele estava ali a fazer, nem se dignou a responder. Riu-se na minha cara e pousou as mãos sobre a mesa com um leve sorriso brotado nos seus lábios gretados. Observava cada movimento seu escrupulosamente, enquanto engolia a saliva várias vezes seguidas e sentia o meu sangue começar a ferver por entre as artérias das minhas mãos. Poderia estar numa prisão, sobre vigilância e rodeado de guardas, mas ele era perigoso e conseguia sempre tudo aquilo que queria, fosse o que fosse, e onde fosse.

– O que é que estás aqui a fazer? – Repeti a pergunta. – O que é que queres?

– O mesmo que tu. – Murmurou roucamente colocando os seus olhos em mim.

– Não acredito que queiras o mesmo que eu.

– Acredita que queres, Bieber. – Sorriu medonhamente. – Mas eu vou lá chegar primeiro, porque afinal de contas, não tens como sair daqui.

– Do que é que tu estás a falar? – Franzi a testa sem entender do que ele falava.

– Perdeste a inteligência desde que começas-te a ver o sol aos quadradinhos? – Implicou. – Pensa bem. Pensa numa coisa que sempre quisemos os dois, que sempre lutámos para a ter. – Continuava de testa franzida.

– O que é que tu vais fazer seu canalha? – Debrucei-me bruscamente sobre a mesa, aproximando o meu rosto do seu.

– O que já devia ter feito há muito tempo, antes de confiado em ti. – Falou com desdém.

– Se eu sei que... – Interrompeu a minha ameaça, agarrando-me nos pulsos fortemente e pressionando-os contra a mesa. Havia ficado sem reacção possível por o seu inesperado movimento.

– Se tu sabes que quê? O que é que vais fazer? – Falava de dentes cerrados. – Matar-me? – Riu falsamente. Subitamente, parou de rir e apertou ainda mais os meus pulsos. A sua expressão era agora depravada e de superioridade. – Quando é que vais perceber que eu não tenho medo de ti, Bieber? Eu confiei em ti, mas tu estragas-te tudo. – Murmurou. – Ganhei um ódio por ti que nunca tivera antes por ninguém. Enganaste-me uma vez e garanto-te, que nunca mais me voltas a enganar. Foi a primeira e será a última vez.

– Estás a ameaçar-me? – Perguntei calmo num tom de gozo.

– Talvez. – Suspirou largando os meus pulsos. – Só vou descansar quando acabar contigo. – Disse curvado sobre a mesa e eu ri. Oh, como eu estava a adorar toda aquela situação.

– É com muita pena minha que te digo que vais ter muito trabalho por a frente para isso acontecer. – Cruzei os braços, erguendo uma sobrancelha.

– Eu não estive parado durante estes dias, Bieber. Consegui negócios que não te passam pela cabeça. Estou a entrar num mundo novo que é demasiado baluarte para ti. Tenho gente nova a trabalhar para mim. Gente melhor e muito mais forte do que aquilo que tu pensas. Quando tu menos esperares, vou liderar tudo o que é tráfico e vou ser o mais temido dos assassinos e tu aí, vais ver quem é que manda. – Disse com sobranceria, tentando meter-me medo. – Eu vou acabar contigo. – Sussurrou.

– Força! – Abriu os meus braços. – Podes começar. – Ri-me. Estava terminantemente a gozar com a cara dele.

– E vou começar. – Sorriu satisfatoriamente. – Hoje à noite começo a pôr os meus planos em prática e nem tu, nem ninguém, pode fazer alguma coisa para impedir que eles aconteçam.

– Boa-sorte com isso, mas pode ser que as coisas corram mal para o teu lado. – Pisquei o olho. Como eu adorava gozar com ele.

– O que é que pode correr mal? Tu és a minha única ameaça e estás preso! Não tenho mais nada a temer de ninguém.

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