Capitulo 33

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Olhava boquiaberta, sem pestanejar para a figura sorridente que estava à minha frente. Não podia crer! Como é que ele já estava em casa? O dia da chegada não era só amanhã? A minha respiração estava a cessar por ter finalmente parado de andar, mas devido ao momento tenso que se estava a desenvolver toda a aceleração em mim estava a voltar. Eu tinha de lhe contar tudo, o quanto antes, mas como é que o iria fazer? "Olha pai, sabes aquele meu namorado que tu nunca gostaste? O Justin, o marginal? Pois, sempre tiveste razão em não gostar dele porque foi ele que matou a mãe."Fiquei com curiosidade ao saber a sua recção após lhe dar a noticia assim, tão fria e direta.

Estava completamente à nora. Eu tinha um assunto bastante importante em mãos e já tinha feito um grande empreendimento relativamente a ele, na esperança de ter feito a escolha correta e que tudo se resolve-se da melhor maneira. Tudo feito por apuramentos somente meus. Não sabia como havia de o dizer, qual a melhor palavra para iniciar, quando o deveria mandar sentar... Eu nunca fui boa nestas coisas, nunca sei qual o passo certo para dar, mas desta vez não tinha opção, teria de o fazer à minha maneira. Na minha cabeça criavam-se mil e uma histórias relativamente à sua reacção perante o que estava prestes a dizer. Seja o que Deus quiser!

– Que cara é essa? – Perguntou encarando-me intensivamente. – Parece que não estás feliz por me ver.

– Estou, claro que estou, mas é que...Fui apanhada de surpresa. Não estava à espera de te ver.

– A tempestade vai agravar nos próximos dias, então resolve-mos voltar hoje. – Abri levemente a boca, assentindo, como se dissesse que havia compreendido o motivo da sua repentina volta. – Mas e então? Não mereço um abraço? – Abriu os braços e eu sorri, andando até ele e entrelaçando-me nos seus braços. – Estás totalmente encharcada e gelada, Bianca. – Deu dois passos atrás quebrando o abraço.

– Andei a manhã toda fora e apanhei uma valente chuvada.

– Não podias ter chamado um táxi ou ter andando de transportes públicos? – Perguntou num tom óbvio.

– Gastei as poucas moedas que tinha, já não tinha dinheiro suficiente para voltar para casa.

– E posso saber onde é que a menina andou a manhã inteira, que saiu sem avisar? – Sisi chegou-se à frente e olhou-me atentamente. Tremi. O assunto aproximava-se cada vez mais.

– Eu... Eu... – Respirei. Era agora. – Eu preciso de falar com vocês os dois.

– Mau! – Sisi reclamou sacudindo o pano no ombro.

– O que é que se passa, Bianca? – Perguntou o meu pai atemorizado. Já estava preocupado.

– Peço que me deixem falar até ao fim e que me oiçam com atenção. – Pedi calmamente. – Isto é um assunto sério.

– Diga de uma vez, menina! – Respirei fundo, assentindo para Sisi.

– Ontem à noite, aconteceram umas coisas que... – Passei as mãos pelo cabelo molhado enquanto tentava procurar as palavras certas.

– A menina saiu ontem à noite? – Bianca perguntou de olhos arregalados e o meu pai olhou para Sisi e depois para mim, sem entender nada.

– Ela saiu sem tu saberes? – Perguntou o meu pai a Sisi e ela ficou um pouco acanhada.

– Calma! – Pedi. – A Sisi saiu e eu fiquei no sofá a ver um filme, não estava com intenções de sair e tu sabes que eu não saio à noite, mas entretanto bateram à porta e...

– E o quê? – O meu pai perguntou em pânico. Oh bolas, isto não ia correr nada bem! – Era algum assaltante? Algum violador? Fala filha!

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