Capitulo 39

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Saí da prisão com um sorriso satisfatório na cara. Afinal, as coisas tinham corrido melhor do que aquilo que eu imaginava. Nunca pensei em ouvir o Justin a pedir-me desculpas. Sei que fui demasiado tolerante, sei que ele cometeu erros graves, mas qual é o ser humano que o faz? Não há mal em perdoar, desde que isso não se torne num ciclo vicioso do quotidiano de cada um.

Enquanto caminhava de volta a casa, parei e tirei o meu telemóvel do bolso para ver as horas. 19:36h. Tinha andado o dia inteiro na gálderice, no próprio dia da minha alta onde o médico explicitou bem que teria de continuar em repouso absoluto. Por mais que já estivesse na hora de voltar para casa, uma ideia trespassou-me a mente. Já que estava numa de investigação, poderia continuar a minha linha... Poderia ir à casa da Nicole. Tinha certa curiosidade em ver o quarto dela. O Justin garantiu com todas as letras que não havia sido ele a matá-la, mas claramente que ele não me iria dizer: "Sim Leonardo, eu matei-a". No entanto, ele parecia sincero no que dizia e isso deixou-me um pouco de pé atrás. Eu que não sou um experiente a mentir, consigo entender quando as pessoas o fazem. Elas ficam nervosas e trémulas, e por vezes, as frases saiem mal construídas, - tal como me acontece, mas com ele não. Era visível a sua confiança no seu olhar enquanto se defendia.

Eu precisava de ir ao quarto Nicole. Talvez houvesse lá algo que me desse a certeza ou a incerteza das suas palavras. Poderia haver algo que me pudesse ajudar. Mas quanto a isso, tinha poucas esperanças, pois a Policia revistara o local quando aconteceu, mas no entanto, eu queria lá ir à mesma. Nem que fosse somente para cheirar o ar.

Tive de andar um pouco mais do que o caminho até minha casa. Depois do que andara no dia de hoje, mais uns passos, menos uns passos, é me igual. Toquei à campainha e encarei os meus ténis à espera que a porta fosse aberta e a entrada me fosse concebida. O trinco foi destrancado e ela logo foi aberta, oferecendo-me a visão da mãe da Nicole com grandes olheiras e de roupa totalmente negra.

– Olá. – Sorriu de forma simpática.

– Olá. Lembra-se de mim? – Perguntei.

– Lembro-me da tua cara, acho que estiveste no funeral da minha filha, não foi? – Assenti. – Mas não me lembro do teu nome.

– Leonardo.

– Ah, sim, é isso. – Riu-se. – Eu sabia que começava por L, mas não quis arriscar. – Acompanhei-a no seu riso. – Mas então, ao que se deve a tua visita, Leonardo?

– Eu queria pedir-lhe um pequeno grande favor.

– Sim, diz.

– Eu...Eu gostaria de ir ao quarto da Nicole. – Mordi o lábio inferior com receio da sua resposta. – Posso?

– O que queres de lá? Depois de tudo, não deixei ninguém entrar no quarto e eu mesma não consigo lá entrar.

– Antes de mais, posso entrar? Vou explicar-lhe tudo.

– Claro, entra! – Desviou-se para que eu pudesse entrar. – Senta-te, fica à vontade. – Apontou para uma poltrona creme que estava à minha frente e sentei-me. Ela sentou-se ao meu lado.

– Bem... – Comecei. – Eu sei que não sou detective, nem nada que se pareça, mas eu ando à procura de provas. Não lhe posso adiantar muito, mas eu tenho quase 100% certezas que não foi o Justin que matou a Nicole.

– Que provas? Foram encontrados objetos desse rapaz no quarto da minha filha no dia em que ela morreu! Como podes dizer-me que não foi ele que a matou?

– Neste momento, eu só preciso da sua permissão. Por favor.

– Eu não sei, Leonardo. Desculpa, mas acho ridículo aquilo que estás a dizer.

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