Capitulo 36

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POV BIANCA

Acordei com uns "pis" incomodativos e abri os olhos, mas arrependera-me logo em seguida devido à luz que trespassava por a janela, por isso, retornei a fechá-los. Voltei a abri-los e pisquei-os freneticamente, tentando abri-los por fim, com calma. Tentei levar uma das mãos aos olhos, mas senti-a presa. Tentei levantar a outra, e consegui levá-la até aos meus olhos livremente. Depois de ter os olhos focados na luz, olhei à minha volta e vi que estava coberta por um lençol branco com repetitivos logotipos. Olhei para o meu braço preso e vi que ele tinha enormes compressas à volta do meu pulso onde sentia um leve ardor, com alguns fios coloridos entrelaçados entre si. A cama onde permanecia deitada era branca, a parede era branca, a luz era branca...Teria conseguido aquilo que queria? Estaria mesmo no céu? Olhei para a minha esquerda e deparei-me com uma parede branca e uma janela completamente inacessível. Virei a cabeça para a minha direita e encontrei máquinas com vários números que controlavam a pulsação. Apercebera-me que era dali que vinham os "pis" irritantes e incomodativos e que era ali que estavam ligados os fios que me prendiam o braço. Vi uma moção rápida na porta e logo direcionei o meu olhar para ela, mas encontrei-a a fechar-se. Ignorei a minha ilusão e continuei a observar aquele quarto translúcido demais.

Pensei que no céu teríamos umas boas-vindas mais formais e que se parecesse mesmo com o Paraíso.

Retornei o olhar para os meus braços. O direito estava carregado de arranhões salientes avermelhados, enquanto o esquerdo estava encoberto pela compressa. Deduzi que o seu estado deveria ser pior do que uns simples arranhões. Tentei mexer os dedos da mão esquerda, mas foi uma tentativa em vão. A dor era numerosa.

Ouvi a porta ser aberta e voltei a olhar naquela direcção. Havia entrado um homem vestido totalmente de branco e....

Leonardo? O que estaria ele a fazer no... Céu?

Vi o homem de branco a olhar atentamente para as máquinas, por cima dos seus óculos em forma de meia lua e logo em seguida a escreveu num bloco que tinha em mãos, entre várias folhas impressas.

Oh que burra Bianca, tu não morreste! Estás apenas no Hospital!

– Bianca? – Perguntou Leonardo aproximando-se de mim. – Como é que estás? – Falava com desespero na voz.

– Deveria estar morta e não aqui. – Murmurei, olhando à minha volta.

– Não digas parvoíces, podias ter morrido a sério!

– Era mesmo essa a minha intenção.

– Imagina só como é que eu iria ficar sem ti, como é que o teu pai iria ficar se te perde-se também. – Colocou a sua mão sobre a minha e acariciou-a, deixando-me carente. – Eu não te quero perder, Bianca. Eu não te posso perder. Por favor, não voltes a fazer esta loucura. A minha cabeça ficou completamente à toa quando o teu pai foi ao meu quarto e me contou que tu estavas aqui, que te tinhas auto-mutilado e que te encontrou desmaiada no chão da casa de banho. Fiquei sem saber o que pensar, com medo de nunca mais te ver.

– Eu já não aguento perder mais ninguém, Leonardo. – Levei os meus olhos marejados na direcção dos seus e apertei os seus dedos que estavam entre os meus.

– E não vais perder, eu estou aqui contigo. – Apertou a minha mão com as suas duas, de maneira protectora soltando um leve sorriso.

– Ele matou a Nicole. – Disse rouca, com o choro enredado na minha garganta. – Ele está a acabar com a minha vida.

– Eu já soube disso. Consegui ir ao funeral hoje de manhã, tive alta antes disso.

– Hoje de manhã? – Franzi a testa. – Mas que horas são? Quando tempo é que eu estive a aqui? – Tentei levantar-me, mas não consegui. Estava presa e a força dos meus braços parecia ter desaparecido.

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