Depois de ter passado o resto da manhã na casa do Leonardo a ver fotografias dele e de Madrid, cidade de onde ele era, trocámos os números de telemóvel e eu fui para minha casa almoçar. Tal como a Sisi me tinha avisado, o meu pai não iria almoçar, então seriamos só nós as duas. Almocei e voltei a sair, tinha aulas da parte da tarde. Mandei uma mensagem ao Leo, – foi assim que ele pediu para lhe chamar, foram os seus amigos espanhóis que inauguraram essa alcunha, e encontrei-me com ele a meio do caminho para a escola. Só teríamos duas aulas e durante o intervalo, eu mostrei-lhe todas as instalações da escola, sem temer o encontro do grupo ou da cabra mal comida da Elaine.
No final da tarde, no caminho de volta para casa, combinámos que iríamos para a festa por volta das 23:15h. Ele passaria por a minha casa, já que eu lhe dei as direções e o número da porta, e iriamos a pé. A "Party House", era assim que eu ouvia chamarem algumas vezes, ficava a duas ruas da minha casa. A rapariga que organizava as festas, estava quase sempre sozinha em casa, o que eu acho um pouco estranho. O pais teriam uma vida profissional assim tão activa para confiarem uma casa daquelas a uma filha que, pelo o que eu oiço, é extremamente louca? Bom, parece que sim.
Estava demasiado descontraída com a ida a esta festa. Claro que o nervosismo e o medo de os encontrar e de eles me humilharem no meio de centenas de pessoas, passeava por o meu corpo, mas depois de me ter posto à prova esta tarde, já não temia nada nem ninguém. Tal como o Leonardo disse: "Só tens de abrir os lhos e ter a noção de que está na hora de mostrares ao mundo quem realmente és".
E nada melhor do que começar com uma festa.
– Sisi, preciso que me ajudes! – Disse ao entrar na cozinha com três vestidos nos braços. Ela preparava o Jantar, já eram quase 20:00h.
– No quê? – Parou de fazer o que estava a fazer e virou-se para mim, limpando as mãos no curto avental que tinha atado à cintura.
– Hoje vou a uma festa e preciso que me ajudes a escolher o que vestir. – Coloquei os vestidos em cima da zona limpa do balcão.
– O mais curto e decotado, a cor não interessa. – Disse entendedora para mim e eu ri passando os olhos por os vestidos. – Este é bonito, mas menina Bianca, ninguém da sua idade vai sair à noite com um vestido abaixo dos joelhos... – Abriu os olhos e entortou a boca lançando-me o vestido verde para as mãos. – Amarelo não, vai parecer um ovo com duas pernas! – Ri enquanto recebia o curto vestido amarelo. – Este é bem bonitinho, bem curtinho e vai fazer cá um cuzinho! – Falava embevecida dando voltas ao vestido cor-de-rosa bem claro que mais parecia branco. Era curto e muito justo e o decote era bem mais rigoroso do que aquilo que eu costumo usar no meu dia-a-dia. – Este vestido... Com aquelas Jeffrey Campbell beges que a menina tem.... – Olhava séria para mim e falava com pausas para eu perceber tudo direitinho. – E com o seu casaco de ganga...Olhe, vai ficar que nem a filha do presidente! – Ri juntamente com ela. – E até lhe digo mais, a seguir ao jantar eu faço-lhe uma maquilhagem e estico-lhe o cabelinho todo, que hoje vai andar tudo com os pés colados por causa da baba dos meninos a olhar para si!
– Então eu vou um tomar um banho antes que o jantar fique pronto. – Peguei no vestido que ela tinha em mãos e virei-lhe as costas, pronta para sair da cozinha.
– Oh, menina Bianca! – Chamou-me e eu parei, girando os calcanhares e ela fez um gesto com o indicador para que eu me aproximasse mais dela, assim o fiz. – Vai com quem? – Coçava o nariz de forma engraçada à espera que eu falasse.
– Com um amigo. – Disse de ombros encolhidos, um tanto envergonhada.
– Que amigo?
– Ele é nova lá escola. Chama-se Leonardo, e como o convidaram para ir à festa e só me conhece a mim, eu vou com ele. – Relaxei os ombros descontraidamente depois de ter falado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uncover
FanfictionProvas de amor é um benefício que todos os apaixonados saboreiam em receber, é a prova de uma verdadeira sanidade mental. Mas nada vai mais além que uma prova consumada de fidúcia. Uma relação que não abranja confiança, sobreviverá de quê? Uma relaç...