Capitulo 7

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POV JUSTIN

Vagueava sozinho pelas ruas pardas da minha cidade. Olhava para os meus pés que se cruzavam entre si em cada passo, enquanto tinha as mãos dentro dos bolsos e tentava manter o equilíbrio no corpo. Tinha a cabeça quente e estonteada, mas tinha a certeza que não era apenas por ter o capuz da minha blusa na cabeça e por ter bebido excesso de álcool.

"As pessoas falam bêbedas, aquilo que pensaram sóbrias"

Tinha essa frase a martelar na minha cabeça com um ponto positivo. Relembrando certas coisas que eu dissera esta noite, eu afirmava que isso era seguramente verdade. Por mais que eu a queira e que a ame, eu não podia ficar com ela. Não podia voltar atrás no tempo e voltar para ela, para tê-la nos meus braços. Foram os melhores tempos da minha vida, literalmente, em todos os aspetos. Por mais que me julguem, só eu sei aquilo que sofri e que continuo a sofrer. Cada dia é uma luta para mim. Ter de ignorá-la e de humilha-la. Meu Deus, só tu sabes o quanto o meu coração se parte quando sou obrigado a fazer toda aquela indecência à Bianca.

Posso chegar perto dela e desculpar-me de tudo. Era isso que eu queria fazer, mas não podia. Podia chegar perto dela e dizer que queria ficar com ela. Era isso que eu queria fazer, mas não podia. Podia chegar perto dela e gritar para o mundo que a amo. Era isso que eu queria fazer, mas não podia. Podia chegar perto dela e pedi-la em namoro, mais uma vez. Era isso que eu queria fazer, mas não podia. O pior pesadelo assombrava-me todos os dias nos meus sonhos e isso fazia relembrar-me as regras que eu tinha perante aquela que eu mais amo. Não podia falar sozinho com ela, não podia estar perto dela, a não ser para a humilhar com eles. Eu tinha de mudar quando estava com eles, tinha de mostrar o meu pior, o meu lado colossal para eles verem que eu tenho as mesmas capacidades. Nunca pensei ser corajoso o suficiente para fazer tudo o que tenho feito ao longo destes últimos anos, mas a verdade é que o fiz, e estou muito arrependido! Tenho a certeza que o amor e a paixão exigem tudo, menos humilhação. Exigem cumplicidade e respeito e certamente, é coisa que eu não tenho por ela.

E para piorar ainda mais a minha vida, agora apareceu aquele estúpido espanhol! Sei pouco sobre ele, mas o pouco que sei é o suficiente para eu poder odiá-lo. Se bem conheço a Bianca, ela não lhe vai dar muita conversação e vai dar passos para trás em relação a ele. Em certa parte, há algo que me preocupa. Venho observando todos os movimentos dela ultimamente e pude ter a percepção de que ela mudará. Em tempos atrás era impensável vê-la a espancar na Elaine e agora? Agora fico estupefacto ao relembrar-me da cena que vi desprevenidamente. A Bianca a dar uma coça bem grande aquela que é a minha diversão fixa. Com essa mudança repentina nela, podem ter mudado inúmeros aspetos nela e é isso que me preocupa. E se ela vira amiga próxima do Espanhol? Amiga colorida? Namorada?! Isso é bem possível de acontecer, uma vez que ele parece ser um tipo atinado, respeitoso e cortês. O tipo de rapaz ideal para a Bianca. É amargurante pensar que, enquanto eu estou apenas a imaginar o quão seria feliz com ela ao meu lado, outros podem estar tornar isso real neste momento.

Entre tantos pensamentos e ideias, dei por mim já deitado e aconchegado na minha cama. Já tinha chegado a casa e estava debaixo dos meus finos lençóis apenas de boxers. O cheiro a álcool e a uma junção de tabaco e droga, era a única coisa inebriante no meu cómodo privativo. Como já estava familiarizado a esse cheiro, limitei-me a fechar os olhos e a tentar sonhar como seria ter a vida perfeita.

[...]

Quê?! Durmo dois segundos e acordam-me? Isto é normal? É legal? Se é, não o devia ser. Virei a cara para o outro lado e puxei a almofada para cima da mesma na tentativa de afaga-la para não ouvir a campainha atordoante. Missão falhada. O toque continuava freneticamente impedindo de me deixar cair novamente no sono profundo que eu estava a ter. Forcei a almofada sobre a minha cara e dei um gemido irritado. Levantei-me da cama e saí porta fora, abrindo-a com brutalidade.

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