Capítulo 3.

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Rita não conseguiu se concentrar nas aulas aquela manhã. Nunca achou o curso de engenharia tão chato como se mostrara. O pai era dono de uma construtora e ela a queridinha para assumir a presidência dando seguimento ao patrimônio lucrativo, passado consecutivamente de geração. O negócio era o orgulho de Joseph. Quando para sua " sorte", os irmãos preferiram optar pela mesma profissão da mãe e se formarem em direito empresarial. Não podia de forma alguma decepcioná -lo, caso contrário certamente teria um infarto. Como sucessora, isso significava que quando terminasse a faculdade, teria que dizer adeus as noitadas e infelizmente; a dança, qual lhe dava motivação para encarar a vida regrada que tinha que levar por causa da rigidez do pai. Mover seu corpo na pista era o que lhe trazia alegria.

Já havia se passado duas semanas desde que conhecera Brooke e não conseguira apagar o sorriso travesso da latina de sua mente. Mas achava melhor elas não se encontrarem mais, pois não ia se responsabilizar pelo que poderia fazer num próximo encontro. Ela mexia consigo de uma forma inexplicável e deliciosa. Pensou que Lana, tinha que desculpá-la, uma vez que a atração era mais forte que ela pudesse controlar, embora se sentisse extremamente culpada por ter se interessado por Brooke namorando.

Sorriu de si mesma, por estar imaginando tantas bobagens. Sua colega de classe lhe lançou um olhar fulminador de doidivanas, já que o professor não havia dito nada de hilário. Deu de ombros não se importando.

Quase pulou de felicidade ao término dos maçantes cálculos e teorias projetivas.

Colocou seus fones no último volume com a música " Mad " do Ney-o tocando e caminhou cantarolando até o estacionamento, onde para sua surpresa Lana estava encostada na sua B.M.W branca.

Tinham alguns dias que elas não se viam.

- Oi. O que faz aqui?

- Não posso visitar minha namorada?

- Oh, claro amor - falou num tom desanimado, qual não conseguiu encobrir.

Lana se aproximou dela, tomando seu queixo para um beijo, mas Rita desviou o rosto olhando cismada para os lados:

- Aqui não.

- Desculpe-me. Sempre me esqueço que não é assumida.

Rita estreitou os olhos aborrecida e entrou no carro, depois de destravar com o controle.

Lana a seguiu, se sentando ao lado dela no banco do passageiro. E assim que fez isso a puxou pela cintura, lhe beijando com ferocidade.

No início, Rita correspondeu, passando alguns instantes a empurrou de si.

- O que foi? - Lana questionou intrigada.

- Não é nada. Só estou com a cachola cheia. A relação com meu pai está ficando insustentável - juntando a isso também incluía Brooke, contudo, isso não poderia dizer de jeito algum.

- Passou da hora de contar a verdade pra sua família.

Rita não contestou. Pelo menos nisso Lana tinha razão. As vezes sentia uma imensa vontade de mandar o pai se foder com suas regras descabidas, quais julgava que tudo no mundo era perversivo e obra do diabo. Ele argumentava que tinha a missão de protegê-los das artimanhas maléficas dos demônios mascarados na sociedade com seus hábitos mundanos. Como contar a alguém com essa percepção que era lésbica? E que não queria ser engenheira, e sim dançarina profissional? Era uma situação bastante complexa. Talvez por isso ainda se mantinha virgem. Se reprimia na intimidade, pois ele sempre lhe dizia que não aceitaria que um de seus filhos perdessem a pureza antes do casamento, em nome dos bons costumes. Foi assim desde que eram crianças, e os mesmos sermões ecoavam na sua cabeça, quase enlouquecendo-a, deixando-a confusa.

Almas Dançando ( LESBIAN)Onde histórias criam vida. Descubra agora