Capítulo 13.

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Uma faísca de coragem brotou de um lugar até então inacessível de Rita. No entanto, revelar a verdade apenas numa única dose, poderia acarretar problemas ainda maiores do que continuar omitindo. Ela não sabia como o pai reagiria. Não, ela sabia sim. Só que procurava evitar aquele momento enquanto conseguisse.

- Eu disse amigas da igreja?- contradisse tentando não gaguejar tamanho o nervosismo. Não sabia como sair daquela situação.

- Sim. Disse. Justifique-se.

- Ah, mas eu me enganei papai. Fiz o estudo na casa da Becke. Ela está meio deprimida esses dias. Fiquei lá até agorinha lhe fazendo companhia. Sabe como é... A mãe dela não para em casa.

- Pretende mesmo me convencer com esta historinha ridícula?

Rita estremeceu. O pai estava muito mais sério que o normal.

- Mas, papai... Eu jamais tentaria algo assim.

- Então me explique por que está usando Cuba Orange?

Os olhos de Rita esbugalharam-se. Deveria ter sido cuidadosa. O perfume de Brooke estava impregnado em sua pele. Inventou:

- Ah, mudei de marca!

- Basta! - gritou irado socando o ar. - Você passou a noite com um homem?

Ela se assustou dando um passo para trás.

- Responde menina! - insistiu vendo que ela mantinha-se estática.

- Pai. É que... Ah, depois da casa da Becke fui me encontrar com o Matheus - improvisou.

- Com, com o Matheus? - repetiu desfazendo o semblante pesado. O contexto mudava completamente de figura caso o filho de seu amigo estivesse envolvido, ao ponto de ficar cego para as mentiras deslavadas da filha. Rita o manipulava e ele não fazia ideia disso.

- Sim. Eu fiquei muito envergonhada por ter saído ontem daquele jeito tão deselegante. Então decidi ir procurá-lo para me desculpar e fizemos um pequeno passeio. Almoçamos juntos e fomos ao museu.

- Oh. Então perdoe-me minha filha por desconfiar-me de ti! - abriu um sorriso desajeitado. A expressão do homem modificou, ficou sereno e um suspiro de alívio escapou de seu peito angustiado. - Eu cheguei a pensar que... - riu nervoso - Ah, esqueça! É besteira!

- Diga papai. Somos dois adultos. Não deve existir segredos entre nós - reforçou firme, querendo adivinhá-lo.

- Brooke usa o mesmo perfume. Pensei que tivesse se encontrado com ela.

Rita levou um golpe invisível no estômago. O pai conseguia ser extremamente detalhista. Aquela era a oportunidade excelente de lhe desferir o remédio amargo da sinceridade. Mas seria exaustivo reiniciar o jogo e impossivelmente venceria. Ela soltou uma gargalhada forçada:

- Imagina papai! Por que te enganaria tão astutamente? O que é pior para o senhor no caso; - semicerrou os olhos com o intuito de testá-lo - eu ainda me encontrar com ela ou tivesse estado com um homem, que não fosse Matheus?

- Você ainda se encontrar com a Brooke. Sabia que ela é lésbica?

A garota se surpreendeu mais uma vez. Então ela poderia se deitar com qualquer homem do mundo desde que não fosse Brooke ou outra mulher. O assunto estava se estendendo e não era bom pra ela, pois poderia perder os argumentos.

- Sim. Sabia - esforçava-se para ser o mais natural possível.

- Ela tentou algo com você, minha filha? - se aproximou dando uns dois passos na direção de Rita.

Almas Dançando ( LESBIAN)Onde histórias criam vida. Descubra agora