Capítulo 29.

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- Mate-me! Mate-me! Ham? Latina! - Akira implorou com o intuito de desafiá-la, pois sabia que ela não teria coragem, uma vez que, o matando ela também não saíria viva dali para contar a história.

O japonês rastejava no piso, ultrapassando os vestígios da luta sangrenta, gemendo de dor. Mas havia um temor passando de relance em seu âmago ao fixar Brooke segurando a arma branca compenetrada, o avaliando como se fosse um ser inútil e desprezível e, necessitasse ser abatido imediatamente.

Até mesmo Francis, sentiu um calafrio correr em sua espinha ao presenciar o fulminante rancor expresso nos castanhos brilhantes da irmã. Era a primeira vez que a vira naquele estado, e desejou intimamente que fosse a última.

Para espanto, e alívio de ambos, ela soltou a faca e, o objeto cortante ecoou num tilintar ao alcançar o chão.

- Não serei eu que te julgarei, Akira. Se tiver que morrer como o verme que és, não vai ser pelas minhas mãos. Espero sinceramente, que viva o suficiente para pagar pelos seus erros, pois eu creio numa justiça que não pode ser burlada, então aproveite bastante tempo com sua própria consciência.

O oriental, que estava com os olhos esbugalhados engoliu seco naquele momento. Mais cedo, ou mais tarde ele viria a ser chamado a prestar contas com sua consciência e isso o assustou, porque um dia ela despertaria, e a indiferença e a frieza não poderiam ser mais ignoradas. Olhou para a faca e sentiu vontade de apanhá-la e dar um golpe em Brooke se aproveitando de sua distração, porém se conteve, as consequências seriam piores do que mantê-la viva.

Ela passou a mão pelo nariz fugando o sangue, que insistia em escorrer, escarrou e caminhou levemente para saída, seguida pelo irmão.

Os capangas de Akira a fixaram surpresos, pois não esperavam que ela conseguisse sair vitoriosa daquela sala. Eles se entreolharam admirados e orgulhosos ao mesmo tempo. Akira era um homem esnobe e prepotente, e mereceu a lição. Com certeza o chefe deveria estar com sua masculinidade quebrada e por vergonha exigiria que nunca contassem para ninguém o que havia acontecido ali.

Quando chegaram no carro, Francis pousou a mão no ombro da latina, como se quisesse confortá-la com aquele singelo ato.

- Eu pensei... - gaguejou por fim.

- Que eu iria matar ele? - Brooke o fixou se encostando no capô do Maybach.

- Sim - Francis consentiu.

- Era o que eu devia ter feito, Fran. Se o Sony não sobreviver, nunca vou me perdoar!

- Fica calma Broo. Ainda há uma chance. Vamos ligar para o papai.

- Não - Brooke negou firmemente uma vez que sabia que jamais voltariam a falar com o pai adotivo novamente, porém, Francis ainda não sabia disso. - Tom deixou vocês dois aos meus cuidados e eu falhei.

- Não pode nos proteger sempre mana!

- Eu devo. É o meu papel de irmã mais velha. Agora vamos, não quero perder mais tempo aqui. Preciso saber como o Sony está.

- Não pode ir para o hospital desse jeito. Vamos passar no meu apartamento, que fica mais perto daqui, e você toma um banho.

- Ok - Brooke concordou. Preferiu não discutir. A adrenalina ainda fluía em suas veias e ela não sentia nenhuma dor. Se fosse assim, ao invés de ajudar acabaria por sendo ajudada. Ela entrou rispidamente no automóvel prata e deu partida. Francis fez o mesmo.

Estacionaram em frente a triplex do dançarino e subiram para os dormitórios.

Brooke foi direta para a casa de banho. Retirou as roupas e pretrificou diante do espelho contabilizando os ferimentos, que eram muitos por sinal. Só conseguia pensar na segurança dos seus e não mediria esforços para proporcioná-los. No entanto, uma voz em seu íntimo lhe dizia que precisava ficar viva para isso, e que antes das deles, tinha que cuidar de si própria. Desviou de sua imagem e foi parar no boxe. Ligou a ducha na temperatura fria para acalmar os ânimos. Nesse instante, percebeu os hematomas espalhados pelo corpo. E uma onda de questionamentos passou por sua cabeça num torvelinho de emoções.

Almas Dançando ( LESBIAN)Onde histórias criam vida. Descubra agora