Capítulo 26.

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Rita avistou Sara assistindo atenciosamente a sua aula de balé infantil. Os olhos claros da loira fixavam-na imóveis de admiração.

A bailarina havia sido aprovada no teste e já completavam alguns dias que fora contratada e partilhava oficialmente seus conhecimentos com as crianças de no máximo sete anos.

Uma das meninas lhe presenteou com uma rosa no final da aula e corou orgulhosa. Se lembrou das palavras de seu pai advertindo-a cruelmente de que não poderia ter filhos e sentiu um golpe íntimo, que foi carinhosamente curado pelo sorriso da pequena. Ainda estava apagando de seu cerne as convicções machistas recheadas de falso moralismo cultivadas por anos de sua vida, e não seria fácil superá-las. Aos poucos, com muita dedicação, as venceria.

Logo o estúdio foi inundado pelos pais das alunas e recebeu inúmeros elogios.

- Parabéns Rita - Sara se achegou da moça assim que eles dispersaram.

- Obrigada Sara! Graças a você estou tendo essa oportunidade maravilhosa. Eu amo crianças e não tenho nem o que falar da dança e poder ensiná-la.

- Não tem o que agradecer. Aliás, tem uma forma de me gratificar. Por isso estou aqui.

- Ah é? Qual? - Rita exterminou o coque libertando seus fios cacheados.

- Que tal tomarmos um café? Eu conheço uma confeitaria excelente. Tem uma torta deliciosa! Sua companhia é uma recompensa e tanto.

- Por mim tudo bem. Estou mesmo precisando me distrair. Mas dispenso a torta, pois tenho que manter a minha forma.

Sara sorriu:

- Seu corpo é escultural, não há previsto nenhuma imperfeição.

- Porque me cuido. Não posso relaxar. Vou trocar a roupa e já volto.

Sara consentiu molhando os lábios, observando-a com desejo dentro da roupa colante. Logo a musa negra retornou do vestiário com uma roupa informal e elas dirigiram para o estabelecimento de doces.

Uma vez acomodadas e servidas, Sara questionou sarcástica:

- Então, você se cuida para a Brooke? Sabe que tem muitas mulheres lindas interessadas nela... Isto te intimida?

Rita fulminou a moça no mesmo instante que apreciava uma golada do cappuccino:

- Acha que não tenho meus atributos? Sempre fui vaidosa, antes mesmo de conhecer a Brooke. E talvez seja este o motivo dela ter se apaixonado por mim.

- Sem dúvidas. Tem inúmeros atrativos, e foram eles que chamaram minha atenção para você.

- Está mesmo dando em cima de mim, né? - Rita estreitou os olhos escuros.

- Eu prefiro deixar as coisas bem óbvias - Sara abre um sorrisinho maldoso.

- Eu sou fiel, Sara. Mas o que há de errado com a sociedade de hoje? Ninguém respeita o relacionamento dos outros? Meu Deus! - Rita suspirou indignada revirando os olhos.

Sara riu:

- A Brooke não é santa. Pra mim vocês tinham um namoro aberto - deu com os ombros. Sua intenção era de plantar a dúvida em Rita e uma vez insegura, a moça acabaria cedendo aos seus encantos. Acreditava que toda mulher traída tinha vontade de se vingar na mesma moeda.

- Não mesmo. Eu não admitiria uma coisa assim. E não é só a Brooke, pois todos temos nosso lado endiabrado.

- Tem razão. Me desculpe. Mas tem certeza que ela é fiel?

Rita se calou para refletir na interrogação. A b-girl estava agindo de uma forma reclusa fazia alguns dias. Saía sem dar satisfações e voltava sempre de madrugada quando já estava dormindo. Sentiu um tremor com medo de estar sendo realmente traída. Afinal, Brooke tinha um passado deveras negro.

Almas Dançando ( LESBIAN)Onde histórias criam vida. Descubra agora