I

35.6K 1.7K 754
                                    


— Audrey, minha filha, você irá se atrasar outra vez.

— Já estou de pé, mãe, pronta para passar mais um dia naquele inferno de lugar. Não é fantástico? — Respondeu irônica.

— Só precisa aguentar mais seis meses, filha. Depois disso você irá para a faculdade, irá poder ir para onde quiser ir, mas não acho que vale a pena trocar de colégio agora. — Respondeu enquanto colocava um prato com ovos mexidos e bacon em cima da mesa. Audrey sentou-se na frente do prato e começou a comer rapidamente. Odiava sua mãe te apressando diariamente para que não chegasse atrasada no colégio.

— Sua mãe tem razão, filha... — Disse enquanto beijava o topo da cabeça de Audrey e a servia um copo de suco de laranja. — Bom dia, querida.

— Vovô, eu pensei que o senhor me amasse. — Respondeu incrédula. — Estão conspirando contra mim? Vovô... — Disse apontando o dedo para o senhor grisalho que agora se encontrava sentado na frente dela. — Eu não esperava isso do senhor.

— Mas eu amo e muito. Porém, sua mãe tem razão. Além do mais, esse é o melhor colégio e é bem mais perto da nossa casa.

— Eu não me importo de dirigir um pouco mais, vovô.

— Audrey, não iremos voltar nesse assunto de novo, por favor. Você vai ficar no Colégio Whitmore e pronto. — Disse enquanto pendurava a bolsa no ombro e pegava as chaves do SUV em cima do balcão. — Agora dá um beijo na sua mãe que chegar atrasada nos compromissos já basta você.

Audrey riu para a sua mãe e a beijou no rosto. Pegou sua mochila que estava repousada em cima da bancada e aproximou-se do seu avô com um enorme sorriso no rosto.

— Tenho que ir, vovô. — Disse beijando o rosto do seu avô. — Vejo o senhor mais tarde.

— Tchau, minha linda. Tenha um ótimo dia.

— Você também, vovô.

E seguiu em direção a garagem, logo atrás da sua mãe.

Destrancou a porta do seu Fusca modelo 1939 verde azeitona e acomodou-se no banco do motorista repousando a sua mochila no banco ao lado. Encaixou a chave na ignição, deu a partida e deixou a propriedade dos Hepburn com o seu avô na porta da entrada da casa acenando para ela.

...

Ao passar pelo portal do estacionamento da escola, Audrey notou que havia somente uma vaga disponível e infelizmente, era ao lado do carro de luxo do garoto mais popular e igualmente babaca da escola: Phellipe Williams.

Phellipe estava encostado no porta-malas do seu carro, com uma garota que parecia ser a sua namorada e mais os amigos deles ao redor, conversando e zuando despretensiosamente. Ao notar o Fusca de Audrey se aproximando, todos pararam subitamente o que estavam fazendo, para acompanhá-la com o olhar. Um nó se formou na garganta de Audrey. Mas mesmo assim, criou forças dentro de si, forças essas que nem sabia que possuía e estacionou seu carro ao lado do de Phellipe.

Desligou o motor, pegou sua mochila e enquanto trancava a porta, ouviu Phellipe rosnar:

— Você deveria tirar esse lixo daqui.

— E você deveria deixar de ser tão bacaca, está ficando extremamente tedioso. — Disse enquanto colocava a alça da mochila no seu ombro direito.

Os amigos de Phellipe começaram a vaiá-lo e questioná-lo se ele iria deixar barato, mas quando ele ia se aproximar de Audrey, apareceu o diretor do colégio, senhor Rolland.

— Acho bom vocês começarem a ir entrando, agora! — Ordenou no seu tom sempre firme. Phellipe, a garota que o acompanhava e seus amigos começaram a se mover.

— Isso não vai ficar assim, Audrey. Não mesmo. — Disse apontando o seu dedo indicador pra garota. A garota acompanhava tudo com um sorriso debochado estampado no rosto enquanto entrelaçava seus dedos nos de Phellipe. Audrey só conseguia questionar o que fazia uma garota se submeter à isso.

— Idiotas. — Disse para ninguém em particular.

— Tudo bem, senhorita Hepburn? — Questionou o diretor ao notá-la pensativa.

— Está tudo bem, senhor Rolland. Eu agradeço. — Disse enquanto caminhava apressadamente para entrar no colégio.

...

— Posso entrar? — Questionou Audrey após bater três vezes na porta de sua sala.

— Novamente atrasada, senhorita Hepburn? — Audrey apenas assentiu. — Entre, por favor. Espero que não ocorra uma próxima vez senão, não terei opção a não ser mandá-la conversar com o diretor. Quando atrasos tornam-se corriqueiros, medidas devem ser tomadas. Não toleramos isso aqui.

— Compreendo e me desculpe, senhorita Aida. — Disse seguindo para a sua cadeira. Ao entrar na fila onde se sentava, notou que a garota que viu com Phellipe segundos antes, havia ocupado a carteira ao lado da sua. Tentou apenas ignorá-la, mas o sorriso cínico nos lábios da garota era extremamente irritante. Sentou-se no seu lugar e tirou seu material da mochila.

— Bom pessoal, como vocês devem ter percebido, temos uma aluna nova. — Disse a professora apontando para a garota que estava sentada ao lado de Audrey. Esta, por sua vez, apenas olhava para os demais alunos sorrindo simpaticamente. — Seu nome é Cecília Brook. Ela veio de Sin City e estudava no colégio de mesmo nome lá. Quero que vocês deem um "Bem-vinda Cecília".

Todos na sala responderam em uníssono, exceto Audrey.

...

A manhã tinha passado dolorosamente lenta para ela e para ajudar, as aulas da senhora Aida ocuparia tanto as primeiras, como as últimas aulas do dia, mas para Audrey, estava impossível prestar atenção na aula.

Após dar o horário do intervalo, Audrey apenas se levantou para ir para a biblioteca como fazia comumente, mas ao virar no corredor, encontrou Phellipe, Cecília e sua trupe. Ao vê-los, Audrey pensou em voltar para trás, para sua sala, mas já era tarde demais, Phellipe já vinha na sua direção. Ao se aproximar dela, ele a empurrou com toda força nos armários. Uma dor dilacerante atingiu o ombro direito de Audrey, obrigando-a a fazer uma careta de dor.

— Aí Audrey, pensou que iria ficar por aquilo mesmo? Ainda não acabou. — Ameaçou.

Todos os amigos de Phellipe riam alto pelo corredor, exceto Cecília que a olhava com uma expressão preocupada em seu rosto.

— Ei, você está bem? — Disse Blue, melhor amiga de Audrey enquanto a ajudava a desencostar do armário. Audrey ainda fazia careta de dor. — Caramba, Audrey, estão a cada dia pegando mais pesado com você. Te machucaram?

— Não, Blue. Obrigada. — Disse recuperando a postura. Os olhares no corredor a fuzilhavam. Outros riam baixo e disfarçadamente, outros apenas pareciam indignados.

— E se te machucarem um dia, Audrey? Você precisa ir até a direção e falar o que está acontecendo. — Blue transparecia desespero.

— Para quê? Para que peguem ainda mais pesado comigo? Você sabe, o pai do Phellipe é praticamente dono desse colégio. Ninguém faria nada com ele. Ele é intocável. No máximo, três dias de suspensão.

— Quer ficar comigo durante o intervalo? — Convidou Blue ainda preocupada.

— Não, eu vou até a biblioteca, vejo você depois.

— Tem certeza?

— Absoluta. Nenhum desses idiotas nunca entraram lá, pra nada. — Disse sorrindo pra amiga que apenas assentiu e seguiu para a biblioteca logo em seguida.


VOTE E COMENTE

Tais atitudes podem, inclusive, promover a continuidade da história além de me proporcionar o saber, é claro, que vocês estão apreciando a história. <3


Nós Duas (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora