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O Fusca verde azeitona já estava bem longe da praia e o choro de Cecília já havia cessado completamente quando Audrey decidiu quebrar o silêncio que havia se instalado entre ambas.

— Para onde você quer ir?

— Não sei. — Respondeu Cecília em um tom de voz preocupado. Ela definitivamente não havia pensado nisso desde que haviam deixado a praia. — Eu só não quero ir para a minha casa... Meu pai está lá e eu tinha dito que passaria a noite toda com o Phellipe... Ele levantaria questionamentos que por agora, eu só quero evitar. — Completou em um tom de voz melancólico. Audrey soltou uma das mãos do volante e apertou a mão esquerda de Cecília tentando confortá-la antes de dizer com um sorriso:

— Ei, tudo bem. Pode passar a noite na minha casa se quiser.

— Olha, eu não quero ser um incômodo para você.

— Você nunca irá ser um incômodo para mim, Cecília. — Respondeu olhando nos olhos de Cecília antes de desviar seu olhar novamente para a pista.

Um breve silêncio se fez presente novamente.

— Obrigada. — Agradeceu Cecília e recebeu um sorriso de Audrey em troca.

— Você está se sentindo melhor?

— Estou sim, graças à você, Audrey. — Audrey corou violentamente e sorriu totalmente sem graça. Ela acionou o freio de mão e desligou o motor após estacionar o carro dentro da propriedade onde morava. — O que foi? — Perguntou Cecília demonstrando curiosidade. Audrey balançou a cabeça negativamente e mordeu o lábio inferior antes de encarar Cecília nos olhos.

— Me desculpe se fui rude com você hoje mais cedo, Cecí. — Audrey abaixou a cabeça ainda um pouco envergonhada e triste. As mãos de Cecília voou em direção ao rosto de Audrey, segurando-o delicadamente e obrigando Audrey encará-la novamente.

— Está tudo bem, não se preocupe. — Respondeu Cecília com um sorriso no rosto.

...

— Audrey aproveitou que Cecília havia ido tomar um banho, separou um de seus pijamas para ela e aproveitou para ligar para Blue, já que havia esquecido completamente que estava com a amiga:

— Alô, Blue? — Perguntou quando alguém atendeu do outro lado da linha.

— Ei, onde você está? Fiquei preocupada.

— Já estou em casa. Não faz muito tempo que eu cheguei...

— Ainda bem que você foi embora antes... Deu a maior confusão lá na praia. Havia policiais por todos os lados.

— Mas o que houve? — Perguntou um pouco curiosa e preocupada ao mesmo tempo. — Vocês está com Matthew? Vocês estão bem? Onde vocês estão?

— Ei. Uma pergunta de cada vez, ok? — Blue fez uma breve pausa e prosseguiu: — Não sabemos ao certo o que aconteceu. Quando demos conta do desespero das pessoas, já era tarde demais. Matthew e eu fomos parados, fizeram-nos algumas perguntas e tivemos nossas identidades anotadas. Depois disseram para nós irmos direto para nossas casas... O tom do policial era de ameaça. Quando perguntamos o que tinha acontecido, ele respondeu apenas que tinha rolado uma confusão no meio da floresta e que uma garota tinha sido machucada... Eu e Matthew obedecemos e viemos para casa.

— Nossa, parece grave... — Audrey ouviu o chuveiro sendo desligado. — Preciso ir. Me avise se souber de mais alguma coisa, ok?

— Você está com alguém? — Perguntou Blue com um tom de curiosidade.

— Sim, com Cecília. Depois a gente se fala.

— Audrey! — Foi a última coisa que Blue conseguiu dizer antes de ter o telefone desligado na sua casa.

A porta do banheiro se abriu e Audrey apressou-se em pegar o pijama que tinha separado para Cecília em cima da cama.

— Ei, eu separei isto para você dormir. — Quando ela levantou a cabeça, deparou-se com a outra garota usando um de seus roupões. Neste momento, seu coração começou a bater tão forte que ela pensou por um momento que Cecília pudesse ouví-lo. Sua respiração tornou-se irregular e ela engoliu em seco. Ela havia ficado de queixo caído com a visão de Cecília na sua frente.

— Você está bem? — Perguntou Cecília após notar a expressão engraçada no rosto de Audrey. Ela parecia sob hipnose.

— Ah, si-sim... — Respondeu gaguejando. Audrey tentou conter o que estava sentindo e acrescentou enquanto estendia o pijama para Cecília: — Eu separei este pijama para você.

— Obrigada. — Agradeceu com um sorriso malicioso. Ela pegou o pijama da mão de Audrey e colocou-o novamente em cima da cama. Seus olhos encontraram os de Audrey e suas mãos pousaram no nó da frente que fechava o roupão para desfazê-lo.

Audrey desviou seu olhar para as mãos de Cecília e engoliu em seco com o que a garota estava prestes a fazer antes de voltar o seu olhar novamente para os olhos de Cecília.

O nó foi totalmente desfeito, deixando a parte da frente do corpo de Cecília exposta. Audrey não perdeu tempo e passou admirá-lo. Cecília aproximou-se, pegou as mãos de Audrey e as colocou na sua cintura nua. Um choque correu o corpo de ambas. Elas não sabiam a saudade que estava sentindo uma da outra até aquele exato momento.

Audrey, sem mais conseguir conter seus impulsos, inclinou-se e capturou os lábios de Cecília com os seus, que sem perder tempo, envolveu seus braços ao redor do pescoço de Audrey e um beijo cheio de desejo e saudade foi iniciado.

As mãos de Audrey trouxeram o corpo seminu de Cecília ainda para mais perto, colando o contra o seu. Ela interrompeu o beijo e desceu seus lábios para o pescoço da Cecília que soltou um leve suspiro com a sensação e puxou os cabelos da nuca de Audrey como reação.

Cecília quebrou o beijo, encostando sua testa na de Audrey e encarando-a nos olhos. Suas mãos voou para os botões da camisa de Audrey, começando a desabotoá-los. O ato fez Audrey sorrir maliciosamente em resposta.

— Por que é que você usa tantas camisas? — Perguntou Cecília rindo nervosamente para Audrey. — A última eu rasguei, mas eu juro que estou tentando me controlar para não rasgar essa também. — Audrey começou a rir descontroladamente e deixou suas mãos ir para os botões, para ajudar Cecília.

— Espera, irei ajudá-la, ok? — Respondeu ainda rindo. — Só tenha calma.

— Obrigada. — Respondeu ainda sorrindo. O sorriso de Audrey morreu e ela desviou seu olhar para a janela quebrando o momento de descontração entre elas totalmente. As mãos de Audrey pousaram sobre as da Cecília, impedindo-a de continuar desabotoando os botões de sua camisa. — Ei, o que houve? Está tudo bem?

— Você ouviu isso? — Audrey caminhou até a janela e começou a olhar para fora.

— Não ouvi nada, Audrey. Você está me assustando.

— Cecília! Eu sei que você está aí!

Audrey voltou seu olhar novamente para Cecília que estava com uma expressão apavorada em seu rosto e disse tentando conter as batidas desesperadas do seu coração:

— Phellipe.


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Nós Duas (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora