XIV

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No dia seguinte, no colégio, Cecília foi abordada por Shane enquanto caminhava em direção ao prédio para as primeiras aulas do dia. O garoto teve que chamá-la duas vezes para que ela pudesse notá-lo.

— E aí, Cecí? Está no mundo da Lua? — Disse enquanto colocava a mão no ombro dela.

— Ei, mil desculpas. — Sorriu genuinamente para ele. — Estou com a cabeça em outro lugar, desculpas mesmo.

— Pelo seu sorriso, sei exatamente onde sua cabeça está. — Disse com um sorriso malicioso. — Audrey, não é? — Cecília apenas assentiu ainda com o largo sorriso no rosto. — Eu nunca tinha a visto tão feliz em toda a minha vida... E como é que ela está? — Uma rápida imagem de Audrey com vários hematomas e gemendo de dor tomou contas do seu pensamento, fazendo o seu sorriso desaparecer.

— Toda roxa e com uma costela quebrada. — Suspirou. — Isso tirando os pontos que ela levou acima da sobrancelha esquerda. — Uma tristeza invadiu seu corpo. — Tirando isso, ela está bem... Ficará bem. — Acrescentou.

— Esse idiotas. — Rosnou enquanto balançava a cabeça negativamente. Shane parecia furioso. — Audrey nunca fez mal à ninguém, sempre no canto dela, sempre. — O punho dele se fechou com força. — Quer apostar quanto eles sairão impunes novamente? No máximo, o que receberão, é uma pequena suspensão, como sempre. Eu odeio esse lugar.

— Eu te entendo. — Disse tristemente. — Estou começando a odiar esse lugar também.

Em um cruzamento, ambos se despediram com a promessa de continuar a conversa no horário do intervalo e Cecília continuou a caminhada até o seu armário. Ao virar no corredor, deparou-se com Phellipe encostado em seu armário. Ele estava com um pequeno curativo no topo do nariz. Ao notá-la se aproximando, ele afastou-se do armário e disse com uma expressão feliz no rosto:

— Cecí, precisamos conversar. — Ele sorriu, mostrando dentes aparentemente intactos. Foi a primeira coisa que notou. Ela não conseguiu sorrir de volta. Cecília abriu o armário e começou a revirá-lo em busca do livro de matemática.

— Não tenho nada para conversar com você. — Ela falou secamente. Tais palavras fizeram o sorriso do garoto desaparecer.

— Acredito que tudo o que vivemos não pode ser jogado fora assim... Poxa, nossos pais são melhores amigos. — Choramingou.

— E daí?

— Sério, mesmo?

— Por que não? — Ele riu ironicamente.

— Tudo isso é por causa da Audrey, não é? — Questionou. Aparentemente, sincero.

— Não, Phellipe. Isso tudo é por você ser um babaca. É inacreditável que tenha perdido tanto tempo ao seu lado.

O garoto respirou fundo audivelmente e socou a porta do armário da Cecília com força. Por pouco não pegando o braço dela. Uma expressão de medo a invadiu e ela apenas virou-se para ir para a sala.

— Cecília? Cecília! — Gritou o garoto, mas ela o ignorou.

...

No horário do intervalo, Cecília saiu da sala apressadamente e sentou-se em uma mesa no refeitório. Tirou o celular da bolsa e começou a digitar a seguinte mensagem.

"Shane, me encontre no refeitório. Por favor, não demore."

Ela odiava admitir, mas estava com medo do que o garoto poderia fazer. Não havia mais o porquê duvidar da capacidade dele, depois do que ele fez com Audrey. Ele poderia fazer mal para qualquer um que te desafiasse, simplesmente. Cecília temia ser a próxima ou ainda pior, que Audrey sofresse novamente nas mãos dele.

Nós Duas (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora