XLIX

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Audrey foi arrastada para fora do colégio por Shane e Blue. Ela estava completamente paralisada, tudo o que sentia era uma dor terrível no peito e uma dificuldade de respirar assustadora. Cecília também havia ficado paralisada, mas no corredor do colégio. Ela não conseguia acreditar. O plano que Blue havia armado para tentar descobrir se era Cecília a causa das crises de sua amiga tinha funcionado, mas o resultado não era tão bom quanto esperavam.

Audrey encostou-se em um dos para-lamas traseiros do Fusca, completamente ofegante e terrivelmente assustada. Blue tentava falar com ela, mas não obtinha nenhuma resposta. Ela  pegou o celular e estava prestes a ligar para alguém, quando Audrey conseguiu dizer:

— Não. Por favor.

— Você está mal, Audrey. — A garota apenas balançou a cabeça negativamente em resposta e Blue enfiou novamente o celular do bolso da calça. A expressão em seu rosto denunciava o quanto ela estava preocupada. — O que devemos fazer?

— Esperar. Algumas pessoas conseguem controlar a crise. — Disse Shane meio reticente e recebeu um olhar incrédulo de Blue como resposta.

— Ela está piorando. — Audrey fazia caretas de dor. Ela mantinha a mão em seu peito, lutando bravamente para respirar. A tontura já estava tomando conta do seu corpo, ela não podia se deixar desmaiar.

Cecília que havia permanecido dentro do colégio, lembrou-se de algo que a sua mãe tinha dito nos dias anteriores quando ela estava disposta a aprender mais sobre crises de ansiedade. Ela estava em busca de conhecimento sobre o assunto, ela queria ajudar Audrey de alguma maneira. Então decidiu-se sair do colégio.

Quando já estava do lado de fora, ela conseguiu identificar o Fusca verde azeitona e consequentemente, viu Shane e Blue tentando socorrer Audrey de alguma forma. Ela caminhou apressadamente na direção dos amigos e quando estava muito próxima deles, Blue a impediu dizendo que talvez ela piorasse ainda mais as coisas. Ela apenas ignorou e enlaçou o corpo de Audrey com seus braços, puxando-a para um abraço. Blue tentou a impedir novamente, mas Shane a conteve.

— Não, isso pode dar certo.

— Sério? Como isso daria certo?

— Cecília me disse que estava conversando com Naomi esses dias todos em busca de uma solução para Audrey. É provável que ela tenha tido alguma ideia. — Essa nova informação fez Blue relaxar um pouco, mas ainda estava preocupada.

— Cecí? — Chamou com dificuldade. — Não sei se é uma boa ideia.

— Shiu. Não fala nada, tá? — Ela enlaçou o pescoço de Audrey e encostou sua testa na da garota que tentou afastar-se para olhar se havia alguém atrás de Cecília, que apenas segurou Audrey com mais força, impedindo-a de se soltar. — Ele não está aqui. — Disse com seus lábios colados na bochecha de Audrey. — Feche seus olhos. — Sussurrou e Audrey obedeceu, os fechando com força. — Preciso de você confie em mim.

— Ceci, eu... — Audrey estava tão debilitada pela crise que ela mal conseguia falar.

— Confia em mim. — Pediu novamente e Audrey assentiu. Cecília pressionou seus lábios contra os de Audrey com força. A outra garota, por sua vez, arregalou os olhos surpresa com a atitude, mas quando estava prestes a empurrar Cecília para conseguir respirar, ela notou que já não estava mais se sentindo da forma que sentia antes e então fechou os olhos novamente, dessa vez com menos força, para apreciar os lábios da Cecília contra o seu.

O motorista responsável por Audrey se aproximou para ajudar, mas a Blue só fez sinal para que ele parasse. Ele a olhou visivelmente descontente. Enfiou a mão dentro do terno e tirou uma caixa de remédios. O ato foi o suficiente para Blue entender que era o calmante da Audrey. Ele se aproximou e entregou a caixa na mão da Blue.

Nós Duas (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora