XVII

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Ao entrarem na casa, a mãe de Cecília gritou da cozinha:

— Cecí, é você?

— Sou eu sim mãe.

— O almoço ficará pronto dentro de alguns minutos. — Avisou a mãe da Cecília enquanto entrava na sala limpando as mãos no guardanapo. Ela ficou surpresa ao ver que Cecília com uma garota até então desconhecida. — Eu não sabia que você estava acompanhada... — Disse em um tom neutro.

— Eu sou a Audrey. — Disse se aproximando de Naomi com a mão estendida para cumprimenta-la. — Desculpa ter vindo sem avisar.

— Ah, Audrey. — Repetiu o nome da garota. Ela apertou a mão de Audrey só que dessa vez, ela portava um sorriso genuíno no rosto que foi retribuído prontamente pela garota. — Cecília falou muito de você.

— Mãe! — Repreendeu Cecília.

— E ela também tem um olho meio roxo.

— Ah... Isso aqui... B-bem... — Audrey também tentou responder, mas sem sucesso.

— Tudo bem, eu entendo como é difícil explicar esse tipo de coisa.

— Eu sei que a senhora entende. — Naomi não sabia, nem Cecília, mas Audrey havia percebido os hematomas nos braços da mãe de Cecília. Após a fala de Audrey, um silêncio caiu feito paraquedas entre elas. A mulher mais velha a analisou com as sobrancelhas semicerradas até Cecília quebrar totalmente o silêncio.

— Vamos subir para o meu quarto, mãe.

— Tudo bem, meninas. Eu aviso quando o almoço ficar pronto.

Audrey subiu as escadas bem atrás de Cecília, mas ainda pôde perceber a mulher ainda a olhava, até ela desaparecer no andar de cima.

...

— O que foi aquilo, Audrey?

— O quê? — Debateu. Audrey estava andando pelo quarto e observando ao redor. Queria conhecer um pouco mais sobre a garota que ela tinha desenvolvido fortes sentimentos. Entrar no quarto de alguém é uma coisa muito íntima. Pelo menos é o que Audrey achava.

— Por que acha que minha mãe entende os seus hematomas? — Audrey respirou fundo e respondeu olhando nos olhos da Cecília:

— Eu vi os hematomas nos braços dela, Cecí. — Em uma tentativa de não mostrar que essas palavras havia a afetado, Cecília virou-se de costas. Audrey aproximou-se dela, colocou suas mãos em seus braços e começou a fazer carinho com os polegares. Cecília ainda permanecia de costas para ela. — Cecí, eu sei que há algo acontecendo aqui. Eu sei porque é como se você tivesse perdido a sua luz. — Audrey a virou delicadamente de frente para si e enxugou uma lágrima que estava escorrendo no rosto dela. — Eu quero que saiba que independentemente do que estiver acontecendo, eu vou estar do seu lado. Eu quero ver você bem. E saber que você está bem, me deixa bem também.

— Obrigada. — Cecília abraçou Audrey apertado demais e como o esperado, ela gemeu baixinho de dor. A garota a soltou rapidamente. — Droga, eu sempre me esqueço.

— Olha, eu estou bem melhor, só que ainda não dá para apertar muito, entende?

— Que tal assim? — Disse após abraçar Audrey novamente, mas dessa vez um pouco mais suavemente.

— Bem melhor. — Respondeu com um sorriso.

...

A conversa entre elas duraram alguns longos minutos. Cecília havia revelado tudo o que estava acontecendo dentro da sua casa, que era também o real motivo de ter voltado com o Phellipe.

Nós Duas (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora