XXXVII

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Cecília saiu arrastando Audrey para longe da multidão frenética. Tudo o que ela almejava era um lugar calmo e silencioso para que pudesse ficar a sós com Audrey. O primeiro lugar que pensou foi a biblioteca, mas ela achou meio arriscado ficar ao alcance de Phellipe, principalmente após tudo o que tinha acabado de acontecer. Ela então decidiu sair do colégio. Ambas as garotas se deslocaram até o estacionamento, especificamente onde estava estacionado o Fusca verde azeitona. Cecília parecia preocupada e a todo momento olhava em direção à saída do colégio.

— Para onde quer ir, Cecí? — Perguntou Audrey em um tom calmo. Era nítido o comportamento apressado e preocupado de Cecília.

— Vamos apenas sair daqui, tudo bem? — Audrey apenas assentiu, entrou em seu carro e abriu a porta do passageiro para que Cecília também pudesse entrar. Não demorou muito até que o Fusca verde abandonasse o estacionamento do colégio.

...

O silêncio entre elas era esmagador. Nenhuma das garotas havia proferido uma palavra sequer, desde que saíram do colégio. Cecília parecia preocupada e sempre dava um jeito de olhar através do vidro traseiro do carro.

— Ele não está nos seguindo. — Respondeu Audrey um pouco reticente. A tentativa era de acalmar a garota ao seu lado. — Tenho olhado pelos retrovisores desde que saímos do estacionamento. — Cecília respirou fundo, como se estivesse relaxando.

— Tenho medo.

— Eu entendo e também tenho... Para onde acha que deveríamos ir? — Perguntou Audrey, ainda dirigindo sem nenhum rumo. Cecília deu de ombros. Ela não fazia a menor ideia.

— Tudo o que eu queria era sair daquele lugar... Tudo o que eu queria era ficar à sós com você. — Desabafou. Audrey sorriu envergonhada. Cecília também sorriu.

— Meu avô tem um Iate ancorado no cais. Eu sempre levo uma chave dele comigo. Acho que por hora, estaríamos seguras lá. — Sugeriu Audrey, tirando os olhos da estrada para olhar rapidamente para Cecília que assentiu em resposta.

Audrey apenas acelerou um pouco mais, agora ambas já sabiam para onde ir.

...

Após ser vaiado pelos alunos do Whitmore que presenciaram a sua tentativa estúpida e falha de tentar rebaixar Audrey na frente do colégio através de preconceitos e acusações infundadas, Phellipe havia ficado cego de raiva e foi se esconder no vestiário masculino. O garoto abaixou-se na pia após abrir a torneira e banhou seu rosto com água fria.

— Eu estou enlouquecendo, só pode. — Disse para si mesmo enquanto encarava seu semblante no espelho.

Não demorou muito para que seus amigos Diego e Scott aparecessem no vestiário para perguntar como ele estava.

— Mano, que merda foi essa? — Perguntou Scott um pouco confuso. Phellipe apenas o olhou com um ódio mortal no rosto.

— A verdade é que você está sendo enterrado e você sabe disso. — Disse Diego um pouco reticente. Até os melhores amigos de Phellipe tinham medo de desagradá-lo. — Os últimos acontecimentos cara, você tá meio caído. Sua perseguição bosta com a Audrey, sem fortes motivos e agora seu pai preso...

— Cala a boca, Diego! — Gritou Philippe apontando o dedo no rosto do garoto, fazendo-o andar para trás com medo. Diego balançou a cabeça negativamente.

— Tu nunca soube lidar com a verdade né, parceiro? Beleza. — Ele ainda balançava a cabeça negativamente, incrédulo. Então acrescentou: — Mas na real, mano. Isso não é para mim. — Logo após, Diego saiu do vestiário. Phellipe olhou para Scott esperançoso, mas o garoto logo se pronunciou após dar de ombros sentindo-se um pouco culpado.

Nós Duas (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora