XV

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Quando Cecília entrou na sua casa, foi surpreendida pela sua mãe sentada no sofá da sala. Naomi estava com os cotovelos apoiados em seu joelho enquanto segurava a cabeça com as duas mãos. Aquela imagem fez o coração da garota quase parar. A primeira coisa que passou pela sua cabeça, foi a ideia de que seu pai havia feito algo com ela, pois segundos antes, havia visto o carro dele estacionamento em frente a garagem.

— Mãe? — Questionou com um tom de preocupação visível em sua voz. Naomi levantou a cabeça e olhou para a filha surpresa. — Está tudo bem? — Perguntou quando sua mãe veio em sua direção e a abraçou. 

— Me perdoe, filha. — Disse entre soluços após afastar-se para olhar no rosto de sua filha. Somente aí notou que a mulher mais velha estava com um olho roxo. Antes que pudesse questionar o que havia acontecido, Adam, pai de Cecília apareceu na sala, surpreendendo-a completamente. Pegou-a pelo braço, levou-a até a sala e jogou-a no sofá violentamente. O homem estava bufando de raiva.

— Você acha que vai terminar com o Phellipe e que vai ficar por isso mesmo?

— Eu não gosto dele. — Protestou. O homem respirou fundo e desferiu um tapa no rosto de Cecília. A mãe dela avançou no homem, mas foi empurrada com tamanha violência, que caiu na mesa de centro.

Cecília abaixou ao lado de sua mãe com lágrimas no rosto. Ver sangue escorrendo do braço da mulher a fez encher-se de coragem. Ela olhou furiosamente para seu pai.

— Saia da nossa casa ou irei chamar a polícia para você. Irei colocá-lo atrás das grades. — O homem riu de forma debochada.

— Acha que será tão fácil assim? Acha que você e sua mãe vão conseguir sobreviver sem mim? Eu estou cansado dessa sua ingratidão, Cecília. Tudo o que temos hoje é graças ao prefeito Williams. Você deveria ser mais grata, garota. Portanto, você irá reatar o namoro com o Phellipe, quer você ou não.

— Não, eu não vou. — Disse levantando-se ainda munida de coragem. O olhar do homem mudou de deboche para raiva novamente. Ele a pegou pelo pescoço e encostou-a na parede.

O ar nos pulmões da garota havia ficado escasso. Ela se debatia violentamente na tentativa de se livrar dos punhos de seu próprio pai, mas sem sucesso. Quando sua visão começou a escurecer, dando sinais de um possível desmaio, percebeu que o homem havia a soltado. Ao tentar entender o que estava acontecendo, notou que sua mãe havia quebrado um vaso da cabeça do homem que cambaleou para o lado. Ele sacou uma arma e apontou para a cabeça da mãe de Cecília.

— Tudo bem, tudo bem. — Implorou Cecília chorando desesperadamente. — Eu volto com o Phellipe, faço o que o senhor achar necessário, mas por favor, não faça mais nada com a minha mãe. Eu imploro.

— Boa garota, Cecília. — Disse convencidamente com um sorriso no rosto. O sangue da garota ferveu. Adam olhou no relógio e após, lançou um olhar sem sentimentos para ambas as mulheres e ordenou:

— Preciso ir para uma reunião importantíssima com alguns clientes. Quando eu chegar, não quero ver essa bagunça no meio da minha sala. — Ambas ficaram em silêncio e o homem seguiu caminhando despreocupadamente em direção à porta de saída da casa.

...

Havia passado alguns dias desde o último dia que Cecília havia aparecido na casa de Audrey. Ela tentou ligar para a garota, mandou mensagens, mas não obteve resposta alguma. A preocupação e paranoias estava consumindo-a intensamente desde então.

Audrey desceu as escadas ainda tomando um pouco de cuidado por ainda sentir dor do lado direito do corpo. Caminhou até a cozinha onde sua mãe preparava o café da manhã e sentou-se na mesa com o celular na mão. Seu avô já tomava seu café preto enquanto lia o jornal atenciosamente.

Nós Duas (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora