VII

12.9K 996 167
                                    


Cecília entrou em sua casa e foi direto para o seu quarto, ignorando completamente os protestos e questionamentos da sua mãe, trancou a porta e encostou-se nela. Sua cabeça parecia que iria explodir com o bombardeamento de pensamentos que passou a assolá-la após o beijo que Audrey havia lhe dado. Seu coração pulsava tão violentamente dentro do seu peito que pareceu por um breve momento, que ele ia saltar pela boca e cair no meio do chão do quarto, e quando se deu conta, o seu rosto estava banhado por lágrimas involuntárias.

Um sentimento enorme de culpa a invadiu por inteira. Nada disso parecia correto para ela. Onde estava com a cabeça de se apaixonar por outra garota e pior ainda, estando presa em um relacionamento, só porque seu pai acreditava que essa era a forma de agradecer o amigo pela oportunidade de emprego, obrigando sua filha a namorar com o filho dele.

Repentinamente, seu celular começou a vibrar, ela o retirou na bolsa e viu que era uma ligação da Audrey, mas ignorou totalmente, deixando cair na caixa e em seguida, recebeu uma mensagem da mesma, mas sequer abriu para ver o conteúdo.

— Cecília, tudo bem com você? — Questionou sua mãe após dar três batidas na porta.

— Estou sim, mãe. — Disse tentando disfarçar a voz de choro. — Um silêncio se fez por alguns segundos, e então sua mãe disse:

— O almoço está pronto.

— Já desço, mãe. — Respondeu e ouviu os passos da sua mãe afastando-se da porta.

...

Audrey permaneceu parada em frente a casa de Cecília por alguns instantes sem entender o que tinha acontecido. Ligou uma vez, mas ela não atendeu. Resolveu mandar uma mensagem, mas não obteve respostas e temendo que pudesse ter feito algo de extremamente errado, ligou o motor do carro e seguiu para sua casa.

Ao chegar, decidiu que não iria almoçar e então subiu direto para o seu quarto, apesar da insistência da sua mãe para que comesse algo. Ela havia perdido completamente o apetite. Jogou-se na cama verificando o celular, mas não tinha nada, nenhuma notificação de ligações perdidas ou novas mensagens.

Não havia explicação lógica a não ser a de que Cecília tinha se arrependido de ter retribuído o seu beijo, pois havia se certificado que a outra garota também queria. Ela deu um espaço, esperou resistência ou xingamentos, mas não aconteceu nada disso e então ela decidiu beijá-la. Pela forma que Cecília a empurrou, chegou a pensar por um minuto que havia passado dos limites.

O sentimento de arrependimento e tristeza se tornavam mais intensos à medida que ela parava para procurar uma explicação do que tinha realmente acontecido. Será que ela havia afastado Cecília para sempre? Será que Cecília iria contar para o Phellipe? Será que espalharia para as pessoas na escola de forma maldosa propositalmente? De repente, Cecília sequer pareceu ser a mesma garota doce e delicada que ao passar do tempo e a proximidade entre ambas lhe ofereceu.

...

Após se recompor, Cecília desceu as escadas e tentou transparecer normalidade durante o almoço com sua família, apesar da sua mãe ter a analisado durante todo o tempo. Seu pai fez algumas perguntas, tentou puxar um assunto ou outro, mas a única coisa que fez foi respondê-lo friamente. A relação com o pai já não era das melhores, mas depois dele deixar explícito que ela não iria terminar o relacionamento com Phellipe, a relação declinou de vez. Simplesmente o respondia por educação e com uma frieza inabalável.

Algumas horas depois, tomou um banho, se trocou e dirigiu até o Stakes para se encontrar com Shane e comprar algumas coisas para a festa que iria acontecer na casa dele, no dia seguinte.

Nós Duas (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora