Nós Duas (Romance Lésbico)

XXIX

— Quer ir para casa? — Perguntou Blue após ela e Audrey presenciarem Phellipe beijando Cecília em comemoração por ter feito a bola branca da sinuca acertar em cheio a bola vermelha, acertando um dos buracos do meio. Audrey virou a segunda caneca de chopp antes de responder:

— Fugir? Sério?

— É óbvio que você não está se sentindo bem com toda essa situação, Audrey.

— Ela está sendo obrigada à isso e é isso que me deixa furiosa.

— Sinceramente, eu discordo, Audrey...

— É porque você não conhece toda a situação à qual ela está submetida, Blue. — Respondeu impaciente.

— Por que não vamos até à praia? — Interrompeu Matthew após ver o clima entre as amigas tornar-se tenso. — Dessa vez, os alunos do Whitmore organizaram à festa na praia.

— É, eu sei. Toda vez um dia antes de entrarmos em férias, eles dão uma festa. É como um ritual tolo de despedida, mas não bem uma despedida, já que vão se reencontrar um mês depois. — Respondeu Blue um pouco desanimada.

— Eu não diria necessariamente uma despedida, e sim uma comemoração. O primeiro semestre já foi vencido, mas é o nosso último ano no colégio. Não deveríamos aproveitar? — Matthew rebateu com um sorriso no rosto que fez a Blue sorrir também e responder com um olhar apaixonado:

— Sim, você têm razão, meu amor.

Audrey revirou os olhos e ao voltar seu olhar para Cecília, notou que ela estava caminhando em direção ao banheiro. Ela levantou-se da mesa, ignorando totalmente os protestos de Blue e seguiu para onde a garota havia ido, tomando o máximo de cuidado para não ser notada por Phellipe e seus amigos.

Ao entrar no banheiro, Audrey deparou com Cecília curvada sobre a pia do banheiro, aparentemente tentando se recompor. Estava muito visível que aquela noite não estava sendo muito agradável para ela.

— Ei, tudo bem? — Aproximou de Cecília com o máximo de cuidado para não assustá-la, o que não resolveu muito. Cecília deu um pulo, virando-se de costas para Audrey e levou as mãos até o rosto para limpar as lágrimas que estavam escorrendo.

— Estou bem, não se preocupe. — Respondeu ainda de costas. Audrey aproximou-se dela, colocou suas mãos nos braços de Cecília e virou-a de frente para si.

— Sei que não está bem, Cecília. Odeio vê-la assim. Odeio vê-la nos braços dele. — Audrey fez uma pausa para respirar fundo antes de dizer: — Queria vê-la nos meus braços.

Cecília desvencilhou-se das mãos de Audrey, que não apresentou nenhuma oposição e disse:

— Como pode ser tão contraditória? Primeiro diz que quer distância e agora isso? Porque não colabora e fica longe também? — Cecília estava se esforçando profundamente para não chorar ainda mais. Audrey encarou-a nos olhos e aproximou-se dela novamente.

— Porque vê-la triste me faz sentir-se triste também. — Cecília foi encurralada contra a parede do banheiro.

— Não faz isso, Audrey. Por favor.

— Desculpe. — Respondeu enquanto dava um longo passo para trás. — Não era a minha intenção ser tão invasiva.

— Tudo bem. — Disse Cecília, forçando um sorriso.

— Preciso ir.

— Para onde? — Perguntou Cecília curiosa.

— Ah, Matthew chamou para ir na praia. Os alunos do Whitmore organizou uma festa lá.