XLII

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Do lado de fora do depósito, Adam estava apoiado na porta em silêncio. As palavras de Audrey haviam atingido o homem em cheio. Greg aproximou-se dele e após colocar levemente a sua mão no ombro de Adam, disse:

— Sabe que não pode deixá-la atingir você assim, não é? — Adam apenas assentiu em silêncio e Greg apertou o ombro do amigo. - Precisamos continuar. — Com o isentivo, Adam desencostou-se da porta, recuperando a postura.

— Precisamos manter a aparência. — Disse para Greg, Phellipe e Levi. — Greg vai ir vigiar a casa da Audrey, para qualquer novas informações. Phellipe vai voltar para a sua vida normalmente, junto com Levi. Como sou foragido, permanecerei aqui, vigiando a garota. — Ele dirigiu-se ao amigo dessa vez. — Fique atento ao celular. Farei uma pequena lista de mantimentos para a sobrevivência da garota. Agora vão. — Ordenou Adam e todos os envolvidos começaram a se mexer.

Adam ficou observando os rapazes até sumir de vista. Ele respirou fundo, com uma expressão de exaustão no rosto.

— Preciso relaxar. — Disse para si mesmo. Em seguida ele colocou o boné ao qual têm feito parte do seu look ultimamente, em uma tentativa de não deixar seu rosto muito à mostra, entrou em seu carro, ligou o motor e foi embora.

...

Cecília já havia rodado praticamente a cidade toda atrás de Audrey. Cada hora que passava no relógio fazia com que sua ansiedade piorasse progressivamente. Ela temeu não ter forças suficientes para manter o desespero longe, que estava preso lá no fundo do seu ser, contido apenas por uma vã esperança. Ela sabia que precisava deixar seu emocional de lado e trabalhar com a razão para encontrar Audrey.

As dificuldades eram imensas. Toda vez que ela pensava em Audrey, automaticamente temia pelo pior. Ela sabia que Phellipe estava envolvido e inclusive, chegou a desconfiar do seu próprio pai. Ela sabia que as contas de Adam haviam sido bloqueadas e inclusive, cartões de crédito. Audrey poderia prover o dinheiro que ele necessitaria para sair do país, mas e Phellipe? Phellipe seria capaz de sequestrar Audrey apenas para obter Cecília de volta? Seus pensamentos foram totalmente cortados pelo motorista que Audrey havia disponibilizado para a proteção dela e de sua mãe.

— Senhorita Brook. Deseja ir para mais algum lugar? — O motorista lançou um olhar rápido em Cecília através do espelho retrovisor.

— Sim, me leve para a casa do ex-prefeito, por favor. — Ordenou.

— Sim, senhorita.

Cecília tinha que tomar essa decisão. Ela precisava olhar nos olhos do Phellipe e perguntar se ele tinha alguma relação com o sumiço de Audrey.

...

Não demorou muito tempo até que Cecília chegasse a residência de Phellipe. Apesar da madrasta do garoto ter tentado convencê-la a esperá-lo dentro da casa, Cecília declinou o convite. Em parte porque o garoto era de fato perigoso e o que não faltava eram provas que corroboravam esse fato, e que pelos menos ali, do lado de fora, ao menos poderia contar com os seguranças disponibilizados por Audrey e sua família, caso Phellipe resolvesse fazer alguma coisa com ela.

— Senhorita Brook. Ele chegou. — Avisou o motorista. Cecília assentiu e olhou para o vidro traseiro do carro e viu o SUV prateado parar atrás do carro onde ela estava. O motorista e o parceiro que estavam trabalhando para Cecília desceram do carro e se posicionaram um na parte dianteira do carro e o outro, abriu a porta para que Cecília descesse. Ela sentia-se como uma pessoa muito importante e respeitada com o tratamento dado pelos seguranças, não à toa, Audrey havia pedido pessoalmente para que eles a tratassem assim. Cecília, obviamente, achava tudo aquilo um exagero.

A garota desceu do carro, agradecendo o segurança pela gentileza e este, por sua vez, se posicionou na parte traseira do veículo. Cecília imaginou que tudo aquilo fazia parte do treinamento dos dois homens.

Levi e Phellipe desceram do carro e começaram a caminhar em direção à residência. Ambos os garotos pareciam tão entretidos na conversa que levou alguns minutos até que o primo de Phellipe percebesse Cecília prostrada ali, esperando-os. A garota viu desespero e surpresa nos olhos de Levi. A mão de Levi apertou levemente o ombro de Phellipe e quando ele olhou para seu primo, o viu apontar com a cabeça em uma direção. Quando seus olhos encontraram Cecília, Phellipe também esboçou a mesma reação de seu primo. Foi apenas nesse momento que Cecília teve a sensação de que estava no caminho certo para descobrir o que havia acontecido com a garota que ela tanto amava.

Ambos os garotos se aproximaram de Cecília e mesmo que estivessem ao ar livre, os três se sentiam como se o silêncio os sufocava. O olhar frio e ininterrupto de Cecília estava fazendo a ansiedade de Phellipe vir à tona.

— Oi Cecí. Como vai você? — Perguntou Levi aparentando estar meio sem jeito.

— Gostaria de me sentir um pouco melhor do que me sinto agora. — Respondeu, mas sem deixar seus olhos abandonar o rosto de Phellipe, que engoliu em seco com a resposta da garota. Cecília não perguntou como Levi estava, isso simplesmente não a interessava. A única coisa que ela imaginou ao ver Phellipe e Levi juntos foi que era bem provável que ele estivesse participando, independentemente do que haviam planejado.

— Sei que não me perguntou, mas eu estou bem também. — Levi obteve silêncio como resposta e vendo que ele não era bem-vindo ali, deu de ombros e se retirou sem se despedir.

Ao certificar que Levi estava longe, Cecília quebrou o silêncio.

— Você sabe por que eu estou aqui. — Phellipe olhou para os dois homens que a acompanhava e depois olhou-a nos olhos.

— O que é isso, Cecília?

— Eu sei que você está envolvido no sumiço de Audrey. — Acusou. O desespero havia tomado conta e era possível vê-lo nitidamente no rosto de Phellipe.

— Nã-não sei do que você está falando. — Disse gaguejando.

— É nítido seu desespero, Phellipe. Não nota? — Cecília estava mantendo-se o mais forte que podia e ela mesma se impressionou com a forma com que estava lidando com o garoto. Ela não sentia mais medo dele, não havia mais o porque se submeter à ele. A ânsia de salvar Audrey havia munido de uma força que ela nunca tinha apreciado antes. — Sério, Phellipe, gostaria muito de saber o que você tem contra ela. Será que é por que ela é uma pessoa muito melhor que você? — O garoto respirou fundo tentando controlar sua raiva que já tinha sido denunciada pelo olhar que ele lançava em direção à Cecília.

Provocar Phellipe era o caminho certo, uma vez que durante o nervosismo, ele tendia apresentar atos falhos. Cecília carregava isso em mente, mas ela também sabia que se a provocação for desmedida, colocaria Audrey em risco.

— Me diga onde ela está, Phellipe. Por favor. Não tem necessidade de fazer o que está fazendo com ela. — Ver Cecília implorando pela soltura de Audrey só fez a raiva de Phellipe aumentar. Ele reconhecia que qualquer um dos seus atos impensados poderia colocar ele, Adam, Greg e Levi em risco. Ele balançou a cabeça negativamente, olhando para um ponto fixo no chão, sem saber que essa atitude havia o entregado de certa forma. — Tudo bem, então. — Disse Cecília calmamente. A garota começou a caminhar em direção ao carro. Um dos seguranças abriu a porta e ela entrou.

Após certificar que já estava longe da casa do ex-prefeito. Cecília disse:

— Já obtive o que preciso aqui. Por favor, me leve para a casa de Ella e Luke Hepburn o mais depressa possível.

...

Ver Cecília partir fez com que Phellipe explodisse de raiva. Ele avançou até o carro e chutou o pneu com toda força que podia. Em seguida, deu vários socos no capô do veículo. Levi que estava acompanhado a conversa através de uma janela, saiu correndo para acolher Phellipe, mas não deu tempo. O garoto entrou em seu carro e saiu queimando os pneus, deixando um Levi desesperado no gramado da residência.


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