Eu (não) sou um psicopata. Capitulo 4. Reformatório.

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A noite está um pouco mais escura que o normal, coberta por uma nevoa espessa.

- Aceita garoto? - me questiona o policial olhando para mim com uma cerveja na mão.

Neguei.

Fiquei em silencio. Aquilo tudo me deixava enjoada, apavorado. Voltei-me para a janela. A rua da delegacia de policia era ao sul da cidade, a New Garden street era uma rua um tanto quanto silenciosa, não tinha os sons de um jardim.

- Deixe suas malas no carro, amanhã você as pega! Agora me de suas mãos...- ele me colocou as algemas. Eu já me sentia um lixo.

Lá dentro era muito claro, um corredor longo de celas me separava da porta de saída, havia uma mesa e varias cadeiras logo na entrada e um vazio até o fundo. A primeira cela tinha um colchão velho, uma cadeira negra, um sanitário e uma pia, nas outras o mesmo. Lá dentro apenas um mendigo cochilava. Caminhei 4 celas e entrei na única cela com um diferencial, um presente. Havia um chuveiro e uma pequena televisão. Fui solto lá dentro. Por um minuto me senti um cão. Me deitei no colchão ao fundo, esqueci de tudo. Dormi.

Na manhã seguinte fui acordado pelo policial, fui algemado novamente e levado até o carro. Não me alimentei e mal consegui acordar. Andamos por umas 2 horas até chegarmos a um enorme portão prateado onde dizia: Reformatory Marie Clair. Minha visão era atrapalhada pelo sono mas não vi nada além de um bosque de ipês coloridos e uma longa estrada curvada, no seu fim eu vi o que estava me esperando. Um prédio marrom, na sua frente uma enorme cecoia velha e algumas mesas redondas e brancas que se espalhavam no jardim. Parecia existir pouca vida naquele lugar. Na porta um homem de terno preto e cabelos ruivos estava acompanhado de uma mulher vestida de branca, avental azul e cabelos levemente loiros até os ombros. Sai da viatura e junto com minhas malas fui até a porta. Os policias foram embora me deixando com as marcas das algemas nas mãos.

Olhei em direção as pessoas na porta e sorri levemente.

- Peterson, Richard Peterson... - O homem estendeu a mão, seu nome me fazia lembrar meu inimigo. Ele apertou-me forte a mão, senti meu rosto ficar avermelhado.

- Harry... Harry Leorneson...

- Bem.. essa é minha assistente e vice-diretora...

- Saluza Pop's... -interrompeu a mulher.

- Olá - respondi, seu olhar me passava uma energia ruim.

Entramos. Seguimos pelo saguão, era grande, todo rustico, na direita havia um refeitório e a esquerda algumas salas de aula. Frente a porta principal havia uma porta enorme: a direção. Na lateral duas escadas, uma de cada lado.

Senhor Peterson me levou até a escada da direita, lá em cima portas seguiam por um imenso corredor. Fomos até a ultima porta, era um quarto de duas beliches brancas, um guarda roupas e uma janela pequena no lado oposto, pouca luz. Era ali que eu iria morar.

- Ali - ele usou o dedo para apontar - na parede, o seu cronograma... Virei falar com você durante a noite, para acertarmos os documentos.... Se arruma, guarde suas roupas e vista seu uniforme... o banheiro é no fim do corredor se quiser se banhar...a sua cama é a de cima...

Suas explicações eram vagas e sem nada de detalhes. Olhei tudo atentamente, implorando para ficar sozinho logo, eu estava com vergonha.

- Tchau...

- Tchau... - finalmente.

Fechei a porta. Deitei na beliche depois de vestir o uniforme. A ficha caiu.

Eu tenho 13 anos. Matei um cara. Estou preso em um reformatório. Sozinho.

Eu (não) sou um psicopata. [VERSÃO REVISADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora